Jornal Estado de Minas

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ACE Ventures lança pesquisa sobre o mercado de venture capital no Brasil


Após o mercado de venture capital passar por um momento de ajustes entre 2022 e 2023, a ACE Ventures, em conjunto com o Softbank e a Emerging VC Fellows, produziram o Venture Capital - Master Guide, levantamento exclusivo com 25 dos principais fundos do país, com o intuito de entender o cenário atual, principalmente de deals no valor de até US$ 1 milhão (early stage). Uma das mais importantes conclusões é que o ecossistema brasileiro de startups precisaria de, ao menos, 15 vezes mais investimento nos estágios iniciais para chegar ao patamar norte-americano.





O mercado brasileiro de venture capital tem crescido, mas ainda está bem distante do norte-americano. Segundo o levantamento, o Brasil recebeu US$ 4 bilhões em investimentos nesse segmento no último ano, enquanto, os EUA, US$ 245 bi. O estudo revela ainda diferenças entre os perfis dos investidores nos países. Em um mercado consolidado como o americano, há uma grande presença de investidores anjo e mais experientes. Ao passo que, o ecossistema nacional está expandindo com fundos, aceleradoras, investidores e incubadoras desenvolvendo um trabalho de base.


"Apesar do mercado passar por momentos de ajustes, causando diversos layoffs, observando uma janela de três a cinco anos, a expectativa é bastante otimista. O principal motivo é porque os empreendedores já passaram por momentos de altíssima volatilidade e incertezas. Os negócios com mais potencial e maior retorno, tanto para as startups quanto para os investidores, foram criados justamente nesse período de mais dificuldade", analisa Pedro Carneiro, Diretor de Investimentos na ACE Ventures.

Nos últimos meses, alguns unicórnios levantaram aportes com avaliações menores do que rodadas anteriores, os chamados down rounds. Dados da Venture Capital - Master Guide apontaram que para 86,9% das gestoras de venture capital brasileiras, houve uma "correção", refletida em cortes no valuation das startups. Além disso, para 80% dos VCs o encolhimento também acometeu as startups em estágios iniciais como seed, late seed e série A. 21% dos respondentes ainda citaram que down rounds passou a ser uma prática comum após 2021.





Na principal mudança relacionado ao valor dos cheques aportados, se comparado com o último ano, 66% pontuaram que mantiveram, em média, o número de investimentos; 20% aumentaram o valor aportado por startups; 14% disseram reduzir o valor de investimento.

Não importa o momento da startup, os VCs afirmam que a avaliação de perfil dos fundadores é o ponto de partida para qualquer investimento. Para 73% dos respondentes um bom relacionamento com os fundadores é fundamental para manter o "casamento" saudável entre fundo e startup.

Além disso, a experiência do grupo de founders no mercado em que está fundando um novo negócio, citado por 70% dos fundos, seguido por fit do produto (20%) e potencial de mercado (10%) foram os motivos mais citados como prioridade para investimento. 





Perfil de fundadores buscados por VCs


Entre as características dos fundadores mais buscados pelas gestoras de venture capital, a seguir as que mais se destacaram:

As indicações de sócios e relacionamento próximo (ecossistema, outros fundos, founders do portfólio) representam 78% dos deals fechados, segundo os VCs ouvidos pela equipe da ACE Ventures. Esse formato de prospecção é o que tem mais chances de virar negócios. Esse número ainda pode ser desdobrado entre:

→ 50% indicações dos sócios dos fundos
→ 31% indicações vindas do ecossistema (outros fundos/founders)
→ 19% founders do portfólio.

Já os contatos por e-mail ou perfil de LinkedIn realizados diretamente para os sócios ou páginas institucionais dos VCs representam 48% da captação de novos leads para investimento, enquanto o contato direto entre fundadores e fundos em eventos é apontado por 30% dos VCs como canal de captação de empreendedores.

Jornada de análise para investimento


O período mínimo reportado para levantar o capital de um VC entre a primeira conversa e o aporte foi de 10 dias. Já o prazo mais longo reportado pelos respondentes ouvidos pela ACE Ventures foi de 2 anos. Por conta do caráter relacional, há uma série de variáveis que podem trabalhar para que esse prazo seja encurtado ou estendido. Em média, o prazo máximo para aporte é de 4 meses, enquanto o prazo mínimo pode chegar a pouco mais de 1 mês.





Entre os primeiros contatos, reuniões estratégicas, análise de produto e algumas peculiaridades, a maioria dos VCs contam que seus processos de avaliação de investimento passam pelos seguintes momentos:

A necessidade de transparência nas informações divulgadas para os investidores foi citada por aproximadamente 5 em cada 10 entrevistados (52%) esperada pelos VCs. 56% dos fundos têm a expectativa de acesso à informações da startup via relatórios mensais contendo as principais métricas de negócio, highlights e desafios enfrentados. 39,1% dos respondentes realizam reuniões mensais com as startups nas quais investem e 17% com frequência maior (quinzenal ou semanal).

"Estude os investidores. Compreenda sua tese de investimentos. Conheça o portfólio. Busque feedbacks com empreendedores que já são investidos para saber como está sendo a sua experiência. Em resumo, monte um plano e não caia de paraquedas no fundraising. Assim fica mais fácil de conseguir um possível investidor e entender como ele poderá agregar valor além do aporte financeiro", finaliza Carneiro.

Para acessar, gratuitamente, o Venture Capital - Master Guide na íntegra, acesse o site da ACE Ventures.