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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Aonde queremos chegar?

Nossa vida não se resume às contrariedades que atravessamos e que tanto valorizamos%u2019


postado em 09/02/2020 04:00 / atualizado em 06/02/2020 14:17


 
Usamos nossos problemas e dificuldades, que não são poucos, para escamotear o que encontramos de bom pelo caminho, que também é muita coisa. Aliás, dizem que esta é uma característica típica do brasileiro que, creio e espero, esteja mudando.
 
A ideia de que a grama do vizinho é muito mais vistosa que a minha é notória quando falamos de nosso país, principalmente quando nos detemos em culpar os outros, em especial o governo, uma espécie um tanto quanto genérica e abrangente. Melhor assim, visto que fica mais fácil levar para bem longe a capacidade e o potencial de resolução dos desafios cotidianos com os quais nos deparamos.
 
Nas últimas semanas, nos pegamos enfrentando um trânsito infernal em decorrência dos problemas causados pelas chuvas. Mais um motivo para gastar um pouco de nosso enorme estoque de falta de paciência. Me peguei agarrada numa tarde dessas tentando passar do trevo do Belvedere até a Savassi. Um trajeto curto, que desviado para a Avenida Raja Gabaglia e adjacências se transformou numa odisseia. Fazer o quê?, pensei. Segui ouvindo música e colocando o autopapo em dia.
Confesso que há alguns anos estaria me descabelando dentro do carro e por tabela reclamando do calor que subia, seja em decorrência do sol ou da idade. E, claro, no topo da lista estaria o tal governo, ao qual me referi acima.
 
Hoje, prefiro escolher outra rota. Em vez de me estressar, penso nas consequências que aquele atraso vai me trazer. Vou perder a consulta, ou me atrasar ao encontro, não conseguirei chegar a tempo de fazer tudo o que planejava. Ponto final. Só isso. E se eu de fato não conseguir chegar a tempo e perder toda a minha agenda? Continuarei viva, meus familiares também. E se acontecer de neste trajeto uma barreira cair sobre meu carro ou a enxurrada carregá-lo (melhor abrir os vidros então)? Posso morrer? Claro que posso, para isso basta estar viva. Se eu morrer, morri e desta realidade não posso fugir.
 
Não que seja simples ou que não devemos protestar em relação ao que é feito com todo o imposto que pagamos, mas em nada contribuímos, principalmente com nossa saúde mental, ficando nervosos e irritadiços ao ponto de xingar o motorista do lado só porque ele está dando seta indicando desejar passar na nossa frente. Quem ele pensa que é? Resposta: o mesmo que você, ou seja, alguém tentando seguir em frente. Uma hora passa ele, depois você. Isso é simples, mas nos esmeramos em complicar.
 
Nossa vida não se resume às contrariedades que atravessamos e que tanto va- lorizamos. Afinal, temos a ilusão de que quanto mais pesada ela nos parece, mas ela está sendo vivida. Fazemos isso a ponto de nos incomodar com aquele tipo que, por zombaria, denominamos “zen”, para quem a vida tem sempre algo de bom a oferecer. Nos parecem tolos. Ingenuidade de nossa parte, pois estes sim são os bons vivants. Quando compreendermos que nós é que focamos no ponto errado, os entenderemos.

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