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Estado de Minas Comportamento

Te conheço?

'Ainda permanecemos apegados às aparências'


15/11/2020 04:00 - atualizado 13/11/2020 16:11


 
Maria do Salão, José da Kombi, Tadeu do Açougue, Tânia da Associação, João Marceneiro, Madalena Doceira ou filha deste ou daquele outro. Tentar identificar o caráter, a competência ou a moralidade de alguém pelo ofício que a pessoa exerce ou apenas por ela pertencer a esta ou àquela família mostra o quanto pensamos pequeno ou nos satisfazemos com muito pouco ou quase nada. Fato é que achamos que conhecemos as pessoas apenas pelo simples fato de já as termos visto uma única vez ou delas já termos ouvido falar.
 
Isso me faz lembrar do caso, me contato por uma amiga, passado no banheiro feminino de uma casa de festas. Uma mulher diante do espelho olhou para o lado, viu uma senhora, mas não se recordava de onde a conhecia. Incomodada pela fraca memória e louca para puxar uma conversa, não pensou duas vezes e fez, munida de um sorriso amigável, a clássica observação: “Acho que te conheço de algum lugar”, tendo na entonação de voz algo de íntimo.
 
A outra, em cima de sua arrogância natural, respondeu com certa rispidez: “Eu sou fulana!”. E logo tomou o rumo da porta, injuriada por ter sido confundida com uma mortal qualquer. Tratava-se de uma atriz global de primeira grandeza que fora adotada como íntima por milhares de brasileiros tantas as vezes que entrara nos seus lares através da tela da TV.
 
Esse é o nosso problema. Dizemos que conhecemos alguém sendo que, na maciça maioria das vezes, conhecemos apenas sua imagem ou nome ou voz. Nos consideramos quase íntimos de pessoas porque passamos ao lado delas na rua, as vimos passeando no parque ou a cumprimentamos durante a caminhada matinal. Nos orgulhamos de contar que outro dia almoçamos na mesa ao lado da que estava fulano ou sicrano, como se isso bastasse para sabermos quem de fato ele é e, o pior, o admirar.
 
Ainda permanecemos apegados às aparências, ao número de likes que as pessoas recebem e o quanto são veneradas nas mídias. Investimos pouco, ou quase nada, na busca do conhecimento sobre a atuação daqueles em quem pretendemos votar para administrar nossos espaços públicos, a execução de nossa legislação, nossa vida comunitária e social.
E assim votamos na Maria do Salão, no José da Kombi, no Tadeu do Açougue, na Tânia da Associação, no João Marceneiro, na Madalena Doceira ou filha deste ou daquele outro. Não nos preocupamos se eles nos conhecem, ou melhor, nos reconhecem como aqueles a quem devem servir. E continuamos apenas servindo-os.

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