Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

Respeitem o ídolo Fábio, um gigante de tantas e tantas conquistas

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis

Em uma entrevista a bordo de um avião da British Airwais, de Kwait à Londres, o Rei Pelé me disse que o único lugar onde ele chega e sua mala é revistada é no Brasil. Disse que entra em qualquer lugar do mundo até sem passaporte, tamanha a sua importância e pessoa que se tornou mundialmente. Disse ainda que o brasileiro não valoriza seus ídolos. Isso foi em 2005, mas está atual. Quando vejo alguns torcedores criticarem o goleiro Fábio, de forma desrespeitosa, vejo o quanto estamos atrasados. Fábio tem história no futebol e no Cruzeiro. Multicampeão, fez defesas impossíveis, que garantiram taças e mais taças. É um cara super religioso e do bem, um caráter ímpar, um cara família. Tenho e sempre tive por ele a maior admiração do mundo, por tudo o que ele fez e faz no futebol. Agora que o Cruzeiro vive seu pior momento, ele não abandonou o clube. Ao contrário, reduziu o salário, deu a cara a tapa e se dispôs a ajudar o clube a voltar à elite. Não foi ele quem derrubou e deixou o Cruzeiro nessa situação. Todo mundo sabe quem são os vilões dessa história, e não queiram crucificar um herói.





Fábio tem quase mil jogos com a camisa do Cruzeiro, um líder nato, um goleiraço. Sempre sonhei em vê-lo com a camisa do Flamengo, mas, infelizmente, isso não foi possível. Aos 40 anos, ainda tem lenha para queimar e tem tentado ajudar ao máximo os jovens e a equipe celeste, que vive um calvário. Quando vejo nas redes sociais alguns torcedores – diga-se de passagem, uma minoria – agredindo o ídolo, fico triste. Na Europa, ao contrário do Brasil, ídolos são respeitados e intocáveis, ainda que não sejam daquele país. Temos o nosso Leonardo, diretor esportivo de PSG. E olha que ele tem mais história no Milan e na Inter, de Milão, onde foi treinador. No Lyon, temos Juninho Pernambucano e Cláudio Caçapa como diretores. No Benfica, Luisão, ex-zagueiro do Cruzeiro, que jogou lá por 13 temporadas. Sim, é o respeito e a qualificação a quem merece. Claro que nem todos têm condições de assumir um cargo num clube, mas, quando eles percebem que o cara é diferenciado, dão a ele essa missão.

O Cruzeiro ainda tem em Fábio seu grande nome e seu grande goleiro, mas, quando ele pensar em parar, a diretoria já deveria reservar um lugar para ele como diretor esportivo. Não vejo no clube ninguém mais que ele com essa capacidade, por tudo o que viveu e vive nesses anos todos de Cruzeiro. A situação do clube é gravíssima. É preciso resolver os problemas de dívidas com a Fifa, voltar a poder inscrever jogadores e melhorar o nível técnico do time atual. Os salários precisam estar em dia e o time precisa reagir, enquanto há tempo. Só que não se pode jogar essa responsabilidade em Fábio ou nos garotos. Cada um tem o seu papel na equipe, e, todos, juntos, devem tirar o time dessa situação. Cabe ao presidente buscar alternativas para o clube. Empréstimos, venda de ativos ou coisa parecida. O Cruzeiro não pode ficar inerte, sem um norte, sem um rumo. A distância para os ponteiros é grande, e essa diferença tem que começar a ser tirada agora. Se for deixar o tempo correr, não chega, e aí será um vexame maior que a queda o time ficar na Segundona no ano do centenário, ou, o que é pior, cair para a Série C. Estamos na décima rodada, tem 28 pela frente e a chance de recuperação. Porém, agilidade é a palavra de ordem. O Cruzeiro não pode ser ridicularizado com CSA da vida, com todo respeito ao time alagoano.

Tenho a certeza de que Fábio não vai fugir de sua responsabilidade e vai continuar ajudando o clube que ama. Peguem suas defesas nas decisões de taças e vejam a importância desse atleta para o Cruzeiro. Um gigante, que eu batizei de “Paredão Azul” por ser quase intransponível. Poucas vezes defendi jogadores neste espaço, mas, aqueles que merecem e são injustiçados, serão sempre defendidos e reconhecidos. Ao contrário dos brasileiros, valorizo o ídolo e tenho por ele um grande carinho. Tenho um respeito enorme por Reinaldo, Éder, Cerezo, Luisinho, Dirceu Lopes, Natal, Evaldo, Nelinho e tantos outros que fizeram a história do nosso futebol. Então, por favor torcedor do Cruzeiro, de verdade: respeite Fábio e sua linda história no clube. Ele é um gigante, que já deu a volta por cima várias vezes. Não será agora que irá desistir. Respeitem o ídolo, principalmente nos momentos ruins da equipe. É nessas horas que a gente sabe quem é quem, pois dar tapinhas nas costas na hora das conquistas é muito fácil. Paredão Azul, tenha sempre meu respeito e admiração. Você é um gigante e vai ajudar o Cruzeiro a sair dessa situação. Dias melhores virão, você sabe disso!