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Abrindo o armário

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Conheci Ronaldo Fraga há quase 30 anos. Jovens, tanto eu quanto ele, iniciávamos nossas carreiras profissionalmente, ele como estilista e eu como jornalista, naquela época especializada em moda. Uma conhecida que trabalhava em empresa de engenharia de dia e à noite estudava design de moda na Escola de Belas Artes da UFMG me apresentou o colega que ela dizia desconhecer igual na área de criatividade e ousadia.


 
Estimulados por Anna Marina, nós do Feminino estávamos sempre à caça de novos talentos e ações inovadoras na área da moda. Eu mesma adorava conhecer mentes criativas e acompanhar seus traços. Numa manhã, nos encontramos em um pequeno apartamento no Edifício Maleta para um papo informal.
 
Pouco tempo depois, acompanhei em São Paulo a participação de Ronaldo no concurso de estilo que a marca de bebidas Smirnoff promovia, o qual ele vencera. Durante uma semana, participantes selecionados de todo o Brasil receberam desafios que deveriam ser vencidos, principalmente com desenhos. Surgia para o mundo os traços únicos que vemos até hoje, não apenas no que ele faz para vestir e adornar o corpo, mas em uma grande gama de produtos.
 
Reconhecidamente defensor da cultura e envolvido em causas sociais tendo o Brasil e a sensibilidade como centros norteadores de suas coleções, Ronaldo continua o mesmo menino prodígio que conheci no início da década de 1990. Há algumas semanas, nos sentamos para conversar e, enfim, conseguimos efetivar um projeto antigo que tínhamos: colocar à venda um enorme acervo que ele vinha guardando há décadas.


 
Peguei as chaves da fábrica que agora muda de lugar, arregacei as mangas e me meti no meio de centenas de caixas. A cada fuxicada, uma surpresa. “Meu Deus, quanto tesouro temos aqui guardado!” Em uma semana, colocamos tudo em ordem, roupa feminina e masculina, para filhotes, calçados e acessórios, tecidos, livros e centenas de objetos indescritíveis. Dos menos elaborados aos bordados a mão de encher os olhos, hoje está tudo pendurado, exposto, uma aula de sensibilidade e histórias que, confesso, se pudesse e fosse acumuladora, estaria tudo em minha casa.
 
Confesso que o que mais nos une hoje não é a moda, mas principalmente o engajamento em causas sociais. Não é a primeira vez, e certamente não será última, que Ronaldo se coloca à disposição para me ajudar em minhas ações. Desta vez, Ronaldo trabalha em parceria com a Fraternidade Sem Fronteiras e parte da renda do bazar será doada ao projeto Alimentos sem Fronteiras, que estamos implantando ao lado do campo de refugiados de Dzaleka, no Malawi, África. Num local onde a seca e a fome imperam, estamos plantando esperança.
 
O Bazzar Abrindo o Armário abre amanhã (2) e vai até sábado (7), das 10h às 19h, na Rua Mucury, 313, Floresta.