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Rei do Universo

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De branco, a Igreja celebra hoje mais um final de ano litúrgico com a realização da solenidade de “Cristo, Rei do Universo”, instituída em 1925 pelo Papa Pio XI em sua primeira encíclica Quas Prima. Na festa, os fiéis são chamados a reconhecer o reinado de Deus sobre todos os povos e nações com o olhar dirigido a um Jesus crucificado, que usa espinhos como coroa e a cruz como trono.





Embora tenha nascido em um cocho para animais improvisado em berço, dentro de uma das muitas grutas de Belém, Jesus veio com a majestade de um rei. Uma multidão do exército celeste anuncia aos pastores, que tomam conta dos rebanhos: “Hoje na cidade de Davi nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor”.
 
No templo, para cumprir a lei a respeito do primogênito varão, embora tenham oferecido o mais simples dos sacrifícios, um par de pombinhos, Maria e José ouvem do ancião Simeão: “Meus olhos viram a tua salvação que preparastes à vista de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória de Israel, teu povo”.

Do Oriente, seguindo a estrela guia, os três reis magos, ao chegarem à gruta, caem de joelhos diante do menino e o adoram, oferecendo presentes exclusivos para um rei (ouro), Deus (incenso) e humano (mirra).

Durante toda a vida pública, Cristo anda com pobres e pecadores, pescadores, excluídos, gente humilde que tinha sede e fome; entra em barcos apertados, acalma tempestades, anda sobre as águas; sobe montes, passa pelo deserto, visita povoados, sempre a caminho; conta parábolas usando o dia a dia do povo: fermento, grão de mostarda, a figueira, o joio e o trigo.



Apesar de tanta simplicidade, ao chegar em Jerusalém é recebido com festas por uma multidão que aclama: “Bendito aquele que vem em nome do Senhor, o rei de Israel”.

Na verdade, o Mestre foi rei apenas em dois momentos de sua vida. Quando entrou em Jerusalém em cima de um humilde jumentinho emprestado, saudado com entusiasmo pela multidão, e ao ser humilhado e revestido com um manto púrpura durante a flagelação.

A inscrição colocada no alto da cruz é para injuriar, mas diz a pura verdade: Ele é o Rei, sim, que preside da cruz um reino de serviço, de entrega, do dom da vida. “Jesus de Nazaré, rei dos judeus”.

Já foi julgado, condenado, flagelado, passou carregando a cruz pelas ruelas estreitas de uma Jerusalém que escarnece e injuria, diante de zombeteiros e indiferentes, os poucos amigos se esgueirando pelas ruas, os cabelos encharcados de sangue e espinho. E continua rei, permitindo que a angústia chegue ao seu coração porque é como um de nós que vai salvar a todos.





Um rei que exerce à perfeição a missão a Ele confiada: amar, inclusive os inimigos, ainda e sempre, amar cada vez mais. Suas últimas palavras não são um grito de sofrimento, mas uma oração da tarde: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”.

O poder observado no mundo não é o mesmo de Jesus – Ele está na outra margem, prega um outro reino, definitivo e eterno, onde a prioridade se apresenta na forma de serviço – “maior é aquele que serve”. Não por acaso, no evento de hoje, contempla-se a sua realeza no contexto da dolorosa paixão.

O sol para de brilhar, o véu do templo se rasga de alto a baixo. Cristo não ouviu os gritos dos soldados para salvar a si mesmo. Veio para salvar toda a humanidade. A conclusão dessa história, que começa na manjedoura e passa pela cruz, é o reino eterno. Cristo é o centro – da criação, do povo, da história. Ele é o verdadeiro – e único – Rei do Universo.





O ano termina hoje e já começa na segunda-feira, com o Ano Litúrgico ou Ano Cristão. As datas do Ano Litúrgico são móveis, com estações diferentes umas das outras, mostrando tempos de festa, recolhimento, alegria e reflexão.

Como a alegria da primavera, que colore a paisagem com suas flores, a primeira estação do ano cristão é o Advento, que traz velas, guirlandas, estrela guia e um ambiente cheio de promessas anunciando que o Menino vem. O ano cristão começa celebrando a vida, espalhando sementes que vão nutrir as pessoas com o sumo da perseverança e da fé.

audima