Jornal Estado de Minas

JAECI CARVALHO

Galo se classifica em noite de guerra na Colômbia

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Numa noite em que o futebol ficou em segundo plano, diante da “guerra civil”, instalada na Colômbia, e na cidade de Barranquilla, o Galo garantiu sua vaga nas oitavas-de-final da Libertadores, de forma antecipada. Com gols de Hulk e Arana e Vargas, derrotou o América, de Cáli, por 3 a 1. A Conmebol muda os dirigentes, mas o pensamento em dinheiro é o mesmo. É sabido que, neste momento, é impossível realizar qualquer evento na Colômbia. Por sorte, os manifestantes não invadiram o estádio, e a integridade física dos jogadores e todos os envolvidos na partida, foi preservada.





O ser humano chegou a um ponto em que a vida não vale mais nada. O Atlético foi encarar o América de Cali, na Colômbia, país que vive uma espécie de guerra civil por causa do anúncio do governo de uma reforma tributária que aumentaria impostos em plena pandemia de Coronavírus. Já são quase duas semanas de protestos e paralisações, em todo o território colombiano. E, do lado de fora do estádio onde o Galo atuava, manifestantes e policiais se enfrentavam, e a todo momento, bombas de efeito moral eram lançadas, e o gás era levado para dentro do estádio, irritando os olhos dos jogadores. A partida foi paralisada por 3 vezes, no primeiro tempo. Na terceira, foram 6 minutos. Os jogadores desceram para o vestiário, mas retornaram para finalizar os primeiros 45 minutos. E no finzinho, mais uma paralização. Todo mundo coçando os olhos. Que mundo é esse!

Enquanto a bola rolou, o jogo foi bom. O América é fraquíssimo e o Galo teve inúmeras chances de liquidar a fatura, mas o goleiro colombiano Graterol, estava em noite inspirada. Mesmo assim, Hulk fez 1 a 0, de cabeça, em cruzamento de Nacho Fernández. O América empatou logo em seguida. Contra-ataque puxado pelo meio, Moreno recebeu na direita, invadiu a área, driblando e chutou rasteiro, no canto de Everson, que para mim, falhou. Aos trancos e barrancos, depois de 5 paralizações, o primeiro tempo terminou empatado.

Lembro-me de um jogo do Flamengo, no Maracanã, pelo Campeonato Carioca, ano passado, em pleno pico da pandemia, em que os jogadores rubro-negros comemoravam gols, e ao lado, no hospital de campanha, montado, pessoas morriam pela Covid-19. Ou seja: para os dirigentes, a vida vale pouco. E olha que teremos Copa América, na Colômbia, no próximo mês. Será que teremos mesmo? Fosse a Conmebol uma entidade preocupada com a vida, e já teria cancelado a competição naquele país, mudando a sede. Vejam que na Uefa a coisa funciona. A final da Champions League, marcada para Istambul, dia 29, foi transferida para a cidade do Porto. Manchester City e Chelsea decidirão a taça no estádio do Dragão. A cidade turca não tem condições de receber as delegações e jornalistas, por causa do aumento da pandemia do Coronavírus. No Porto, serão liberados 12 mil torcedores no estádio.

Eu esperava a suspensão da partida do Galo, mas não foi o que aconteceu. Os protestos continuavam, do lado de fora, e o jogo foi reiniciado. Será que havia policiamento suficiente para garantir a integridade dos jogadores, técnicos e todo o pessoal que trabalhava na partida? E se os manifestantes resolvessem invadir o estádio? Que vergonha!

Com a bola rolando, Arana marcou um golaço. Recebeu na esquerda e soltou a bomba, sem chances para o goleiro colombiano. Galo 2 a 1. E no último lance do jogo, Vargas recebeu de Tardelli e fez 3 a 1. Confesso que escrever sobre o jogo, num momento tão delicado pelo qual passa o povo da Colômbia, não foi uma coisa agradável, assim como o narrador da Fox, o craque, João Guilherme, se desculpou por não ter narrado o gol de Arana, com a emoção habitual. Como um homem de família e sensível, realmente, não havia clima para isso.




 
Como eu disse, trabalhamos com o futebol e estamos exercendo nosso ofício, mas, num momento de pandemia, de guerra civil, realmente é duro! Não temos o que comemorar. São 420 mil mortos pela Covid-19 no Brasil. Nos países vizinhos, os números são absurdos também. E o jogo do Galo seguiu até o fim.
 
Uma vitória que classificou o time mineiro às oitavas-de-final, numa verdadeira praça de guerra, com o som de bombas do lado de fora do estádio. Se a Conmebol não cancelar a Copa América, será uma vergonha. Os protestos não vão parar até lá. Pelo contrário, vão aumentar. Lembram-se da Copa das Confederações no Brasil, em 2013? Pois é, tivemos manifestações pesadas.
 
Quanto a Copa Libertadores, todos os jogos marcados para a Colômbia, devem ser mudados para outro país. Lá, não há a menor condição de se realizar qualquer tipo de evento.

audima