Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

Diretor de futebol não pode ser mais importante que atletas!

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O futebol brasileiro tem alguns aspectos que são até engraçados. De repente a figura do diretor de futebol é “mais importante do que quem faz o gol e mostra a arte em campo”. Parece até que os caras calçam chuteiras e são imprescindíveis aos clubes. Pura balela. Você ter um executivo, que cuide de todo o planejamento da temporada e que seja o elo entre a diretoria, comissão técnica e jogadores, é uma coisa. 





  

Todo clube precisa dessa figura. Na questão das negociações, sou totalmente contra, pois pode dar margem a especulações e denúncias de conchavos com empresários. Vou dar como exemplo o Flamengo. Lá quem negocia é o vice-presidente de futebol, eleito com o presidente, Rodolfo Landim. Marcos Brás observa os jogadores que interessam ao Flamengo, e vai contrata-los. Procura sempre o melhor negócio para o clube, pagando comissões baixas e sem ter tantos negócios com empresário A ou B. E ele não recebe nada por isso. E sempre foi assim. 

Na época de ouro do nosso futebol, onde havia dois craques por posição, os próprios presidentes ligavam para seus pares e negociavam a compra ou troca de atletas. E, naquela época, nem empresários havia. Era tudo feito com o procurador, que cuidava da vida do jogador, e muitos nada ganhavam por isso.

Hoje virou moda o cara ganhar R$ 250 mil por mês, para fazer negócios entre o clube, jogadores e empresários. Há vários relatos de falcatruas. Os próprios jogadores e empresários, falam pelos cantos, mas é preciso provar para onde o dinheiro da comissão foi e quem “teria levado por fora”. Há relatos de que empresários empregam treinadores e os têm como reféns, exigindo a contratação de atletas, representados por eles.



É sabido que o futebol movimenta bilhões de dólares, mundo afora, e as facilidades estão em todos os lugares. Até mesmo na Seleção Brasileira, já houve acusação a técnicos, de favorecimento à empresários, convocando jogadores sem a mínima condição de vestir a amarelinha. Tudo fica muito subjetivo, quando não se consegue provar.

Nos clubes é a mesma coisa. Muita se fala, pouco se prova, pois quem faz conchavos, deve por a grana em contas no exterior, talvez em nome de “laranjas”. Já vi gente dizendo que é imoral, mas não é ilegal um diretor de futebol dividir comissão de negociação com empresários. Acho que é imoral e ilegal, pois está lesando o clube.

O Atlético está contratando o melhor diretor-executivo dos últimos tempos. Rodrigo Caetano é um cara reto, íntegro, elogiado de Norte a Sul do Brasil. Não o conheço, pessoalmente, mas temos um grande amigo em comum, o chefe da equipe de esportes da Rádio Tupi, Wagner Menezes, que cobria o Vasco na época em que Caetano fez belíssimo trabalho lá.



O Galo está contratando um cara para gerir o futebol, pois as contratações serão sempre analisadas pelo presidente, Sérgio Coelho, seu vice, José Murilo Procópio, e pelos 4 Rs. Renato Salvador será o Homem Forte do futebol, sem qualquer remuneração, e seu crivo é que vai determinar quem chega e quem sai.

Portanto, Rodrigo Caetano, pelo respeito que tem no país e exterior, com certeza vai sentar-se com Renato e o treinador, para avaliar as contratações. Mas, ele mesmo não vai se preocupar em fechar o negócio ou saber de comissão. Na gestão Sérgio Coelho a banda vai tocar assim. Por isso mesmo, ele pediu ao Conselho Deliberativo, auditoria de suas contas, do primeiro ao último dia de mandato. Conheço Sérgio Coelho e sou seu amigo há 30 anos. Sei da sua transparência e retidão.

E para finalizar, quem calça chuteiras e põe a bola na casinha são os jogadores. Esses sim, se não forem fracos, devem receber um bom salário, mas não esse absurdo que se paga no Brasil, país de 40 milhões de pessoas vivendo na mais completa e absoluta miséria, cujo salário mínimo é absurdo e desumano.



Acho que todo diretor executivo, que se preparou para o cargo, deve ser bem remunerado para exercer sua função, mas acho que os clubes estão exagerando na quantia. Um grande CEO, falando 4 idiomas, formado em Havard, ganha em média 20 mil dólares mensais, algo em torno de R$ 110 mil. Gente, é um baita salário para a realidade do povo brasileiro. Portanto, torcedores, aprendam e valorizar o dinheiro dos seus clubes.

A maioria está na bancarrota, quebrada e de pires na mão. Quando o diretor de futebol se torna mais importante que o jogador, é porque há algo de muito errado no nosso futebol. Alguém aí sabe quem é o diretor de futebol do Manchester United, do Real Madri, do Barcelona, do Bayern de Munique? Pois é, nos grandes clubes europeus, isso é irrelevante, pois, como escrevi acima, quem põe a bola na casinha não é o executivo e sim o jogador. Os valores no Brasil se inverteram em todos os segmentos da sociedade, e no futebol não seria diferente.

Como digo sempre, ele só é um mundo à parte nos valores pagos. Cifras exorbitantes, salários de Europa, numa economia quebrada e em frangalhos. Acordem dirigentes!  

audima