Por um lado, as medidas econômicas fragilizam o principal “inimigo” militar. Hoje, a Rússia tem o maior arsenal nuclear. Com a atividade econômica estrangulada, Putin não terá como investir no aumento do poderio bélico. Apoiar a Ucrânia é a forma de o Ocidente domar as armas da Rússia. Isso, óbvio, se um momento de sandice não levar ao uso das mesmas.
O líder chinês Xi Jinping já deixou claro estar ao lado da Rússia – não na guerra da Ucrânia – e diante das restrições no mercado norte-americano investiu pesado em mercados emergentes na África e na América do Sul. Só no continente africano, as cifras chegam a US$ 50 bilhões nos últimos anos. E é preciso lembrar que China, ao lado da Rússia, da Índia – que também não aderiu às sanções –, do Brasil e da África do Sul formam o Brics.
Fica clara a posição dos Estados Unidos, que, de um lado, impõem sanções, mas, de outro, podem fortalecer os laços entre Rússia e China, unindo poder econômico e bélico suficiente para se contrapor à América. Mas esses são apenas cenários possíveis diante dos movimentos geopolíticos e econômicos em um ambiente muito turvo ainda.
Preços de petróleo, gás, metais básicos não devem recuar para patamares anteriores à virada do ano. A redução da oferta russa não aponta para o recuo desses preços. No muito, a estabilização nos patamares atuais, os mais altos dos últimos anos.
A indústria, que viu sua produção recuar 2,4% em janeiro, assim como o agronegócio, que teve problemas de safra por conta do clima no início do ano, serão afetados. Nas fábricas, o risco é de faltar peças em setores já afetados por desabastecimento de semicondutores, por exemplo, com o encarecimento de outros insumos. No campo, o maior receio é faltar fertilizantes, o que, segundo o Ministério da Agricultura, pode ocorrer já no plantio da próxima safra de soja, em outubro. Vamos ter problemas até o fim do ano.