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COVID-19: o que o retorno do Campeonato Alemão vai nos mostrar

A questão é saber quão factível é esse controle total ao qual os dirigentes germânicos se propõem


postado em 08/05/2020 04:00 / atualizado em 07/05/2020 23:37

Manuel Neuer, goleiro e capitão do Bayern de Munique, que tenta a conquista de seu oitavo título alemão consecutivo(foto: CHRISTOF STACHE/AFP)
Manuel Neuer, goleiro e capitão do Bayern de Munique, que tenta a conquista de seu oitavo título alemão consecutivo (foto: CHRISTOF STACHE/AFP)


Quando ouço alguém falar em volta dos campeonatos de futebol – especialmente no Brasil – fico imaginando que essas pessoas estão um pouco desconectadas da realidade. Eu me pergunto se elas realmente sabem o que está acontecendo planeta afora. Que tem uma pandemia que já provocou quase 270 mil mortes e para a qual não há cura, ou tratamento – vacina, dizem os especialistas, só daqui um ano, e olhe lá!

A realidade é dura por si só, então para tentar amenizá-la fui em busca de quem está no sentido oposto ao dos que só se preocupam com economia/grandes empresários, deixando de lado o principal: a vida. E essa vida é a de todos. Não vale ser só a de quem você conhece. Até porque a COVID-19 não escolhe vítimas. Todos estamos sujeitos a ela e o nosso risco de pegar estará diretamente relacionado ao cuidado que temos, não só conosco.

É bom perceber que no mercantilista mundo do esporte – essencialmente do futebol – há quem esteja preocupado com o que realmente importa neste momento. E são de exemplos assim que precisamos para seguir, além de reponsabilidade e coragem, muita coragem, como escreveu Guimarães Rosa.

Começo listando o técnico do Sheffield United, da Inglaterra, Chris Wilder, que diante da possibilidade de retorno da Premier League afirmou que não obrigará nenhum de seus jogadores a entrar em campo, caso alguém tenha receio de ser contaminado pelo novo coronavírus. “Se qualquer jogador disser: 'isso não é para mim', eu respeitarei”, afirmou o treinador, em entrevista à emissora BeIn Sport.

Wilder é contra o cancelamento da temporada, por motivos, segundo ele, não só financeiros, mas também sociais. Mas nem por isso assumiu a postura de que todos devem seguir a cartilha cegamente. Imagino como deve se sentir um trabalhador sendo obrigado a se apresentar ao emprego que não está entre as atividades essenciais e, assim, colocando em risco a sua vida e das pessoas que o cercam. Com jogador de futebol não é diferente. Com ninguém deveria ser.

Por essas e outras que é necessário aplaudir iniciativas como a da França, que deu a temporada por encerrada. Na Holanda, a conscientização é de dar inveja: o campeonato não apenas foi cancelado (a edição 2020/2021 está marcada para começar em setembro) como já está determinado que o público só terá permissão para voltar aos estádios quando houver uma vacina contra o novo coronavírus.

A volta do Alemão, a partir do dia 16, vai nos dar um pouco da noção sobre essa realidade. Os jogos terão portões fechados e uma série de restrições que eles acreditam ser suficientes para tornar o ambiente seguro. Entre as questões imprescindíveis está a testagem em larga escala dos jogadores, inclusive na véspera das partidas.

A imprensa germância diz que os clubes têm consciência de que uma contaminação em massa de atletas resultaria no confinamento das equipes e na suspensão definitiva da temporada. Na análise deles, não só um fracasso como uma catástrofe. A questão é saber quão factível é esse controle total ao qual os dirigentes alemães se propõem.

O goleiro Neuer, do Bayern de Munique – que se encaminha para o oitavo título alemão – vai além. Diz que os atletas são, agora, exemplos “sociais”. Fato é que fica difícil dissociar os objetivos puramente técnicos da retomada de uma competição a esta altura dos motivos comerciais, como a perda de patrocínios milionários. Na própria Alemanha a decisão está longe de ser unanimidade.

Por outro lado, vamos considerar que a disciplina germânica leve a um plano bem-sucedido, e o futebol não se torne um vetor a mais da COVID-19. Vamos tentar enxergar a tradicional caneca de cerveja alemã meio cheia, sob a ótica dos otimistas. Ainda que dê certo por lá, não vamos nos atrever a acreditar que aqui será do mesmo jeito.

Imagine todos os clubes do Campeonato Mineiro, que mal têm dinheiro para bancar seu grupo de jogadores (e pode incluir na conta os três da capital,  que passam por momento financeiro bem complicado), tendo de gastar com testes e mais testes, para cumprir o protocolo alemão. Examinando semanalmente os integrantes do departamento de futebol e, obrigatoriamente, na véspera das partidas. Você consegue imaginar esse cenário?

Agora estende essa projeção para todo o país. É possível contar com essa operação de guerra, enquanto a pandemia ainda arrasa famílias? Mais do que isso: no meio de tanta tristeza, tantas preocupações, alguém de fato tem motivação para assistir  a um jogo e comemorar um gol do seu time?

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