Jornal Estado de Minas

JUVENTUDE REVERSA

Exemplos de mitos relacionados com a população idosa a serem superados

}Para os gregos da antiguidade, os mitos expressavam os desejos e aspirações da humanidade diante da realidade posta e das adversidades a serem superadas. Podiam ser entendidos como representações de verdades profundas da mente humana e cumpriam o papel de ensinar e de criar a cultura da época, por meio de narrativas repletas de simbolismos, personagens sobrenaturais, deuses e heróis. Os mitos funcionavam como lições sobre como se deveria viver a vida e encarar a morte. A reunião dessas narrativas é chamada de mitologia.



Os mitos continuam existindo na modernidade, embora sem a unidade e conexão que caracterizavam as narrativas da Grécia antiga. As estruturas míticas atuais estão fortemente presentes sobretudo nas imagens difundidas pelas mídias, que acabam por impor determinadas visões de mundo, comportamentos e códigos de conduta que são rapidamente assimilados por toda a sociedade. O etarismo – esse preconceito infame de idade - emerge desse contexto. 

Estima-se que em 2030 haverá mais idosos no Brasil do que crianças, e em 2040, cinquenta e sete por cento da força de trabalho do país será exercida por pessoas de 45 anos ou mais. Assim como caíram com o tempo as crenças de que a terra é plana, de que cães suam salivando ou que Elvis Presley está vivo, chegou o momento de algumas crenças sociais relacionadas ao envelhecimento também entrarem para o passado mítico. 

Abaixo, cito alguns exemplos de mitos relacionados com a população idosa a serem superados: 

“Eles não podem ocupar vagas de trabalho”
Em excelente artigo para o portal G1, “Longevidade: Modo de Usar” de 30/05, Mariza Tavares teceu ótima reflexão sobre alguns motivos pelos quais os trabalhadores maduros, acima de 50 anos, são um ótimo negócio para os empregadores. Segundo a autora, graças à experiência que acumularam em suas trajetórias, os idosos tiveram oportunidade de consolidar habilidades e atributos específicos tais como pensamento crítico, capacidade de autogestão e de resolução de problemas, resiliência, liderança e traquejo social, capacidade de mentoria, estabilidade e conexão com o mercado. Acreditem nisso! 

“O declínio cognitivo é inevitável com a idade”
Segundo projeções, quem nasce em 2023 poderá viver até 150 ou 200 anos devido aos avanços da gerontologia – a ciência que estuda o envelhecimento – o que permitirá que as pessoas sejam mantidas nas esferas das decisões econômicas, corporativas e políticas por muito mais tempo.



“Eles não sabem das coisas”
Sabem sim! É preciso conhecer e respeitar a história do idoso e, principalmente, respeitar suas necessidades e opiniões, mesmo que não concordemos com elas.  Deve-se procurar entender os idosos e deixá-los fazer suas próprias escolhas, colocando-se à disposição para ajudá-los, quando for o caso. Não se deve tratar o idoso como uma criança e nem provocar o seu isolamento social, seja em casa, no trabalho ou em qualquer outro ambiente. 

“Eles não têm interesse sexual”
Quem disse? A sexualidade ainda é vista como um tabu em se tratando de pessoas mais velhas. É comum que os hormônios mudem, mas não que haja perda do desejo sexual. O sexo pode ganhar outros sentidos e prioridades, porém continua tendo papel importante, do mesmo modo que os jovens. Deixem os idosos amarem! 

É importante a quebra desses mitos e estereótipos citados acima e de muitos outros que recaem sobre a velhice. A luta contra o etarismo deve somar-se à tantas outras lutas identitárias e inclusivas em curso no mundo contemporâneo, tais como as que envolvem a igualdade de gênero, raça, orientação sexual, capacidade e tantas outras. A palavra de ordem é: Respeitem as diversidades!