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COVID-19: Campeonato Alemão volta neste sábado, assumindo os riscos

Fico imaginando como os jogadores vão se comportar em campo. Dá tempo assimiliar tudo? Lembrar do que é proibido e liberado no calor de um jogo?


postado em 15/05/2020 04:00

Estádio Signal Iduna Park vai receber neste sábado a reabertura do Campeonato Alemão, com o jogo entre Borussia Dortmund e o Schalke (foto: INA FASSBENDER/AFP)
Estádio Signal Iduna Park vai receber neste sábado a reabertura do Campeonato Alemão, com o jogo entre Borussia Dortmund e o Schalke (foto: INA FASSBENDER/AFP)


Eu sei, você deve estar cansado deste papo de quarentena. De isolamento social. Distanciamento. O sangue latino nos leva quase que inconscientemente à aproximação. Ao toque. A conversas com estranhos no ponto de ônibus, na fila do banco, no corredor do supermercado. A abraçar, instintivamente, um familiar ou amigo querido. Eis que, não mais que de repente, a gente precisou recuar. Silenciar. Comunicar-se com o outro mais pelo olhar. As poucas palavras ditas, nas raras saídas de casa, são abafadas por uma máscara. Sorrisos ficam ocultos, ou reservados aos mais próximos. Por algum tempo, esse será o nosso normal.

A primeira vez em que ouvi a expressão “novo normal” me assustei. Foi em um vídeo do pesquisador brasileiro Atila Iamarino, logo na chegada da pandemia de COVID-19 ao Brasil. “Sabe aquela vida que você tinha até fevereiro? Ela não existirá mais”, disse o biólogo, que é doutor em virologia e já estudava o coronavírus antes mesmo desta nova versão, que nos afeta agora. Eu custei a digerir essa afirmação.

De início, não temos dimensão do que isso significa. Porque a gente se apega ao que considera normal. Muitas vezes, nem se importa se está bom ou ruim, se lhe causa prazer ou desgosto. Você se acostuma à rotina, ao conhecido. Quando é bruscamente retirado daquele funcionamento quase automático, perde o chão. Sente saudade até dos perrengues.

Aos poucos, a gente vai aprendendo (ou tentando) a treinar o olhar, a redirecionar os pensamentos. Essa parada forçada nos tirou o contato com pessoas de quem gostamos, nos privou de atividades que adorávamos, nos roubou a liberdade total que acreditávamos ter, mas também nos livrou de algumas roubadas – consigo até listar algumas aqui mentalmente.

Nosso desafio, agora, é olhar para esse livro com páginas novas e, a cada dia, aprender a escrevê-lo. É mais ou menos isso que os clubes de futebol estão tentando fazer em meio à pandemia. Buscar uma forma de resgatar uma rotina, um planejamento, um controle. Criar logo o novo normal, muito distante daquele velho normal, vivido até fevereiro.

O Cruzeiro retomará o trabalho na Toca da Raposa II na quarta-feira. Depois de obter a liberação da Prefeitura de BH, o clube definiu o que hoje se tornou palavra de ordem mundo afora: os protocolos sanitários. São as regras a serem seguidas para, segundo eles, garantir maior segurança na volta às atividades.

O América aguarda resposta da Prefeitura de Contagem para marcar o dia do retorno dos treinos da equipe profissional masculina ao Lanna Drumond. Já o Atlético, embora tenha o aval da Prefeitura de Vespasiano e tenha feito testes em jogadores e funcionários, ainda não divulgou sua programação.

Fico imaginando como será esse recomeço em um esporte naturalmente de tanto contato físico como o futebol. Quantos cuidados serão suficientes (serão mesmo?) para evitar a propagação da COVID-19 – que não é uma gripezinha e nem vem matando apenas quem faz parte de grupo de risco.

É nesse cenário que a Alemanha se adianta aos demais e coloca a bola pra rolar pelo Campeonato Nacional neste sábado, com o clássico Borussia Dortmund x Schalke. Sem torcida, sem mascote em campo, sem direito a comemoração com os companheiros em caso de gol – estão permitidos apenas toques com os cotovelos e os pés –, com treinadores e jogadores reservas de máscara e guardando uma distância de “segurança” entre si, além de um detalhe curioso e não menos importante: a missão de lavar os uniformes será de quem usá-lo.

Fico imaginando como os jogadores vão se comportar em campo. Dá tempo de assimiliar tudo isso? Lembrar-se do que é proibido e liberado no calor de um jogo? Tentar se esquivar de perdigotos alheios na luta pela bola? Se eu, que só saio de casa para fazer compras, repasso mentalmente, a cada passo, o meu protocolo sanitário pessoal de usar máscara, não me aproximar das pessoas, não levar a mão ao rosto, etc., para não fazer nada errado, imagina um jogador em meio a uma partida?

Na Europa (inclusive na própria Alemanha), há uma corrente contrária à volta dos jogos de futebol. Eu entendo os motivos de quem quer reativar a máquina milionária do esporte bretão (são muitos os intere$$e$ envolvidos), mas as incertezas ainda são maiores que as certezas para assumir o risco. Na verdade, eles estão é pagando (literalmente) para ver o que vai acontecer.

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