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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Criando ilusões

Perigos existem, mas a vida precisa fluir


postado em 29/09/2019 04:00 / atualizado em 26/09/2019 14:52

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

 
Me lembro de andar de ônibus aos 8 anos de idade tendo companhia apenas de minha irmã, na época com quase 10. Saíamos do Bairro Floresta para ir para nossa escola no Sion, bairro para o qual nos mudamos tempo depois. Na época os perigos eram menores, mas os mesmos. Marginais e pessoas mal-intencionadas vagando pelas ruas atrás de seres indefesos, como é o caso de duas crianças.
Agarrávamos uma a mão da outra, cara de poucos amigos, olhar atento, passos firmes e largos nos levavam e nos traziam de volta para casa. Depois que nos mudamos, íamos para a escola a pé, uns quatro quarteirões de casa, fizesse chuva ou sol, encontrando com colegas pelas ruas à medida que chegávamos mais perto.
 
Irresponsabilidade por parte de meus pais? Não. Vivíamos nossa realidade. Perigos existem, mas a vida precisa fluir. Meus pais tinham que trabalhar e nós precisávamos aprender a nos virar, nos defender, a gritar caso fosse preciso, a enxergar a dinâmica da vida como ela é.
 
Se tínhamos medo? Claro, todos nós, pais e filhos, mas não ficávamos à mercê da disponibilidade uns dos outros. Independência quer dizer isto também, poder dar os próprios passos com os pés e a mente. Tínhamos amigas que nunca entravam num ônibus. Afinal, pra quê?, se tinham motorista ou mãetorista a seu dispor? Confesso que esse era um sonho de consumo que hoje agradecemos a fato de não ter sido realizado.

Sei que os tempos eram outr
os, mas nada que justifique o fato de serem muitos os jovens de bom poder aquisitivo que, quando tiram sua carteira de motorista, se vangloriam de raramente ter entrado em um ônibus. As justificativas raras vezes são carregadas do preconceito de que ônibus é coisa pra pobre. Pior que isso, se escondem atrás da desculpa da segurança, mas que, sabemos bem, não se sustenta.
 
Os aplicativos de transporte são os preferidos por pais e mães que acreditam estar garantindo a sobrevivência de todos os membros da família. Certo mesmo é que oferecem mais conforto e se locomovem, na maior parte das vezes, mais rapidamente. Mas ninguém pode negar que viver é correr riscos, que podem ser calculados, mas impossível ser totalmente controlados.
 
Assustei-me quando conversando com uma jovem, cuja mãe luta para manter a casa, soube que, se algum parente não pode levá-la aonde ela precisa ir, tudo se resolve facilmente com o aplicativo. Que este tipo de transporte é uma evolução, sem dúvida é. O que demonstra um retrocesso é o fato de que o tempo passa e as pessoas continuam acreditando que manter seus filhos debaixo de suas asas ou dentro de uma redoma vá fazer deles grandes seres e vá trazer facilidades às suas vidas.Esquecem-se de que tem facilidades intangíveis que só se aprendem através das dificuldades. E dessas ninguém escapa.

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