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Corona Brasil: da patogenia à terapia eficaz na saúde e na economia

Um mês se passou e ainda estamos na reação emergencial. O país precisa de um diagnóstico completo da doença econômica, com realismo


postado em 25/04/2020 06:00 / atualizado em 25/04/2020 09:15

A patogenia da COVID-19 na economia do país provocou o fechamento do comércio e desaceleração brusca da atividade econômica (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 23/3/20)
A patogenia da COVID-19 na economia do país provocou o fechamento do comércio e desaceleração brusca da atividade econômica (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 23/3/20)
 

(Ao Mario Petrelli)* Todos esperamos ansiosos que os pesquisadores decifrem o vírus, como ele age e como busca nos destruir. Dominar a patogenia, a origem da doença deflagrada pelo coronavírus, será meio caminho andado para o controle das sequelas e a obtenção da cura. Assim também na economia. A quarentena provocada pelo vírus se desdobrou em grave patogenia econômica. A demanda entrou em anemia profunda. A produção, na maioria dos setores, se desarticulou. O governo não estava preparado. Ninguém estava. Era outro cenário esperado e o governo demorou a trocar o disco. Mas reagiu. Está passando da defesa ao contra-ataque. Mas não ainda na velocidade requerida. Nem com a intensidade necessária. Um mês se passou e ainda estamos na reação emergencial. O país precisa de um diagnóstico completo da doença econômica, com realismo, a fim de reunir todas as lideranças nacionais num pacto federativo que nos deixe bem melhor do que estamos hoje e, inclusive, mais aptos ao progresso do que jamais estivemos. A crise nos deve ser inspiradora de um programa de retomada sustentada.
 
Cada país agora tem o desafio de se conhecer bem e agir com precisão cirúrgica. Um inventário do que temos na mão é essencial. Temos ativos importantes e mal empregados. Parte das nossas reservas pode financiar investimentos rentáveis e render retorno positivo no tempo. Temos reservas compulsórias no sistema bancário. Podem alavancar um refinanciamento geral de empresas e pessoas físicas. Temos ativos estatais valiosos, momentaneamente desvalorizados pela crise. Por isso, não podem virar lenha para queimar na fogueira orçamentária. A fogueira é que deve ser controlada. Os ativos estatais são lastro para um múltiplo de refinanciamentos.
 
Também temos passivos, dívidas e compromissos. Por sorte, não são pequenos. Por que encarar nossos problemas como se fossem muita sorte? Pelo impacto positivo que a solução de um grande rolo pode trazer. É como ver chegar o fim de uma tormenta. Imaginem se alguém nos dissesse que as dívidas de todos os estados brasileiros puderam ser repactuadas e que muitos governadores saíram da negociação com recursos para investir. Milagre? Isso é possível sem milagre. Pelo simples fato de o governo federal ser hoje o único dono e credor dessas dívidas. A repactuação se torna viável e o mercado só entrará, se quiser, considerando os novos papéis (chamemos de corona bonds) atrativos. Um novo começo. Enorme. Disseminado em seus efeitos por todo território. Dando vantagem a quem melhor geriu suas dívidas no passado. Todos contemplados com nova esperança e novas responsabilidades.
 
O orçamento público, em todos os níveis de governo, e os impostos do país, são outra dádiva escondida. Como assim? Poucos países no mundo gastam como o Brasil. Ou seja, entramos nesta crise com gorduras para queimar. E com um sistema tributário que, por ser péssimo, pode ser largamente simplificado. Podemos também economizar gordura de gastos neste momento. E gastar melhor em saúde. Imaginemos que uma economia geral (menos nos setores críticos) possa ser feita. Digamos 10%. Seria, em nível nacional, algo como uma economia anual não inferior a R$ 200 bilhões, sem prejudicar a vida nem o custeio de nada nem ninguém. O setor privado fará muito mais do que isso. A hora é solidária e é para todos.
 
Com a perspectiva de um equilíbrio fiscal de longo prazo, com ativos mais bem empregados, com criatividade na seleção de investimentos estruturantes, com a retomada de centenas de milhares de empregos, o Natal de 2020 poderá ser a grande comemoração da vida e da prosperidade que hoje nos parecem – e com razão – tão ameaçadas. Tudo depende de destreza no planejamento da guerra que imporemos às mazelas econômicas do coronavirus.
Resumindo:

1) Coordenar melhor os vários interesses envolvidos, União, estados e municípios e trazer soluções definitivas, não meros repasses emergenciais

2) Marcar para “TODOS” no setor público uma tarefa contributiva de economia fiscal e mais produtividade

3) Mapear os ativos ociosos do país, que são trilionários, e usar tais recursos para alavancar liquidez emergencial e investimentos duradouros

4) Acelerar a chegada do socorro de renda aos mais carentes, sejam pessoas físicas ou empresas

5) Focar nas ações que recomponham a força de trabalho. Essas são as bases de um país que deixará não só o vírus para trás, mas colocará no chão as fundações de um novo desenvolvimento mais humano e motivador para todos. Vai passar. E o país sairá dessa muito melhor.

(*) Paulo Rabello, neste artigo sobre confiança e esperança, deixa sua homenagem a Mario Petrelli, grande brasileiro, empresário de imenso valor, que, até seu último dia, sonhou um Brasil para todos e foi incansável na busca desse sonho.

*Paulo Rabello é economista e escritor. Quer comentar ou republicar? 
rabellodecastro@gmail.com

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