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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Quem está com a razão?

"Costumamos atribuir ao passado recente um peso maior"


18/07/2021 04:00 - atualizado 18/07/2021 09:02

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

 
Uma amiga me relatava o caso de sua família, que acompanhava o envelhecimento da matriarca já viúva, mãe de cinco filhos, sendo que quatro deles moravam relativamente perto dela e um em outro estado. Em certa época, ficaram revoltados com o fato de a mãe dizer preferir a companhia dos empregados e cuidadores que de qualquer um deles e seus agregados. Ela argumentava que seus acompanhantes contratados para tal tinham disposição, disponibilidade, raramente entravam em atrito com ela e, o que era melhor, não a impediam de gastar o dinheiro da forma que ela achava que devia.
 
Por seu lado, os filhos se defendiam dizendo que não apareciam sempre porque aposentado não tinha ali, mas raros os dias em que ao menos um não conseguia dar um oi, obedecendo ao revezamento combinado entre eles. Quanto ao dinheiro, diziam que, se deixassem por conta da mãe, no final do mês só sobrariam contas a pagar. E a razão está do lado de quem?
 
Situações como essa costumam nos remeter à velhice e suas mazelas. Mas nos esquecemos de que não tem idade o hábito de dar a um evento, um acontecimento força suficiente para destruir a boa imagem que levamos uma vida inteira para formar de alguém ou de uma instituição.
 
Costumamos atribuir ao passado recente um peso maior do que de fato ele merece, pois é ele que nos afeta diretamente no momento. Temos memória curta ou tendência a ser ingratos em não reconhecer que a vida real não está aí para nos satisfazer a todo momento?
 
Vemos também casais que se amaram tanto, fizeram juras, e que depois de um tempo não perdem a chance de destruir a imagem um do outro para si, assim como para o resto do mundo. E aquilo que viveram, não foi verdadeiro? Talvez sim, mas é melhor desacreditar o passado para justificar o que acontece no presente. 

Casais podem ter sido felizes, mas longe do “para sempre”. Por que então a necessidade de colocar em xeque o caráter do outro? Muito melhor (e mais confortável) pensar que se não deu certo comigo é porque não presta para mais ninguém. Para piorar, se arruma alguém para chamar de seu, esse alguém, claro, é tão ordinário quanto.
 
Na tentativa de nos valorizar, precisamos rebaixar os outros, sejam filhos, pais, cônjuges, amigos, vizinhos, colegas de trabalho. Não importa. Nos posicionamos como vítimas de todos, exceto de nós mesmos, óbvio. Não temos competência suficiente para ser humildes e reconhecer que quando somos reducionistas somos injustos, principalmente conosco. 

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