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Estado de Minas COMPORTAMENTO

A vontade de viver e a coragem para enfrentar desafios têm o dom de rejuvenescer

Tenho medo de que comece a se achar tão jovem e destemida quanto os três netos


postado em 08/03/2020 04:00 / atualizado em 08/03/2020 07:50


 
Minha mãe fez 91 anos em dezembro. Há cerca de uma década, foi diagnosticada com problema em uma válvula do coração, mas achou por bem ir administrando essa contrariedade só com medicamentos, até que há dois anos a coisa piorou e ela começou a sentir cansaço à toa.
 
À toa para os padrões dela, que até então havia trocado 20 anos ininterruptos de ioga pela dança. Inclusive, não perdia a chance de exibir os novos passos em casa, principalmente para os netos e as netas, símbolos maiores de juventude na vida dela. Muitas vezes, andava um quilômetro e meio até chegar à aula, mas voltava de ônibus. Afinal, ninguém é de ferro e todo o serviço da casa a aguardava.
 
Opção número um, manter apenas os remédios e monitorar mais frequentemente a contrariedade. Opção dois, fazer uma cirurgia para troca da válvula por cateterismo. Os médicos são otimistas, mas realistas: peito aberto nesta idade, nem pensar. Confesso que de cara, sem pestanejar, pensei que a primeira opção seria a melhor. Afinal, submeter uma senhora na beira dos noventa a uma anestesia geral e a todos os demais riscos previsíveis e imprevisíveis era muita irresponsabilidade.
 
Bem, a vida nos faz a todo momento rever conceitos. Ouvimos médicos amigos. Conhecidos e desconhecidos. Os dela, os dos outros, os contra, os a favor. A vontade dela? Confesso que por alguns momentos pestanejou. Teve medo de encarar o desafio, mas bastava tentar bater perna para olhar vitrine ou simplesmente ir à padaria que ela se cansava. Tinha que parar para descansar com mais frequência que a habitual.
 
Até que invocou de vez. Os médicos dela e de nossa confiança, Dr. Yorghos Michalaros e Rodolfo Verastegui, ambos do Ipsemg, deram aval. Ela aguenta. Meu Deus! Que loucos esses caras? Resultado da novela. A cirurgia foi realizada no Biocor, pois o Hospital da Previdência ainda não tem estrutura para este tipo de procedimento. Entrou mais um louco na jogada, o maior de todos talvez, Dr. Leonardo Feber responsável pela cirurgia.
 
Dona Zilah, 14 horas depois de entrar no CTI, foi direto para o quarto e a previsão era de que em quatro dias estaria em casa. Duro será convencê-la de que a vida não é assim tão fácil, mesmo tendo ela passado por tanta coisa desde de dezembro 1928, quando nasceu em Cláudio, interior de Minas, décima primeira filha de um casal de imigrantes italianos.

Tenho medo de que comece a se achar tão jovem e destemida quanto os três netos e as três netas, que ganharam o mundo bem jovens e não perdem a chance de embarcar em desafios. Se bem que, depois dessa, acho que ela ultrapassou todos eles.

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