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Torcida do Galo espera que a Chape'2019 não seja o Fortaleza'2005

"O Atlético iniciou novembro de 2005 moralmente rebaixado. O novembro de 2019 começa com velhos defeitos sendo percebidos por mais gente (antes tarde do que nunca)"


postado em 01/11/2019 04:00 / atualizado em 01/11/2019 16:30

O Galo foi derrotado pelo Fortaleza, de virada, por 3 a 2, no Mineirão, em 26 de outubro de 2005. Jogo é considerado por muitos determinante para a queda para a Série B(foto: Jorge Gontijo/Estado de Minas - 26/10/05)
O Galo foi derrotado pelo Fortaleza, de virada, por 3 a 2, no Mineirão, em 26 de outubro de 2005. Jogo é considerado por muitos determinante para a queda para a Série B (foto: Jorge Gontijo/Estado de Minas - 26/10/05)


Muita gente tem comparado a derrota do Atlético para a Chapecoense, por 2 a 0, na noite de quarta-feira, no Independência, àquela para o Fortaleza, por 3 a 2, no Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro de 2005 – que, para muitos, decretou o rebaixamento do Atlético para a Segunda Divisão, não ainda matematicamente, mas psicologicamente. O tal divisor de águas. O torcedor que acompanhou todo aquele calvário de 14 anos atrás está sendo atormentado por várias semelhanças que ele enxerga entre aquele momento e o atual. Realmente, há algumas sim. Mas, consultando os afarrábios da época de repórter, pude constatar algo que pode servir de conforto: o Galo daquela época, a esta altura do ano, já era caso perdido. A situação era muito, mas muito pior.

Que fique claro: isso é tão somente uma constatação jornalística baseada em fatos, que vou listar aqui. Não é nenhum sinal de otimismo em relação ao que está por vir, nem tampouco uma avaliação positiva da realidade alvinegra. A questão é puramente matemática. O Atlético iniciou novembro de 2005 moralmente rebaixado, no fundo do poço e sem a expectativa de que sairia de lá. O panorama era irreversível. O novembro de 2019 começa com velhos defeitos sendo percebidos por mais gente (antes tarde do que nunca), cobranças fortes em cima da diretoria e dos jogadores, porém, a situação, em termos de probabilidade de descenso, é menos desastrosa – embora efetivamente muito perigosa.

Antes de chegar à catastrófica partida contra o Fortaleza, é preciso situar melhor como era o cenário atleticano em 2005. O clube vivia um ano confuso praticamente desde janeiro, dentro e fora de campo – na temporada anterior, escapara da queda para a Série B apenas na última rodada. A partir de agosto, tudo se complicou. O técnico Tite pediu demissão pela segunda vez em três dias e, desta feita, foi atendido pelo então presidente Ricardo Guimarães. Alexandre Gallo era o preferido, mas quem assumiu foi Marco Aurélio.

Um racha político, na semana seguinte, conturbou ainda mais o ambiente. Desgastado e descontente com manobras de bastidores pela volta ao comando do presidente do Conselho Deliberativo, Alexandre Kalil, com plenos poderes, Ricardo Guimarães anunciou que deixaria o cargo em 31 de dezembro, um ano antes do fim do mandato. Sérgio Sette Câmara (atual presidente), que era um dos vices, apresentou sua renúncia.

O clima era bélico. Isso foi comprovado dois dias depois: na derrota, de virada, para o Vasco, por 2 a 1, em São Januário, um integrante da Galoucura invadiu o campo e tentou agredir o lateral Rubens Cardoso. Levou uma voadora do volante Walker e apanhou de jogadores atleticanos. Na chegada ao aeroporto de Confins, torcedores tentaram agredir Walker. Seguranças do Galo e policiais tiveram de intervir. Nem 24 horas se passaram e o clube divulgou o afastamento de nove, que passariam a treinar na Vila Olímpica: Rodrigo Fabri, Evanílson, Tesser, Leandro Smith, Ataliba, Djair, Prieto, Marcelo Sá e Pablo Gimenez.

A turbulência continuou. Às vésperas do jogo contra o Juventude, no Mineirão, Marco Aurélio barrou um dos mais experientes do grupo, o goleiro Danrlei (Leo Silva de hoje?), que pediu para nem ficar no banco. Bruno, que anos depois ganharia os noticiários policiais por assassinar a modelo Eliza Samúdio, mãe do filho dele, foi escalado. Em setembro, foi a vez de o armador Fábio Baiano ser afastado. No fim do mês, jogadores e comissão técnica fizeram uma paralisação, em protesto por salários atrasados.

Um salto até 22 de outubro. O Atlético é derrotado pelo Atlético-PR por 2 a 0, na Arena da Baixada. O revés obriga o alvinegro a vencer cinco dos nove jogos que restavam para escapar da degola. Chegamos à noite de 26 de outubro, uma quarta-feira, no Mineirão. A fatídica partida contra o Fortaleza. Com gols de Catanha, que entrara no intervalo, o Galo faz 2 a 0, aos 8 e aos 32min do segundo tempo. Em cinco minutos, contudo, vê a vitória ruir: os cearenses marcam aos 35, aos 37 e aos 40min. O goleiro Diego, que substituía Bruno, suspenso, saiu como vilão, por falhar em dois gols. Marco Aurélio pediu demissão.

Àquela altura, todos no clube percebiam que o rebaixamento era inevitável. Chegou Lori Sandri e, na estreia, derrota para o Palmeiras (3 a 1), a quarta consecutiva da equipe. Em seguida, um 2 a 2 com o São Paulo, numa partida em que o Atlético esteve duas vezes à frente no placar. A maré não virava. Quatro dias depois, o 2 a 1 para o Goiás determinou: a partir dali, era 100% de aproveitamento ou a queda. Não é que nos três jogos seguintes a vitória veio, como um sopro de esperança para os torcedores? Foram dois 2 a 0 (diante de Paysandyu e Fluminense) e o 1 a 0 sobre o Coritiba. Mal sabiam que era o beijo da morte.

A torcida ainda não cantava, como na Copa Libertadores de 2013, mas acreditava. Na penúltima rodada, diante de mais de 40 mil no Gigante da Pampulha, o Vasco de Romário. Uma minguada vitória era suficiente. O placar nem se mexeu. Um frio 0 a 0 decretou o rebaixamento do Galo. O caos cobrou seu preço.



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