Jornal Estado de Minas

Comportamento

O mar e a morte

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Fiquei bastante chocada após assistir ao documentário “Seaspiracy: Mar Vermelho”, disponível na Netflix. Mostra como o ser humano vem destruindo a vida oceânica e tudo o que envolve a indústria da pesca comercial e predatória, nos convidando a refletir melhor sobre um conceito muito em voga – o da sustentabilidade – e se de fato isso existe.


 
É aquele tipo de condensação de uma informação que a gente já tem, já está cansada de saber, mas como ouve tudo fragmentada, acha que a situação não é assim tão ruim. Mas basta alguém vir, juntar tudo em um programa de aproximadamente 90 minutos, quando se tem a oportunidade de ver, ouvir, sentir e quase cheirar a realidade nua e crua.
 
Me fez lembrar daquela imagem romântica que temos do pescador, bem ao tipo Dorival Caymmi na “Canção da partida”, que fala da jangada que vai sair para o mar, para trabalhar o bem-querer e no final voltarem todos trazendo um peixe bom. A indústria pesqueira os consumiu, não apenas aos peixes, mas as jangadas e seus simples tripulantes.
 
Não sou ingênua de achar que o pescador simples, aos moldes Jesus Cristo e seus apóstolos, seriam capazes de alimentar a população que hoje toma conta de cada cantinho deste mundão, o que não quer dizer também que eu deva fingir que não vejo, ou preferir esquivar-me de saber, o que de fato fazemos para alimentar nossos desejos desenfreados de ter tudo a qualquer custo.


 
Que estamos nos autodestruindo não é novidade há um bom tempo, assim como o fato de que escolhemos deixar que as gerações futuras se virem com o que vamos deixar para elas. Nós somos uma dessas gerações que estão colhendo agora o que foi plantado para colhermos.
 
Destruidores que somos, não nos é lícito reclamar e lamentar do que vivemos hoje com a pandemia. A conta sempre chega e alguém tem que pagar; e é o que estamos fazendo.
 
Se temos tanta inteligência, perspicácia, capacidade de entender daquilo que não vemos, por que não conseguimos administrar o que temos em mãos? De que nos vale tanta tecnologia, tanto avanço em todas as áreas se não formos capazes de manter a vida que nos cerca, incluindo a de nossa própria espécie?