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Quando criança e adolescente herdava roupas usadas de minha irmã e primas mais velhas. Para mim chegavam como novas, afinal era a primeira vez que eu as vestia. Na época conceito de brechó remetia a uma imagem de roupas detonadas e de pouco valor, muito mais que de peças que ainda tinham muito a oferecer.





Por sorte nossos hábitos evoluíram, apesar de que para mim as usadas que que compro, ganho ou troco ainda tem “cheiro” de roupa nova. De uns tempos pra cá, visto praticamente peças que já vem com história de outras vidas prontas para ganhar novas versões em meu corpo.

Há cerca de doze anos conclui que realizar brechós seria uma maneira líquida e certa de arrecadar fundos para manter os projetos sociais com os quais me envolvo. De um lado estimulamos a doação, do outro o reuso e no meio do caminho levantamos recursos. Todos os envolvidos no processo saem investindo pouco ou nada e com algum tipo de ganho. Quer coisa melhor?

Por estar envolvida com esse setor e por trabalhar como voluntária no ramo da costura, o Sebrae Minas me chamou para participar de uma caravana com a qual visitei dois brechós: o Soul Consciente, no Sion, e o Muito Mais que Brechó, no Vila da Serra. Confesso que eu, acostumada a garimpar, me surpreendi com o que vi e, claro, comprei.

Minas Gerais concentra mais de 3 mil brechós, diz o Sebrae, sendo que entre 2019 a 2022 foram abertos quase dois mil deles em Minas Gerais. Em BH são 600 brechós oficialmente cadastrados, fora os informais.

Através do projeto Viver de Brechó, o Sebrae oferece capacitações em gestão, finanças e marketing e incentivo à formalização. Aprende-se também os princípios do relacionamento com o cliente, marketing digital e técnicas de vendas.





O que mais mudou desde que me envolvi com o mercado de usados? Do lado de quem vende, vejo hoje mais pessoas interessadas em doar ou vender peças em ótimo estado de conservação sem a preocupação de parecer que estão precisando de dinheiro. Sendo isto ou não o que as move, pouco importa quando a moda é reaproveitar.

Do lado de quem compra, vejo hoje mais pessoas interessadas em vestir peças com as quais se identificam, que preocupadas em parecer aquilo que não são. Traz algo de libertador tudo isso. Pelo ao menos esse é um lado nobre da aparência, a busca pelo belo e pelo conforto de maneira sustentável e compensatória.