Jornal Estado de Minas

COLUNA DE JAECI CARVALHO

Casemiro salva o Brasil em péssimo jogo contra a 'pedra no sapato' Suíça

 
DOHA - Foi no sufoco, na raça, na vontade e na regularidade de Casemiro que o Brasil conseguiu sua classificação antecipada para as oitavas de final da Copa do Mundo, no Estádio 974. O time de Tite sentiu falta de um criador de jogadas, Neymar, e teve uma atuação ruim. Não conseguia furar o bloqueio defensivo dos suíços, que se portaram muito bem, diante daquilo que se propuseram. Agora, o Brasil vai pegar Camarões e deverá chegar aos 9 pontos, com 100% na primeira fase, mas futebol ruim. Se para o torcedor o que importa são as vitórias, então está tudo bem.





Sem Neymar, que nem ao estádio veio, para ficar em tratamento intensivo no tornozelo, o Brasil entrou em campo para encarar uma seleção que tem sido uma pedra em nosso sapato: a Suíça. Um time bem montado, bem armado e com qualidade, que jogou a Itália para a repescagem europeia e classificou-se direto para o Mundial. 

Claro que ela não tem o tamanho do time brasileiro, pois continua sendo uma seleção de segunda linha do nosso futebol, mas tinha aspirações maiores e sonhos altos. 

O Brasil queria logo ganhar para confirmar sua classificação às oitavas de final, e pegar Gana, Coreia do Sul ou Uruguai. Claro que todos esperamos que Portugal seja o primeiro do seu grupo para que não o encaremos já nas oitavas. Porém, quem quer ser campeão não pode escolher adversários. 

Quando você joga contra uma seleção forte, e ganha, isso te dá mais moral para ir avançando de fase. Na verdade, a Copa do Mundo se caracteriza por 3 decisões: quartas de final, semifinal e final. A não ser que nas oitavas você pegue alguém do seu tamanho.





A polêmica em torno de Neymar me deixou triste. Como pode um ser humano desejar o mal do outro por futebol, política ou qualquer outro segmento? Estamos vivendo tempos de ódio, que não nos levarão a lugar algum. O Brasil é um país só, um único povo. Não podemos nos dividir por políticos que não estão nem aí pra gente. Mais amor e menos ódio, gente! 

Nos metrôs aqui de Doha, a torcida brasileira fez um verdadeiro carnaval, vindo para o 974 Stadium, aquele dos containers. O incoerente Tite pôs Militão na lateral direita, substituindo Danilo. E Fred na vaga de Neymar, ao invés da aproveitar o talento de Rodrygo. Fred tem jogado muito bem no United, mas não cria tanto quanto Rodrygo, que tem bela parceria com Vini Junior no Real Madrid.

O Brasil começou nervoso. Alisson errando reposição de bola, Thiago Silva pondo a bola para escanteio, quando tinha ela dominada. A Suíça, um time apenas esforçado, jogava por uma bola e se mantinha na defensiva. 

O primeiro grande susto que o Brasil deu nos suíços foi com Richarlison, que, lançado na direita, cruzou e a zaga aliviou. A torcida brasileira acordou. Paquetá cruzou, Richarlison quase chegou. 

Raphinha achou Vini Junior entrando em diagonal e lançou. Ele chutou forte e Sommer fez bela defesa. Primeiro chute do Brasil ao gol, em 27 minutos. Sem Neymar a equipe cria muito pouco e não tem uma referência no meio. 





Eu entraria com Rodrygo ou Everton Ribeiro. Raphinha arriscou de longe. Sem perigo para Sommer. Era um Brasil burocrático, sem criatividade. Marquinhos avançava muito e tentava criar jogadas, já que Paquetá não funcionava. Tite pôs Rodrygo no aquecimento, sinal de que ele entraria no segundo tempo, pois o primeiro terminou com o Brasil dando praticamente um único chute a gol! Criatividade zero, e ainda tem gente que diz que o Neymar não faz falta! Sem ele o Brasil é um time bem comum, com bons jogadores e com Vini Junior, em grande fase, mas que sozinho não consegue render.

Rodrygo entrou na vaga de Paquetá. A dupla de ataque do Real Madrid poderia entrar em ação e fazer os gols que o Brasil precisava. A Suíça quase marcou em contra-ataque. Alisson salvou. E chegou novamente nos espaços que o Brasil deixava. Tite chamou Bruno Guimarães. 

Percebia que seu time não andava em campo. Bem apático, pior do que no primeiro tempo contra a Sérvia. Alisson quase perdeu a bola para Embolo, mas conseguiu se safar. Aí quem contra-atacou foi o Brasil e Richarlison chegou atrasado em cruzamento de Vini Junior. Bruno entrou na vaga de Fred. 





O Brasil jogava muito mal e as alterações não davam certo. Mas num contra-ataque mortal, Vini Junior foi lançado, entrou na área e tocou na saída de Sommer. Mas o VAR anulou, marcando impedimento de Richarlison. Anthony e Gabriel Jesus foram chamados. Saíram Richarlison e Raphinha. 

43.649 pagantes estiveram no 974 Stadium. O tempo era o maior inimigo da Seleção Brasileira, além do nosso próprio futebol. Aos 82 minutos, tabela pela esquerda, Casemiro entra na área e fuzila sem chances para Sommer. Brasil 1 a 0, no sufoco, com futebol pobre, mas com um resultado que garante a classificação às oitavas de forma antecipada. 

Se quiser pensar em taça, o Brasil tem que jogar muita bola. Com esse futebol pequeno, a hora em que pegar uma seleção, mais qualificada, voltará para casa mais cedo.