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2022: Bolsonaro vem aí!

Bolsonaro gostou do poder. A paixão foi instantânea. Fascinado pelas benesses do posto, parece plenamente adaptado. Pior, não quer mais voltar à vida de cidadão comum


postado em 03/07/2019 04:00


A campanha eleitoral de 2022 para a Presidência da República começou no último domingo, 30 de junho. Jair Bolsonaro, que já se declarou candidato à reeleição, insuflou seus partidários que foram às ruas em 88 municípios. Alguns, ingenuamente, acreditaram que estavam defendendo a Lava-Jato, a reforma da Previdência ou o ex-juiz Sérgio Moro. Não, o que estava em jogo era a sucessão presidencial. A antecipação do calendário eleitoral em três anos e meio é caso único na nossa história. A manifestação manteve o tom bélico tão típico de Bolsonaro. Foram atacados o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). Alguns, mais exaltados, propuseram fechar a Suprema Corte e defenderam um golpe militar sob a (suposta) capa constitucional – uma invenção tipicamente brasileira.

Em Brasília, a mazorca teve a participação de um ministro de Estado. E não foi qualquer um. Lá esteve um general da reserva, Augusto Heleno, que ocupa a chefia do Gabinete de Segurança Institucional. Discursou. Entrou no clima dos manifestantes. Implicitamente atacou o STF e o Congresso Nacional. Tratou até da reunião do G20. Chamou os opositores do bolsonarismo, sem qualquer matiz, de esquerdopatas e derrotistas. Sobre os 39 quilos de cocaína encontrados no avião presidencial, nenhuma palavra.

Jair Bolsonaro gostou do poder. A paixão foi instantânea. Fascinado pelas benesses do posto, parece plenamente adaptado. Pior, não quer mais voltar à vida de cidadão comum. Cercado por dezenas de assessores, todas as suas vontades são atendidas. Porém, resiste a ter de exercer as tarefas inerentes ao cargo. Reclama da agenda, do ritmo de trabalho, das viagens. Sente saudades dos tempos de deputado do baixo clero. Da irresponsabilidade das declarações, dos entreveros. Tudo era mais fácil. Agora não pode falar nada que logo cria uma crise. E, pior, tem de acompanhar o dia a dia do governo, algo de que não gosta. Prefere o inútil bate-papo a discutir com ministros ou parlamentares os graves problemas nacionais. Irrita-se facilmente. Não suporta as amarras constitucionais. Acha a Carta Magna um estorvo. Se pudesse escolher, governaria por decreto. Do Parlamento só trouxe mágoas. Ninguém o levava a sério. E foram 28 anos. Na eleição de que participou para a presidência da Câmara, em 2017, teve apenas quatro votos. Ficou em último lugar. Foi motivo de chacota. No STF, não tem nenhum ministro que admira. Crê que todos que lá estão são seus inimigos. Não entende o papel da Suprema Corte. Acha as discussões constitucionais absolutamente inúteis. Nunca leu a Constituição.

A falta de paciência – mero biombo para ocultar a enorme dificuldade para exercer as funções presidenciais – é a sua marca. Prefere sempre uma agenda leve, cerimônias religiosas ou militares, encontro com parlamentares aliados, eventos de pouca importância. Até hoje desconhece a reforma da Previdência. Não consegue explicar as principais disposições da PEC. Nas entrevistas para animadores de auditório dissertou obviedades. Não deu nenhum exemplo concreto, pois desconhecia aquilo que para seu governo é fundamental. Curiosamente, seus entrevistadores também não dominavam o tema. Aí, o Brasil assistiu a uma verdadeira comédia ao estilo dos irmãos Marx – recordando ao capitão que Groucho Marx não é primo de Karl Marx.

Mesmo assim, Jair Bolsonaro quer porque quer ser candidato à reeleição. Em um semestre pouco fez. Para esconder os fracassos econômicos – basta recordar a recessão do primeiro trimestre – resolveu se apropriar do que não era dele: o acordo União Europeia-Mercosul. As negociações vinham desde 1999. As principais dificuldades na UE vinham principalmente da França; e, no Mercosul, da Argentina. No governo Michel Temer, o acordo esteve muito próximo de ser assinado. E, na semana passada, as desastrosas declarações de Bolsonaro e de Augusto Heleno, no Japão, quase puseram tudo a perder.

A ratificação do acordo deve passar pela aprovação do Parlamento Europeu e pelos parlamentos nacionais de 28 países. Não será tarefa fácil. Especialmente porque o Brasil é malvisto quando se trata de defesa do meio ambiente. Nada mais desastroso do que as ações de Ricardo Salles. Ou alguma declaração de Damares Alves. Ou, ainda, um elogio de Bolsonaro aos ditadores do Cone Sul, desrespeitando o princípio constitucional da defesa dos direitos humanos nas relações internacionais (artigo 4º da Constituição). Serão dois anos tensos. Antes disso, dificilmente, os 28 parlamentos vão deliberar. E aprovar. Até lá teremos muitas emoções. Um bom e triste exemplo é o descaso com que o governo trata o Fundo Amazônia. A Noruega já participou com R$ 3 bilhões. O Brasil entrou com apenas R$ 17 milhões. Mesmo assim, o inepto Salles quer ter o controle da direção do Fundo e criticou os gestores, sem apresentar dados concretos, puro panfletarismo barato, ao estilo do porno-filósofo da Virginia, o guru de Bolsonaro e de seus ministros.

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