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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Livro aberto


postado em 28/06/2020 04:00

Conheço uma mulher, já próxima dos 70 anos, que tenta esconder dos filhos a todo custo a informação de que o marido fora um alcoólatra por décadas. Diz não querer que eles tenham má impressão do pai e percam a admiração que construíram por ele, assim como teme que eles o façam de exemplo.

Fato é que os filhos já passam dos 40 anos e, certamente, ouviram ao longo da vida histórias de como o pai se entregava à bebida. Até porque, muitas pessoas foram envolvidas na tarefa de resgatá-lo nos bares e esquinas, muitas vezes escornado e incapaz de voltar para casa com as próprias pernas. E quanto mais envolvidos em um segredo, mais difícil sua manutenção.

O pai faleceu há mais de uma década vítima de outro vício considerado menos ruim. O cigarro substituiu a obsessão pelo álcool, tão logo o terceiro filho nasceu, mas acabou por comprometer-lhe os pulmões. Mas não são os vícios meu objeto de análise, e sim a capacidade e a determinação de se sair deles que muita gente tem.

Penso que seja exatamente esse o ponto no qual a esposa e mãe deveria se apegar. Esconder a verdade sobre uma característica que dominou a vida dele por tanto tempo pode levar à decepção por parte dos filhos, não pelo vício em si, mas a construção de uma imagem bem longe da real.

Se fizermos questão de que nossos filhos conheçam não apenas nossas trajetórias de sucesso, mostraremos o quanto somos humanos como qualquer um, incluindo eles mesmos. Conhecemos histórias de filhos de pais muito bem-sucedidos que se viram massacrados por não conseguir seguir o mesmo caminho e se deprimiram quando descobriram que eram simples mortais.

O ideal seria que eles tivessem uma noção clara de como os pais construíram seus sucessos, o que inclui, com certeza, além de muito suor e oportunidade, uma grande dose de erros e enganos. E principalmente que cada um tem a sua própria história e que ela não precisa ser replicada.

Absolutamente, qualquer um de nós sabe o quanto é difícil, muitas vezes impossível, mudar hábitos, o que dirá abandonar um vício, o que vai muito além do desejar que tudo seja diferente. Todos nós temos inúmeros pontos positivos que devem sobressair-se aos outros inúmeros negativos. Por que então não chamar a atenção para eles?

Não se pode ignorar o que não se deve copiar e servir de exemplo, como fez essa mu- lher. Do contrário. É discutindo os atos dos maus governantes, as guerras que nos devastaram, as opções que nos levaram para o buraco que evitamos tomar caminhos semelhantes. E é exatamente as atitudes positivas tomadas com trocas de governos feitas com responsabilidade, com esforços de restabelecimento da paz que buscamos alternativas mais saudáveis. E evoluímos. 

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