Com a escassez das chuvas e perspectiva de retomada do crescimento econômico pressionando a demanda por energia elétrica, deve ganhar força nas próximas semanas as discussões sobre a adoção do horário de verão este ano novamente. Ao ser questionado na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse a apoiadores que a medida não será adotada por não trazer nenhum ganho financeiro e por mexer no horário biológico.
O presidente esquece que antes do ganho financeiro já houve prejuízo para consumidores e empresas, que têm que arcar com um aumento de 52% no valor da bandeira tarifária imposta para cobrir os custos mais altos com o uso de todas as termelétricas disponíveis. Esquece também que se trata de uma medida extraordinária para contribuir com a redução dos riscos de que tenhamos racionamento em 2022, o que sepultará as chances de reeleição.
O presidente esquece que antes do ganho financeiro já houve prejuízo para consumidores e empresas, que têm que arcar com um aumento de 52% no valor da bandeira tarifária imposta para cobrir os custos mais altos com o uso de todas as termelétricas disponíveis. Esquece também que se trata de uma medida extraordinária para contribuir com a redução dos riscos de que tenhamos racionamento em 2022, o que sepultará as chances de reeleição.
Simulações mostram que sem a adoção das medidas pela Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Energética, o risco de racionamento já este ano chega a 28,5%. Com as medidas até agora, todas voltadas para segurar a água nos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste, que respondem por 70% da capacidade de geração hidrelétrica do país, esse risco cai para 5,6%.
A expectativa do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é de que eles fechem julho com 26,4% da capacidade de armazenamento. Só para se ter ideia do tamanho da crise, nesta mesma época no ano passado, os reservatórios da região estavam com 50% da capacidade.
A expectativa do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é de que eles fechem julho com 26,4% da capacidade de armazenamento. Só para se ter ideia do tamanho da crise, nesta mesma época no ano passado, os reservatórios da região estavam com 50% da capacidade.
Agora, o problema maior é o aumento da demanda exatamente no período seco do ano. Nas contas do ONS, a demanda de energia terá aumento de 3,7% este mês em relação a julho do ano passado. A previsão inicial é de que este ano o crescimento no consumo de energia seja da ordem de 4%, mas a aceleração da economia vai elevar esse percentual. Na relação direta, o crescimento do consumo de energia sempre fica acima da variação do PIB. Com uma alta acima de 6% na geração de riqueza, esse item terá expansão similar.
E essa elevação vai se dar, principalmente, no setor industrial, que é responsável por 31% do consumo energético do país, sendo a energia elétrica responde por 29,9% desse total. Por isso, o governo estuda incentivar as empresas a deslocarem a carga do horário de ponta, com o uso das máquinas em outros horários, quando a oferta de energia fica muito acima da demanda. Mesmo com o acionamento de aparelhos de ar-condicionado deslocando a ponta de consumo das 18h para o meio da tarde, o horário de verão teria impacto, diante da gravidade da crise.
Além do aspecto energético, a adoção do horário de verão ganhou apoio de representantes do turismo, comércio e bares e restaurantes. Duramente afetados pela pandemia do coronavírus, eles enxergam no adiantamento do relógio e na hora a mais com luz do sol no dia a possibilidade de maior movimento dos clientes, ajudando assim a recuperar o prejuízo do período em que foram forçados a paralisar suas atividades. Seria ainda uma sinalização para os consumidores de que todo o esforço possível para evitar uma situação de desabastecimento está sendo feito.
Nas próximas semanas, a coluna estará de férias, retornando em agosto.
Segurança
BMC, líder global em soluções de software para empresa digital autônoma, anunciou o desenvolvimento de inovações nos sistemas de segurança de mainframe para proteção contra ameaças internas maliciosas. Com isso, o uso de plataforma integrada de computadores para processar grandes volumes de informações fica mais seguro, com detecção de pontos fracos e atividades maliciosas.
Energia cara
Com a necessidade de acionar todas as térmicas disponíveis para preservar a água armazenada nos reservatórios das hidrelétricas, o sistema elétrico tem operado com termoelétricas que geram energia a um custo de R$ 1.400 o megawatt (MW), contra um custo da ordem de R$ 90 nas eólicas e entre R$ 100 e R$ 150 nas usinas solares. É um valor muito alto mesmo em relação a outras térmicas, como as de biomassa.
Capitais
R$ 253 bilhões é o valor que as empresas brasileiras levantaram no mercado de capitais no primeiro semestre deste ano, segundo dados da Anbima