Jornal Estado de Minas

JUVENTUDE REVERSA

A idade não nos define, jovens e velhos, precisamos nos sentir úteis


Fomos acostumados a pensar no termo “terceira idade” quando falamos de um grupo de idosos. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a classificação das faixas etárias no Brasil ocorre da seguinte maneira:

  • jovem, do nascimento até aos 19 anos de idade;
  • adulto, a população que possui idade entre 20 e 59 anos;
  • idoso, as pessoas com 60 anos em diante.
Para a OMS (Organização Mundial de Saúde), o envelhecimento é classificado de outra forma:

  • meia idade, a população que possui idade entre 45 e 59 anos;
  • idoso, entre 60 e 74 anos;
  • ancião, as pessoas entre 75 e 90 anos;
  • velhice extrema, os indivíduos de 90 anos em diante. 
A idade não nos define, são apenas números. O processo de envelhecimento contemporâneo permite diferentes visões e reflexões sobre o viver e o envelhecer, e cada idoso pode engendrar o seu próprio caminho, sem regras pré-estabelecidas. Acredito que todos, jovens e velhos, precisamos nos sentir úteis, precisamos saber que podemos contribuir de alguma maneira. 



“Mesmo jovem demais para envelhecer, aos 31 anos, Neymar desistiu”, comentou o jornalista PVC sobre a escolha do jogador em disputar o torneio saudita, como se o fato relegasse o jogador a um tipo de “autoexílio”.  Afinal, ao optar pela “aposentadoria” na Arábia, a sociedade não deve mais contar com o Neymar “capitão de nossa seleção”.  Mesmo tendo abandonado a frente da batalha, sua carreira não deixou de transmitir atributos típicos de liderança. Ele será sempre lembrado como um grande jogador, mas poderia fazer mais, transmitindo sua experiência para jogadores como Vinicius Jr, Rodrygo, Reinier, Paulinho e tantos outros talentosos jovens futebolistas que despontam no cenário atual. Portanto, Neymar fará menos do que poderia, desistindo cedo.

O debate sobre a hora da troca de bastão com a geração que chega e a disposição dos profissionais experientes em permanecer no mercado de trabalho, precisa avançar no mundo corporativo. Graças à experiência acumulada em suas trajetórias, os mais velhos têm a oportunidade de consolidar habilidades como o pensamento crítico, a capacidade de autogestão e de resolução de problemas, a resiliência, a liderança e o traquejo social. São legados que precisam ser transmitidos para a geração que chega.

Considerando a significativa participação de profissionais acima dos 40 anos no mercado de trabalho, que passou de 38,6% para 45,1% entre os anos de 2012 e 2023, a presença de maduros nos meios profissionais faz realmente a diferença!  A melhor forma de fazer com que as gerações mais velhas passem o bastão de forma gradual e menos traumática são os programas de mentoria reversa, uma metodologia de ensinamento e aprendizado de mão dupla.



Inúmeros estudos revelam que a convivência de diferentes pontos de vista dentro de uma mesma equipe gera maior produtividade, mais inovação e, consequentemente, mais lucro para as organizações. A convivência entre jovens e velhos no ambiente de trabalho (e também fora dele) é, portanto, bastante proveitosa para todos. É melhor passar a liderança de uma geração a outra com todos os craques juntos.  É assim que se constrói um futuro de respeito à pessoa idosa. É assim que construímos um futuro melhor para todos. Afinal, não podemos esquecer que o envelhecimento é um dom da vida e diz respeito a todos nós, sem exceção.