Jornal Estado de Minas

Mina$ em foco

Queda do PIB de Minas em 2020 só perde para a recessão de 2015

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis


O Brasil que o ministro da Economia, Paulo Guedes, vê “decolar” para o crescimento não é, em definitivo, o mesmo de milhões de trabalhadores assalariados, desempregados e de pequenas empresas na batalha para manter o negócio a despeito dos impactos da pandemia.



Menos ainda, Minas Gerais se enquadraria nesse voo que só transporta a turma abastada do mercado financeiro e aqueles que habitam a banda privilegiada dos indicadores da atividade econômica medida pelo IBC-Br positivo do governo.

Caro ministro, Minas confirmou esta semana que emergir não será como o senhor insiste em fazer parecer. O encolhimento de 3,9% do estado no ano passado só não foi pior que a recessão de 2015, auge da crise brasileira que perdurou de 2014 a 2016.

Naquele ano dramático, houve retração de 4,3%, de acordo com a série histórica de dados sobre o desempenho da economia em Minas produzida pela Fundação João Pinheiro (FJP).

A retração imposta em 2020 foi, portanto, a segunda maior em 19 anos no estado, e encontra agora momento crítico no combate ao coronavírus.



O coordenador de contas regionais de Minas na FJP, Raimundo Leal, destacou que, diferentemente de 2015, quando a indústria sofreu de forma drástica, no ano passado foi o setor de prestação de serviços o mais afetado.

Esse grupo de atividades enfrentou turbulência jamais esperada, por depender do deslocamento das pessoas e da movimentação delas, interrompidos pela necessidade do isolamento social como forma de conter a proliferação do coronavírus.

O setor de serviços em Minas levou tombo de 5,4% em 2020, enquanto a indústria encolheu 3,5%. Entre os segmentos mais prejudicados estão os de hospedagem e alimentação fora do domicílio (bares e restaurantes), o serviço doméstico e o turismo.





Diante das grandes perdas do primeiro semestre do ano passado, de 1,6% entre janeiro e março e de 9,5% de abril a junho, qualquer taxa positiva já seria motivo de comemoração. De fato, o estado voltou a crescer no terceiro e quarto trimestres, mas o alívio durou pouco.

De julho a setembro, Minas exibiu uma espécie de virada, com crescimento de 8,5%. Foi o suficiente para compensar o mergulho no vermelho durante o primeiro semestre.

Contudo, o fôlego não se sustentou. A taxa que havia sido farta terminou o quarto trimestre de 2020 em 3,2% positivos. Os efeitos do isolamento social que afetaram o setor de serviços e a indústria no ano passado impuseram retração de 4,6% na administração pública.

Apenas a agropecuária cresceu em 2020 e a expansão foi excepcional. Raimundo Leal lembrou que a boa performance já era esperada, mas não da forma como se confirmou, além das expectativas. O setor cresceu 11,2%, impulsionado pelo aumento expressivo de preços das commodities agrícolas e da produção no estado.





Numa conjunção inesperada, todas as seis principais estrelas do agronegócio mineiro – café, soja, cana-de-açúcar, milho, feijão e batata – mostraram aumento do volume produzido em 2020. Contribuição positiva foi dada também pela produção leiteira.

Há indicações de que o setor deve manter boa performance em 2021. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) prevê Valor Bruto da Produção (VBP) nacional recorde de R$1,142 trilhão neste ano, acréscimo de 15,8% frente a 2020.

O desempenho da agricultura tende a ser 19% superior na comparação, como reflexo de safra positiva e dos aumentos dos preços de itens como soja, milho, arroz e caroço de algodão.

A produção industrial de Minas começou 2021 no vermelho. Segundo o IBGE,o setor teve queda de 0,5% da produção em janeiro. Sete estados e o Nordeste mostraram perda.



Contudo, recente estudo divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta expansão de 4% do Brasil, com a continuidade da recuperação do setor, mas reconhece incertezas que só vão diminuir com a imunização contra a COVID-19 e medidas de estímulo na área econômica e de saúde.

Falta, ainda, combinar com os consumidores, que não sabem como vão ficar o emprego e a renda neste ano, enquanto a inflação segue seu curso de alta, inclusive a de vários alimentos.

Recuperação


Após a profunda queda da economia no primeiro semestre de 2020, o estado se recuperou entre julho e dezembro, mas não foi o suficiente. O melhor resultado no quarto trimestre foi apresentado pela indústria de transformação, com crescimento de 4,9%. Foi determinante no período a recuperação da cadeia metalmecânica (metalurgia, fabricação de produtos de metal, máquinas e equipamentos e veículos) e das fábricas de tecidos, papel e celulose.

Serviços públicos

-1,4% Foi quanto caiu atividade do segmento de energia e saneamento em Minas no ano passado
 

audima