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Soja e outras riquezas de Minas precisam de atenção, apesar do coronavírus

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Numa espécie de contradição ditada pelo avanço da COVID-19, as lavouras pelo país afora tanto deverão sofrer com os efeitos da pandemia quanto podem se beneficiar das dificuldades de vários países para continuar abastecendo o mercado mundial de alimentos, em razão da crise. É o que explica a importância de o Brasil antecipar o financiamento agrícola, proposta que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, admitiu estar discutindo, e dar atenção a um novo estudo da organização de conservação ambiental The Nature Conservancy (TNC) sobre a expansão da produção de soja. O tema tem especial interesse para o país e para Minas Gerais.



 

O levantamento de dados feito pela TNC Brasil, em parceria com a empresa de consultoria Agroicone, revela que existem mais de 18,5 milhões de hectares de pastagens no cerrado brasileiro já desmatados e adequados à produção de soja. Essa extensão – relativa a 2018 – significa mais que o dobro da área estimada como necessária (7,3 milhões de hectares), nas atuais condições do mercado da commodity, para assegurar a oferta do grão por ao menos 10 anos.

 

Em Minas, somente na área do cerrado, o estudo indicou 3 milhões de hectares de pastagens adaptadas à cultura da soja. Desse universo, 900 mil hectares mostram alguma escala de degradação, segundo a TNC. Trata-se de volume de terras significativo para que a expansão necessária e oportuna da produção de soja seja feita sem pressionar a vegetação nativa, principalmente num bioma com o valor do cerrado, como destaca Giovana Baggio, gerente de Agricultura Sustentável na TNC Brasil.

 

“O nosso estudo traz ideias que podem ser discutidas e planejadas para que a próxima safra já incorporem novos conceitos, novos sistemas de produção e incentivos econômicos específicos”, diz a especialista. Pressuposto é que embora a crise aberta pela pandemia do coronavírus vá postergar projetos e resultados por toda a economia, não impede que medidas importantes possam ser avaliadas e implantadas pelo agronegócio sustentável.



 

Donas de produção farta e diversificada, as áreas de cerrado em Minas proporcionam tanto as culturas tradicionais,notadamente o café, quanto aquelas riquezas obtidas da coleta pelas comunidades locais, como castanhas e pequi. Algumas delas estão em crescimento e justificam também pela capacidade de geração de renda a criação de incentivos e apoio governamental, na forma de políticas de longo prazo associados à preservação ambiental, como destaca Giovana Baggio.

 

Para a soja em Minas, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento projeta expansão de 470 mil hectares, o que representaria pouco menos de metade da área de pastagens degradas identificada no estudo da TNC. O grão já aparece na balança de comércio do estado com o exterior, embora longe da representatividade do café.

 

As vendas externas da soja mineira participaram com 3,6% da receita total das exportações do estado entre janeiro e março deste ano, de US$ 5,206 bilhões. Como no resultado das demais commodities agrícolas, houve queda do valor dos embarques do grão, de 23%, frente ao mesmo período do ano passado. Independentemente disso, a Secretaria de Agricultura de Minas informou, no fim de 2019, que as lavouras de soja prometiam crescimento de 5% ante 2018, alcançando 2,66 milhões de toneladas, segundo recorde da história da cultura no estado.



 

Mundial

Com extensão superior à soma dos territórios da Alemanha, Espanha, Itália, França e Reino Unido, o cerrado é considerado uma das principais regiões agrícolas do mundo, em especial da produção de alimentos. O avanço da pecuária e da agricultura resultaram na conversão de metade da vegetação nativa do bioma, segundo o estudo da TNC. Significa um alerta sobre as consequências em termos de emissões de carbono e biodiversidade.

 

PROMESSA

US$ 188 milhões

Foi o valor das exportações de soja de Minas Gerais de janeiro a março

 

Máscaras e jalecos

Especializado na formação de mão de obra para a indústria da moda mineira, o Senai Modatec está confeccionando máscaras e jalecos descartáveis a ser destinados à Secretaria Estadual de Saúde, hospitais públicos e Polícia Militar, em apoio ao combate ao novo coronavírus. A meta é produzir 200 mil máscaras e 6 mil aventais cirúrgicos. Os materiais são fabricados por funcionários do Senai Modatec e ex-alunos contratados pela instituição.