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Estado de Minas

Tempestades e ventos fortes

Que bons ventos tragam justiça social, diminuam a pobreza e a miséria tanto material quanto de espírito


postado em 17/11/2019 04:00

Em um dos sábados passados, tudo corria bem, tranquilo, seco. Muito seco. Esperamos pela chuva toda a semana que alternava céu nublado e azul. Quando nublava, eu dizia: agora vem água. E nada. A espera era longa e o ar acompanhado da fuligem das queimadas no entorno da cidade. Esfumaçado, embaçado e quente.

Para restabelecer a qualidade do ar que respirávamos era preciso muita água. Umas gotinhas não bastariam. A mídia apontando, o ministro tardando, o povo se queixando. A questão ambiental preocupa aos de bom senso. Portanto, nem todos. Não é moda que vem e passa. Nem uma onda. É o real retornando e cobrando o preço: do descaso, do descuido, da insanidade por dinheiro, por amor a si próprio em exagero acompanhado da indiferença ao outro. Meu pirão primeiro.

Voluntários se unem para salvar animais marinhos e aves do óleo nas praias do Nordeste. Limpam o mundo da sujeira daqueles que o despejaram no mar. Os anônimos e perversos criminosos não se manifestaram.



E assim caminha a humanidade. Entre pulsão de vida e de morte, que se alternam e, amalgamadas, nos obrigam a escolhas e vigília constante da nossa própria ética. O homem, o único ser capaz de fazer escolhas éticas. Porém, mesmo os mais bem-informados e bem-intencionados são tentados a fazer o mais fácil, caso não se exija rigor. Temos o livre-arbítrio e o usamos mal.

Enquanto uns cuidam de sua vida, casa e trabalho como coisa séria pela qual se deve estar cuidadoso, atento para não errar, outros, tomados pela prevalência da pulsão de morte, a preguiça, a violência e o ódio que a representam, pouco se importam se causam algum mal, se fazem certo ou errado, se o futuro existirá... Apenas querem – agora – o mais fácil. E isso é mortificador. E o pior mortifica a todos que coexistem e não apenas a si próprio.

Pessoas, vidas, planeta, causas: uma pessoa que só pensa em facilidades quer repouso, não tá nem aí. O clímax do repouso é a morte. O descanse em paz vem com o sono eterno. Pessoas voltadas para a morte são desinteressantes. Enquanto vivos, temos a missão de existir e insistir. E viver dá trabalho. Ninguém passa pela vida impunemente, sem se implicar com o fato de viver. Aqueles que assim vivem são alienados, mortos-vivos. Devem ter uma vida miserável.

Enquanto esperamos pela água, no Brasil é tempo de ventos fortes. Sopram alegrias e as revoltas. A divisão grita, puxando de um lado para outro. Uns celebram a esquerda, outros a direita. A democracia pede posicionamentos e oposições. Não terá esse nome se não for assim. Que soprem os ventos que nos trazem a liberdade de expressão, o respeito às diferenças, a imprensa livre, as opiniões respeitadas. Que pessoas honestas e éticas contribuam para o fim da corrupção, do preconceito, do racismo, do machismo, da perseguição e violência. Fora, truculência. Fora, milícia. Fora, assassinos de mulheres, índios e homossexuais.

Que bons ventos tragam justiça social, diminuam a pobreza e a miséria tanto material quanto de espírito. E tragam também água. Fora, autoritarismo. Fora, qualquer forma de opressão pela força. Não se pode controlar o mundo com fogo, armas, terror. Isso está provado pela história de fracasso dos grandes tiranos e ditadores.

Queremos um Brasil melhor, somos brasileiros. E por esse objetivo devemos manter a sanidade e a temperança. Brigar com irmãos e amigos que pensam diferente não será o caminho para um país cuja bandeira prega a ordem e o progresso. Em Minas, vamos nos lembrar do libertas quae sera tamen.

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