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Estado de Minas COLUNA

Com ministros como Paulo Guedes, governo dispensa adversários

Chefe da pasta da Economia imprimiu as próprias digitais na resistência à aquisição das vacinas durante o ano passado, prato cheio para a CPI da COVID-19


28/04/2021 04:00 - atualizado 28/04/2021 07:37

Na foto ao lado de Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou a China, maior fornecedor de insumos para vacinas ao Brasil(foto: Evaristo Sá/AFP - 29/3/21)
Na foto ao lado de Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou a China, maior fornecedor de insumos para vacinas ao Brasil (foto: Evaristo Sá/AFP - 29/3/21)


No mesmo dia em que a CPI da COVID-19 foi instalada no Senado, cerimônia na qual o seu relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que seu trabalho será orientado pela ciência e não pelo negacionismo, doa a quem doer, o ministro da Economia, Paulo Guedes, em reunião do Conselho de Saúde Complementar, voltou a alimentar especulações de que o novo coronavírus é um produto de laboratório da China.

De quebra, menosprezou a vacina produzida pelo Instituto Butantan, a CoronaVac, de origem chinesa, ao afirmar que a principal vacina utilizada para conter a pandemia no Brasil, aplicada em 80% dos imunizados até agora, é menos efetiva do que o imunizante da Pfizer, produzido nos Estados Unidos, embora ele próprio tenha utilizado a vacina chinesa.
 
Guedes não sabia que a reunião estava sendo gravada, mas isso não atenua a gravidade do que falou, pela importância do cargo que ocupa e pelo fato de que a China é o principal parceiro comercial do Brasil e o principal fornecedor de insumos para produção de vacinas: “O chinês inventou o vírus, e a vacina dele é menos efetiva do que a americana. O americano tem 100 anos de investimento em pesquisa. Então, os caras falam: 'Qual é o vírus? É esse? Tá bom, decodifica'. Tá aqui a vacina da Pfizer. É melhor do que as outras”, disse Guedes.

Sua declaração ocorre num momento delicadíssimo, em que o Brasil precisa desesperadamente de insumos chineses para produzir tanto a vacina do Butantan como a que está sendo fabricada pela Fiocruz, a AstraZeneca.
 
As insinuações de que o vírus da COVID-19 seria um produto de laboratório da China, que teria saído do controle – ou que tenha sido disseminado pelo governo chinês numa suposta “guerra biológica” contra o Ocidente –, são disseminadas intensamente nas redes sociais pelos grupos negacionistas, tendo sido reverberadas no ano passado pelo filho do presidente da República, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), então presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o que provocou um incidente com o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming.
 
Como Guedes fez agora, na ocasião, Eduardo Bolsonaro atribuiu à China responsabilidades pela pandemia. “Quem assistiu Chernobyl vai entender o que ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. A culpa é da China“, escreveu em seu perfil de Twitter, em 18 de março do ano passado.

A embaixada foi dura na resposta, afirmou que o filho do presidente da República havia “contraído vírus mental” ao retornar de viagem aos Estados Unidos. E que o alinhamento do governo brasileiro com o então presidente norte-americano Donald Trump estaria “infectando amizades” entre as populações de Brasil e China.

Atraso na vacinação


O embaixador da China repudiou veementemente as declarações de Eduardo Bolsonaro e exigiu pedido de desculpas. O então chanceler Ernesto Araújo pôs mais lenha na fogueira, ao defender o filho do presidente: “é inaceitável que o embaixador da China endosse ou compartilhe postagem ofensiva ao chefe de Estado do Brasil e aos seus eleitores”, disse.

Bolsonaro bancou a posição do filho e, sigilosamente, pediu à China, em março e em novembro de 2020, a troca do embaixador chinês no Brasil. Pequim ignorou os pedidos e manteve o diplomata no posto. Araujo acabou defenestrado do cargo, por causa da eleição do democrata Joe Biden para a Presidência dos Estados Unidos.
 
Um dos assuntos que serão investigados pela CPI da COVID-19 é o atraso na compra de vacinas. O presidente Jair Bolsonaro chegou a vetar a aquisição da CoronaVac. “Da China nós não compraremos. É decisão minha. Eu não acredito que ela transmita segurança suficiente para a população pela sua origem. Esse é o pensamento nosso”, disse, em outubro passado.

Bolsonaro também recusou a oferta de 70 milhões de doses da vacina da Pfizer, que seriam entregues em dezembro. Desenvolvida por um casal de cientistas turcos radicado na Alemanha, criadores da Biontech, a vacina poderia estar sendo aplicada no Brasil desde janeiro. Com sua declaração, Guedes imprimiu as próprias digitais na resistência do governo à aquisição da s vacinas durante o ano passado, prato cheio para a CPI da COVID-19.

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