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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Parabéns!

O que cada um espera para si?


postado em 15/03/2020 04:00


 
Uma amiga africana me enviou mensagem contando que iria se casar e precisava de dinheiro para o vestido de noiva. Na cultura congolesa, é comum a família de ambos pedir ajuda financeira para o casal que começará uma nova vida. No lugar de esperar receber presentes, solicitam quantias variadas, sendo que todos fazem questão de contribuir nem que seja com muito pouco.
 
Enviei, junto a resposta à mensagem, um belo “parabéns”!. Depois, fiquei me questionando o porquê dos parabéns. Afinal, quando parabenizo alguém o significado que há por trás é “que bom, você conseguiu!!!”. Conseguiu a vaga que tanto queria, conseguiu tirar carteira de habilitação, se formar, lançar um livro, completar mais um ano de vida e partir para o próximo! Mas parabenizar alguém pelo simples fato de que está prestes a conseguir se casar não combina nada com tudo que penso sobre a vida.
 
Considerando esse contexto, os parabéns não caberiam, mas não era mais possível apagar a mensagem e lá se foi aquela palavra que por algumas horas ficou martelando na minha cabeça. Temos por hábito repetir padrões que nos foram transmitidos sem questioná-los ou ao menos procurar saber seu real significado, o que me levou a partir para a pesquisa do que há por trás dessa expressão usada corriqueiramente.
 
Significa cumprimento dirigido a alguém por alguma coisa que ela tenha passado ou feito. É a junção da preposição “para”, que no caso indica um propósito, com o substantivo “bem”. Em resumo, ao dizer parabéns (plural de parabém) estou desejando o bem àquela pessoa, que aquilo ou aquela situação seja de fato para o seu bem.
 
Senti-me mais aliviada e satisfeita com o simbolismo e a beleza que a palavra carrega. Sim, os parabéns à minha amiga resumiam tudo o que eu desejo a ela, que a união com o mon cherie, como ela identifica o noivo, seja para o bem dela, que venha somar e complementar a vida dos dois e de quem mais vier.
 
Para a cultura africana, pelo menos entre os povos que tenho acompanhado de perto, casar-se é quase uma obrigação que traz consigo uma consequência mais do que óbvia: ter filhos, muitos, quantos Deus quiser, não importando como o casal vai criá-los. Casam-se bem jovens, sendo que o homem precisa pagar um dote aos pais da noiva, mesmo quando tem muito pouco com o que se sustentar.
 
Quem não se casa é visto com desconfiança, como tendo sido incapaz de encontrar alguém com quem pudesse dividir a vida e suas atribulações, inclusive a responsabilidade de procriar e multiplicar. Apegam-se à ideia de que é isso que Deus espera de nós. E o que cada um espera para si? Isso, me parece, pouco importa. Se é ou não para o bem saberemos depois.

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