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Estado de Minas REGINA TEIXEIRA DA COSTA

'Zombies 2': metáfora da intolerância que domina o mundo contemporâneo

Filme da Disney mostra seres humanos agindo como donos do planeta, ponto de explorá-lo de maneira destrutiva, por dinheiro


24/01/2021 04:00

Filme Zombies 2 é metáfora da intolerância no mundo contemporâneo (foto: Disney/divulgação)
Filme Zombies 2 é metáfora da intolerância no mundo contemporâneo (foto: Disney/divulgação)
Outro dia, minha neta me perguntou uma coisa interessante sobre o filme Zombies 2, da Disney, para adolescentes. Não recomendo. É um musical talvez chato para pré-adolescentes, mas o tema é interessante.

Nesse filme, zombies e humanos conviviam na mesma escola disputando o espaço comum. Para conviver, os zombies, mortos-vivos que comem o cérebro humano, conseguem ser contidos por uma pulseira que retira a agressividade e controla o desejo de atacar os humanos.

As duas tribos tinham um inimigo comum, os lobisomens, agressivos, incontroláveis, e por isso excluídos e temidos. Os primeiros, humanos, julgavam-se superiores, com mais direitos que os outros, achando-se donos do mundo e da normalidade.

Os zombies lutavam por direitos iguais e pelo fim da discriminação, pois podiam conviver no mesmo espaço sem ameaçar a integridade dos demais, já que sabiam controlar seus fenômenos de transmutação, predação e violência. Disputavam entre si a liderança por meio de eleições, disputa muito acirrada. Cada turma defendia seus ideais, seu direito ao pertencimento social, reivindicando exercer seu papel e impor seu modus vivendi com tudo a que têm direito.

Minha neta, então, perguntou quem eu considerava o pior entre os três. Respondi que eram os humanos. Ela achou estranho, mas aproveitei a oportunidade para dialogar sobre o que estamos fazendo com nossa vida, nosso planeta, e como somos errantes, errados, os piores entre os seres vivos. Nos achamos donos do planeta a ponto de explorá-lo de maneira destrutiva, por dinheiro.

Também disse que podemos tanto fazer coisas maravilhosas quanto terríveis e cruéis. E, colocando na balança bons e maus atos, o que vem pesando mais é a destruição que põe a Terra em risco.

Embora existam muitos defensores da vida saudável e do respeito à natureza e à vida, os ambiciosos que querem manter suas riquezas não defendem o mesmo, são mais vorazes e poderosos por deter o poder econômico e não abrir mão disso nem pela vida do planeta e nem pelos demais.

Mostrei a ela os números do Portal da Transparência e os investimentos enviados pelo governo federal ao Amazonas para a montagem da estrutura de tratamento da pandemia. Comentei o quanto estão sofrendo hoje porque não gerenciaram bem os recursos recebidos, com direito à politicagem. Talvez o destino de parte desse dinheiro fosse bolsos indevidos, como é comum no Brasil.

Apontei também nossos muitos acertos. Por exemplo, a união do mundo na luta contra a COVID-19 e o tempo recorde em que conseguimos a vacina, enquanto para outras pestes da humanidade a vacina tenha demorado milênios para ser obtida.

E assim é no filme: no final, as três turmas se juntam para salvar e preservar uma pedra de grande importância para o mundo, justamente onde vivem os lobisomens, que tinham o mesmo interesse. Sendo assim, contra o inimigo externo comum, somos capazes de superar nossas diferenças narcísicas a fim de um bem maior. Final feliz é bom, mas na realidade a coisa é complicada.

Conviver é difícil. Isso ninguém nega, ainda mais quando as divergências parecem ser tão bizarras quanto nesse filme, que elevou as diferenças a um nível surreal.

Bastante metafórico, Zombies 2 reflete as mesmas dificuldades que temos em nossa sociedade quando falamos de diferenças e do quanto perdemos por nos deter em pequenas vaidades, grandes ambições e individualismos que nos impedem de alcançar um ideal comum: salvar o homem de si mesmo, salvar a vida das espécies e, enfim, salvar o nosso planeta.

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