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Por que este mal-estar quando penso que tudo voltará ao normal?

Queremos nos livrar do coronavírus o quanto antes. Mas queremos também nos livrar do peso de rotinas estressantes


04/10/2020 04:00

Uma manhã destas saí mais cedo para ir ao médico. Nada grave, uma sinusite me obrigou ao uso de antibióticos por mais tempo que o desejável. Como disse Lacan: o corpo fala. O sintoma é um acontecimento de corpo. Então, pensando assim, creio que meu corpo esteja protestando contra este ar irrespirável deste mundo contagiante e perigoso do corona...

E penso que os sintomas psíquicos, que dizem que alguma coisa não anda bem, também se mostram assim no corpo. Para quem faz análise é um prato cheio, para quem terminou a sua, resta acessar um saber que parece distante, só que não, e buscar no inconsciente a origem do que, não sendo dito, insurge no sonho, no ato falho, no sintoma, no corpo.

Voltando à manhã da ida ao médico, as ruas estavam ainda bem vazias e tranquilas e gostaria que fosse sempre assim. Poucos carros, pouca gente dão a impressão de uma vida mais tranquila, uma cidade calma. E logo pensei que os efeitos de esvaziamento da pandemia vão gradativamente desaparecer e voltaremos àquela agitação no trânsito, muita gente se deslocando ao mesmo tempo e tudo cheio, o ar poluído, e muitos compromissos aos quais não podemos faltar e outros excessos variados.

Se somos nós os únicos animais racionais do planeta e temos a prerrogativa da linguagem que nos permite através dos pactos organizar nossa sociedade, por que não fazemos isso direito? Não digo que não o fizemos, fizemos muito. Fizemos leis escritas, sistemas organizadores – Executivo, Legislativo e Judiciário. Construímos tudo que chamamos de civilização para que unidos vençamos as intempéries da natureza, as ameaças pandêmicas como a do coronavírus e somente nos aliando conseguiremos a vacina, como fizemos muitas outras antes.

Por que então este mal-estar quando penso que tudo voltará ao normal? Não estamos todos desejando que acabem as mortes, que voltemos ao trabalho e sem máscaras possamos ver o sorriso no rosto das pessoas? Sim, é verdade. Queremos nos livrar do coronavírus o quanto antes. Mas queremos também nos livrar do peso de rotinas estressantes, abrandadas pelo isolamento, que nos permitiu uma rotina mais intimista e calma.

Se algum dia o corre-corre da vida foi funcional, hoje tornou-se problema na vida e tumultua a cidade. Não é à toa que tanta gente tem se mudado para os arredores da cidade, onde há mais verde e ar puro. Onde se pode descansar a vista no horizonte.

Queremos uma vida mais tranquila! Podemos usar a experiência vivida este ano e a inteligência da qual tanto nos gabamos para reinventar nossos modus de viver para criar algo novo. Mais moderno. Sempre sonhei com o futuro como o dos Jetsons, um desenho animado futurista no qual todos tinham seu carrinho espacial, robôs resolviam as tarefas diárias e tudo era organizado. Pena que ficou na saudade...

Um novo modo de viver em grandes cidades de forma mais inteligente ou inteligível. Por exemplo, diminuindo o deslocamento diário, aliviando o trânsito com rodízios, trabalhando mais em casa. Diminuindo a poluição, tratando melhor do lixo, rotinas em horários diferenciados, evitando o rush todo santo dia, perdendo tempo no trânsito. Estendendo a atenção aos necessitados, moradores de rua para além da pandemia. E muito importante, vendo políticos trabalharem para e pelo povo. Tô sonhando? Está chegando a hora do voto...

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