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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Tô de mal

A diferença não está no cerne da discussão, está no orgulho


postado em 22/09/2019 04:00 / atualizado em 19/09/2019 16:29

 
 
No auge dos atritos entre aqueles que se definem ou são enquadrados politicamente como sendo de esquerda ou de direita (como se fossem qualificações fechadas que não permitem variações de pontos de vista entre seus membros muito menos que existam pessoas fora delas), assisti com tristeza um conflito entre dois amigos de longas datas.
 
A demanda era simples, quem era a favor ou contra a pauta que discutiria o impeachment da presidente na época. Defesas fervorosas e intolerância com opiniões contrárias deram origem a muitas separações. Algumas com o tempo e um pouco de reflexão conseguiram ser revistas e reconsideradas, outras então em processo de digestão e ainda causam um retrogosto incomodo e nauseante.
 
O que estará em jogo serão somente desavenças políticas, torcidas de times adversários, crenças religiosas? Sempre que algo deste tipo acontece e apresenta tamanha força destruidora de amizades antigas, me faço essa pergunta. É muita responsabilidade para apenas um evento, por mais força e estupidez que ele possa conter.
 
Na maioria dos casos, um deixa disso, vamos largar desta bobagem, nada deveria ter tanto poder assim para nos separar, deveria ser suficiente para dar cabo ao problema. Mas... O problema não está na questão em disputa, não está no cerne da discussão. Está no orgulho. Simples assim. Mas quem ele pensa que é para agir desta forma, falar isso comigo, me acusar disso ou aquilo? Ninguém, ninguém mesmo tem o direito de me tratar assim. E ponto final. Amizade terminada.
 
Somos infantis, todos os que permitimos basear nossos relacionamentos neste tipo de conclusão. Desrespeitamos e somos desrespeitados a cada hora, a começar por nós mesmos em relação à nós mesmos. Uma conversa franca e sincera, desarmada, e saber receber críticas, mesmo aquelas com as quais não concordamos, nos tornaria mais maduros. Posso não concordar com você em relação a diversos pontos de vista, mas isso nunca deveria superar tudo o que já passamos e que alicerçou nossa amizade até agora.
 
Mas não. Ficamos de mal, fechamos a cara, preferimos riscar aquele indivíduo de nossa vida, mesmo sabendo que até ontem ele era muito importante para nós. Coisa de criança, menino e menina mimados, que querem que papai, mamãe e, consequentemente o resto do mundo, claro, façam tudo para ele. Somos do tipo que nunca podemos ser contrariados. Afinal, o que estas pessoas pensam que podem fazer comigo? Logo comigo?
 
Voltando aos dois amigos, se encontraram num evento onde os dois sabiam que se encontrariam. Aperto de mão, abraço resistente e nada mais. De um ouvi dizer que o outro não quis render conversa e lhe pareceu ainda magoado. Do outro, nada ouvi, mas certamente me falaria o mesmo. Mal sabem que sabedoria é dar o primeiro passo, por mais humilhante que socialmente possa parecer. Eu mesma só lucrei todas as vezes que fiz isso. Ainda bem que fiz.

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