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Estado de Minas Comportamento

Mudança de foco

'Focar no erro nos impede de enxergar o todo, que é mais importante'


20/06/2021 04:00


Uma fotógrafa me chamava a atenção para a questão do foco, o ponto de uma imagem que se deseja destacar, definir com mais exatidão, a partir da lente e do ponto de vista escolhido. Ela desejava fazer uma analogia nada inédita, mas bastante apropriada para o momento.

Histórias retratadas em livros ou em filmes, quando bem elaboradas e interpretadas, acabam nos levando a tomar as dores dos protagonistas, sejam eles do “bem ou do mal”. Torcemos tanto pelo “felizes para sempre”, mesmo sabendo que não corresponde à realidade, quanto pelos fora da lei, mesmo que nossa moral os condene. Isso porque o foco escolhido pelo autor ou pelo diretor tende a influenciar nosso julgamento.

Conversávamos sobre a necessidade de mudar o foco quando o assunto nos puxa para baixo. Nos lembrávamos de conhecidos comuns para os quais doenças são temas preferidos de conversas. A cada encontro, um problema de saúde, concreto, apenas possível ou uma fantasia.

Em pessoas assim, a cura de uma ferida sempre dá espaço a uma nova chaga, tão ruim ou pior. Nomes de remédios sempre na ponta da língua, assim como diagnósticos e prognósticos e longas histórias e sagas intermináveis.

Foi quando ela me mostrou a fotografia do rosto de uma mulher cujo foco eram os olhos, sua expressão, luminosidade, contorno, cores e detalhes do entorno. Uma bela foto, sem dúvida, de uma face que continha uma cicatriz grande que se tornou discreta a partir do ponto de vista escolhido para retratá-la. Não significa que a cicatriz estava escondida. A ideia era que fosse vista como um entre todos os detalhes da face, e não o que a define.

Fico imaginando que aquela perspectiva não deveria ser a mesma caso nos deparássemos cara a cara com a mulher da foto. A cicatriz deve chamar mais a atenção que os olhos a escondendo, inclusive, assim como toda a beleza que ela certamente deve ter. Mas se reduzirá seu rosto a isso?

Nossa tendência em focar no erro, no engano, na ferida, no considerado errado e no fora do lugar nos impede de enxergar todo o resto, que muitas vezes é bem mais amplo e importante que o ponto que nos chama tanto a atenção.

Aonde quero chegar? Na necessidade de buscarmos ver a vida, seus entraves e dificuldades sob perspectivas mais otimistas mesmo quando as cicatrizes que trazemos nos digam ser impossível. Porque é possível.

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