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Estado de Minas COLUNA

Até onde vai a inflação? A incerteza volta a dominar economia nacional

É recorrente e perigoso esquecer que a economia não é ciência exata (se fosse seria mais fácil)


21/12/2021 04:00 - atualizado 21/12/2021 07:24

Mesmo que o IBGE confirme na quinta-feira a tendência de desaceleração da inflação, pouco se poderá dizer sobre sua velocidade ou duração
Mesmo que o IBGE confirme na quinta-feira a tendência de desaceleração da inflação, pouco se poderá dizer sobre sua velocidade ou duração (foto: PxHere)
O poder da incerteza na economia é velho conhecido dos brasileiros. Há pilhas de livros a respeito da sensação de insegurança que ele traz ao investidor, ao empresário e, é claro, ao comum dos mortais (às voltas com seus boletos). Mas ele é também uma tentação para os oportunistas profissionais, os profetas de catástrofes e, nesses tempos pré-eleitorais, os “especialistas” que almejam uma boquinha no próximo governo.

A incerteza tende a levar o cidadão menos acostumado às mudanças climáticas da economia a aceitar prontamente as piores projeções. De posse de uma incontestável informação negativa – como a da atual alta dos preços – ele se dispõe a acreditar em elocubrações a respeito de um desastre iminente e que “poderia ter sido evitado” (sem dizer como).

É nesse clima que aparecem certos “doutores”. São capazes de tudo, como fazer de conta que sabem a resposta para a pergunta que dá título a esta coluna. É recorrente e perigoso esquecer que a economia não é ciência exata (se fosse seria mais fácil). É, na verdade, conhecimento e prática adquiridos pelo estudo de tendências, sem desprezar a existência de “leis” inescapáveis (como a da demanda versus a oferta de bens e serviços).

Por essa razão, os economistas de boa escola são obrigados a estudar amplamente os fatos, as circunstâncias em que eles ocorreram, para tentar diagnosticar suas causas e, só então, adotar medidas que tendem a reverter suas consequências negativas.

Não foi à toa que esses profissionais desenvolveram ao longo do tempo uma série de indicadores que, lançados em gráficos estatísticos, permitem comparações e análises da importância e da duração das alterações observadas na economia. A correta leitura do passado recente permite o diagnóstico do problema e, a partir da observação dos dados atuais, será possível identificar as tendências de aceleração ou de redução do mal.

A esse trabalho de análise dos fatos se juntam dados da conjuntura interna e internacional, bem como a identificação de prováveis impactos sobre a moeda nacional. Por exemplo, uma nova onda da pandemia, uma elevação dos preços do petróleo ou das cotações do dólar.

No plano interno, a perda de safras ou o excesso de oferta de alimentos, a baixa geração de energia elétrica, a escassez de insumos e de matérias-primas, tudo pode impactar a produção e o consumo. Além, é claro, do custo da administração pública que, no Brasil, é refletido pelos frequentes desequilíbrios fiscais e pelo peso dos juros da dívida pública.

IPCA-15


Atualmente, já se sabe que a pandemia desarranjou as cadeias de suprimento, gerando um desequilíbrio generalizado no mundo entre a oferta e a procura. Com a volta do consumidor, a consequente disparada dos preços tende a ser mais grave conforme a situação de cada país.

Já que falamos em tendências, vamos às mais recentes sobre a inflação no Brasil. Os três últimos dados do IBGE relativos ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a taxa oficial da inflação brasileira, indicam uma tendência de baixa. O IPCA-15 de outubro tinha aumentado 1,20% sobre o do mês anterior, mas o mesmo indicador, em novembro, quebrou uma sequência de três meses de altas, marcando ligeira baixa para 1,17%.

Duas semanas depois, no fim de novembro, o indicador do mês inteiro repetiu o movimento de baixa visto na pesquisa quinzenal, ao registrar alta de 0,95% sobre o mês completo de outubro, que havia subido 1,25%. Isso parece indicar uma nova tendência, mas o mais prudente é esperar até depois de amanhã, quando o IBGE divulgar o IPCA-15 de dezembro.

Mesmo que o IBGE confirme na quinta-feira a tendência de desaceleração da inflação, pouco se poderá dizer sobre sua velocidade ou duração. Menos ainda negar sua ocorrência. Será, então, aberta a temporada de aplausos ou críticas ao Banco Central, hoje acusado, com alguma razão, de ter demorado a aumentar a taxa básica de juros (Selic).

Alta do dólar


Desde o último dia 9, a Selic está fixada em 9,25% ao ano, quase empatada com a inflação acumulada até novembro, de 9,26%, mas bem abaixo dos 10,74% dos últimos 12 meses. Se confirmada a tendência de queda da inflação, o BC poderá reduzir o aumento da Selic em 2 de fevereiro, previsto em 1,5 ponto percentual. Mas, sem a confirmação, terá de correr atrás do IPCA.

Também é certo que, dependendo de várias circunstâncias, inclusive externas, se a autoridade afrouxar a política monetária em 2022, correrá o risco de estourar a meta de inflação de 3,5% (com tolerância de até 5,5%) pelo segundo ano seguido. Em 2021, o centro da meta era de 3,75%, com teto de 5,75%.
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Entre as circunstâncias externas, há uma tendência de o dólar se valorizar no mercado mundial em 2022, o que pode pesar contra o real. É que, para baixar a inflação de 6,8% ao ano (a mais alta em 35 anos), o Federal Reserve (banco central norte-americano) anunciou a redução progressiva dos incentivos monetários, além de prever três aumentos da taxa básica, hoje entre 0% e 0,25%, até chegar a 1% no fim do ano. Como no dito popular: não está fácil pra ninguém!
 

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