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ECONOMIA

Pelo terceiro ano o BC não cumprirá a meta de inflação. Mas e daí?

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Na disputa entre o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em torno das taxas de juros foi o próprio chefe da autoridade monetária quem forneceu munição para o governo. Questionado sobre as novas regras fiscais, ele acabou tendo que falar de taxas de juros na coletiva convocada para apresentar o relatório de inflação. Em certo momento, Campos Neto revelou que estudos mostram que a taxa de juros ideal para trazer a inflação ao centro da meta ainda este ano seriam hoje da ordem de inimagináveis 26%. Esse patamar de juros com a inflação projetada para 12 meses representaria uma taxa de juro real da ordem de 20%, o suficiente para zerar os investimentos e mergulhar a economia em uma recessão. O que era para ser um alerta vira um endosso para as reclamações do presidente Lula em relação às taxas de juros.





Com o comentário, o presidente do Banco Central praticamente descartou qualquer possibilidade de cumprimento da meta inflacionária de 3,25% com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou um limite entre 1,75% e 4,75%, neste ano. A projeção do mercado financeiro para a inflação deste ano está em 5,95%, acima do teto da meta. Isso signfica que há grande probabilidade de que, pelo terceiro ano consecutivo Campos Neto não consiga cumprir a meta de inflação. Na quarta-feira, o responsável por conduzir a autoridade monetária voltou a descartar uma mudança na taxa básica de juros no curto prazo. Campos Neto avaliou positivamente o ajuste fiscal proposto pelo governo, mas lembrou que não há uma relação automática entre a proposta e a redução das taxas de juros.

No governo, ministros descartam mudança na meta de inflação, mas quase sempre se referem ao patamar estabelecido para este ano. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que uma possível mudança na meta para a inflação este ano não está em discussão no governo. Para este ano a mudança na meta não teria nenhum efeito e ainda abalaria a confiança do mercado financeiro. Mas o que estará em questão são as metas para 2024 e 2025, fixadas em 3% para os dois anos também com 1,5 ponto de referência de tolerância. Com a meta deste ano já praticamente inatingível, a manutenção das taxas de juros miram atingir o objetivo, ainda que no limite superior, em 2024.

Em outras palavras, o Banco Central não lida mais com as expectativas do mercado financeiro em relação a 2023, mas sim em relação ao ano que vem. Portanto, uma mudança da meta de inflação para 2024 e 2025 permitiria uma acomodação das expectativas futuras. No mercado financeiro a mudança já é assimilada. Há quem advoque que ela seja feita com cautela para não precipitar uma piora nas expectativas e consequentemente no cenário econômico. Mas há quem avalie que quanto antes o governo decidir melhor para os negócios. No início do ano, o executivo de um dos principais bancos do país disse com todas as letras: “O que tiver que ser feito, que seja feito rápido”.





Nas duas primeiras reuniões que fez este ano, o Conselho Monetário Nacional (CMN), colegiado que define os parâmetros para o controle da inflação, não houve discussão sobre a meta de inflação. Mas até o meio do ano, o CMN terá que definir a meta inflacionária para 2026. Nesse momento a discussão sobre o estabelecimento de parâmetros de inflação que possam ser atingidos deve ganhar força, porque a persistência do juros básicos a 13,75% ao ano, com juros reais na faixa de 7%, para uma taxa de equilíbrio na economia brasileira entre 4% e 5% de taxa real, mostra ser ineficiente.

A bola agora está com o governo, que encaminha na semana que vem o projeto da nova regra fiscal ao Congresso, assim como deve anunciar medidas para elevar a arrecadação. Mas em breve a discussão sobre metas de inflação factíveis voltará com força. Manter a taxa de juros elevada para se perseguir uma meta de inflação que não será alcançada pela política monetária não se justifica, principalmente quando o resultado do arrocho pode ser mais desemprego, endividamento e empresas em dificuldades. É nesse ponto que o presidente Lula sustenta as críticas feitas ontem às metas de inflação.

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