Jornal Estado de Minas

Coluna do Jaeci

Pela volta dos bons e velhos tempos do Brasil

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Dia da Independência do Brasil e dia de jogo no Mineirão com o horário mais legal que havia no passado: 17h. Era assim nas tardes de domingo do Mineirão, mas a modernidade passou a colocar os jogos às 16h e, no meio da semana, às 21h30, horário pra lá de indecente e perigoso no país da violência, onde um jovem de 18 anos é esfaqueado e morto, em Brasília, durante o dia, ao lado da namorada, sem sequer reagir ao assalto. Covardia pura, pois a impunidade é de norte a sul do país. Muita coisa mudou das décadas de 1960, 1970 e 1980 para cá. Sou de uma geração que tinha orgulho em cantar o hino nacional, toda manhã, com meus colegas no pátio da Escola Municipal Floriano Peixoto, em São Cristóvão, subúrbio do Rio de Janeiro. Sim, estudei em escola pública, que tinha os melhores e mais bem pagos professores. Filho de militar, ia para a Praça da República todo dia 7 de setembro para ver o desfile militar, a parada e a exibição da esquadrilha da fumaça, com pilotos capazes e audazes. Bons tempos que parecem não voltar mais.



Como cidadão americano, desde meados de agosto, junto com minha família, vejo como o nacionalismo e o patriotismo aqui são contagiantes. Em qualquer evento público ou privado há sempre uma bela voz a entoar o hino nacional americano, que nos contagia e emociona. Já disputei a Meia Maratona de Miami duas vezes. Largamos às 6h40, mas não existe largada sem que alguém cante o hino nacional, a plenos pulmões, a capela. Uma coisa linda de se ver. Nesses momentos, emocionado, relembro meus tempos de infância, da “Tia Vanda”, a diretora mais severa que existia, que fiscalizava quem estava cantando o hino nacional brasileiro e quem não formava direito. Os valores morais, de nacionalismo e patriotismo estavam introjetados em todos nós. Bons e velhos tempos, que parecem não voltar mais.

 chamada “modernidade” dividiu o Brasil entre milionários e miseráveis, “coxinhas e mortadelas”, em lado A e lado B, onde um não pode entrar em acordo com o outro. No futebol, que é a minha verdadeira praia, não é diferente. Se você veste uma camisa que não é da cor da do seu oponente, você é inimigo “mortal”. As cenas de vandalismo, violência e morte são recorrentes, de norte a sul do Brasil. Cada semana num estádio diferente. Crianças são amedrontadas, seus pais apanham na sua frente, não há o menor respeito ao ser humano. A intolerância e imbecilidade tomaram conta do ser humano, que cada vez quer mais ter do que ser.

Falando do campo de jogo, atletas milionários, jogando “pedrinha”. O que Reinaldo, Éder, Cerezo, Dirceu Lopes, Nelinho, Piazza levaram uma vida inteira para ganhar, os jogadores atuais contabilizam numa única temporada. Jogadores cheios de “mi, mi, mi,” protegidos por presidentes de clubes, amadores, que jamais passariam a mão na cabeça de profissionais de suas empresas, mas que puxam o saco dos jogadores, com medo de melindrá-los, ou de sofrer ameaças por parte dos bandidos, travestidos de torcedores. O nível técnico hoje é dos piores da história e os treinadores, em sua maioria, enganadores, que vivem pulando de time em time.



Vejam como tudo piorou no Brasil com a “tal modernidade”. Queria ver as praças cheias de patriotas – não esses que prometem manifestação em prol de político A ou B –, estou falando do povo se orgulhando do país, do futebol, de cantar o hino nacional, de um povo só, unido. Gostaria de ver a volta das torcidas mistas nos estádios. Sim, quando eu era garoto, ia ao Maracanã e gostava de ficar na torcida mista, em frente as cabines de rádio, com a camisa do Flamengo e o outro com a do Botafogo. Perdendo ou ganhando havia aquela gozação saudável. Hoje, com vitórias ou derrotas, existe a possibilidade de morte. Enfim, o Brasil virou um país altamente violento, sem escrúpulos, sem tolerância, sem respeito aos seus cidadãos. Eu vou continuar com meus valores morais e éticos, adquiridos na minha infância, que preservo a cada dia. Respeitando o próximo, as diferenças, as crenças, as cores, enfim, respeito amplo, geral e irrestrito. Se soubéssemos que a “tal modernidade” nos levaria a esse caminho tão ruim, tão egoísta, tão sem escrúpulos, com certeza pediríamos a volta dos velhos e bons tempos, onde cantar o hino nacional brasileiro era um orgulho, onde assistir ao desfile militar era bonito, onde ir ao um estádio de futebol era seguro. Neste 7 de setembro, dia da Independência do Brasil, gostaria de lembrar que somos um só povo, uma só raça, que não somos inimigos, e que discordar com respeito, educação e tolerância é saudável em qualquer época. Por um Brasil melhor, em todos os segmentos! Viva a Independência!