O PT, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o Psol boicotaram os atos, que nem de muito longe tiveram a força das manifestações realizadas em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, no Dia da Independência, 7 de setembro. Por quê?
Faz sentido, embora seja inconfessável, os petistas serem contra o impeachment de Jair Bolsonaro. Primeiro, por causa da turbulência política e dos riscos de a radicalização isolar a legenda; segundo, porque Bolsonaro fora da disputa abre espaço para que um candidato de perfil mais moderador ocupe o centro político e receba os votos conservadores por gravidade.
As pesquisas indicam ser mais fácil tomar a vaga de Bolsonaro do que a de Lula. Nove entre 10 analistas avaliam que Bolsonaro perdeu as condições de se reeleger, entretanto, se outro candidato chegar ao segundo turno contra Lula, o petista pode ser derrotado. Por essa razão, o PT não vai facilitar a vida de nenhum candidato de oposição. Pelo contrário, vai tentar mostrar nas próximas manifestações que é a única força capaz de derrotar Bolsonaro.
Resistência institucional
O presidente da República foi obrigado a recuar devido à força das instituições republicanas, principalmente os demais poderes, sob a liderança do Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro também não tem o apoio das Forças Armadas para dar um golpe de Estado, como ficou evidente na semana passada.
A alta burocracia federal, principalmente nas carreiras típicas de Estado, tem verdadeira ojeriza ao estilo de gestão adotado pelo presidente da República.
Esses movimentos tiveram um caráter antissistema, ou seja, “contra tudo o que está aí”, no impeachment de Dilma Rousseff, porém, nas eleições de 2018, sua base mais conservadora foi capturada pelo presidente Jair Bolsonaro, que a transformou em redes de apoio na internet.
Os setores mais moderados, identificados com as ideias e propostas de caráter liberal ou social-democrata, que se deslocaram do Bolsonaro, estão diante de um problema que os movimentos cívicos, por sua natureza, não podem resolver sem os partidos de oposição: encontrar um candidato para chamar de seu.