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Muita coisa deve acontecer no Atlético até as eleições em dezembro

A briga política já começa a esquentar e quem não queria mais ser candidato, provavelmente, será


20/07/2020 04:00

Sob o ponto de vista técnico e de taças, a gestão de Sérgio Sette Câmara também não é das melhores (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Sob o ponto de vista técnico e de taças, a gestão de Sérgio Sette Câmara também não é das melhores (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

 
Não gosto de política e da maioria dos políticos. É uma praia suja, cheia de conchavos, onde o inimigo de ontem é o “amigo” de hoje. Por isso, jamais me candidatei a qualquer cargo público. O pobre de ontem se torna rico do dia para a noite. Os exemplos estão aí nas Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas, no Senado, no Congresso. Alguns estão condenados por desviar o dinheiro público. Outros, usufruindo, livres, do produto do roubo. Assim é também no futebol. Muitos entram no esporte bretão, sem entender nada, mas se tornam poderosos e se sentem acima do bem e do mal. Gente que nunca ganhou nada, mas que acha que é a última bala do pacote.
 
Sou Flamengo e jamais quis me associar ao clube, ou ser conselheiro. Sempre gostei de torcer, anonimamente, e, depois que passei a trabalhar como jornalista, mantive minha paixão, mas sempre criticando o que de errado existia na Gávea. Sei que a política lá é um barril de pólvora, assim como é no Corinthians e no Atlético. Em times de massa é assim. O torcedor se deixa levar sempre pelo momento. Se o time vai mal, critica o presidente, faz enterros simbólicos, pede sua renúncia. Se as coisas começam a melhorar, já o vê com outros olhos, mesmo que tudo de bom que esteja acontecendo, não tenha nenhuma relação com o presidente.
 
O Atlético viveu muitos períodos conturbados, mas de 2012 a 2014 viveu sua melhor fase, tanto politicamente quanto na questão de taças. Ganhou as mais importantes, deixando a sofrida torcida feliz. Os anos se sucederam e dois presidentes sentaram na cadeira tão cobiçada. Daniel Nepomuceno foi vice- campeão Brasileiro, montando um belo time, com recursos do clube. Não conseguiu o Brasileirão ou Libertadores. Apenas o título mineiro. Mas foi um bom gestor, sério e transparente. Abriu mão do segundo mandato, pois queria estar mais perto da família.
 
Depois dele, veio o atual presidente, também sério, apaixonado pelo clube, que sempre desejou estar naquela cadeira. Sua gestão sob o ponto de vista técnico e de taças também não é das melhores. Nem o Campeonato Mineiro conseguiu ganhar. Mas, eu sempre digo: os caras se tornam conhecidos e famosos, ainda que temporariamente, mas cada um deles dá seu contributo ao clube, tentando fazer o melhor. Se não dá certo, não é por falta de esforço. No futebol, se a bola não entra na casinha, nada feito.
 
De repente, o Atlético vê em Rubens e Rafael Menin, atleticanos abnegados, bilionários e poderosos, a grande chance de voltar a ganhar taças. Admiro o que a dupla vem fazendo para tornar o Galo campeão, porém, eu não gosto muito dessa questão de mecenas. No Palmeiras, sempre critiquei a Dona Leila, que pôs um caminhão de dinheiro lá, mas agora está cobrando a conta. No caso do Atlético, Rubens Menin já garantiu que uma parte do dinheiro é doação. A outra, é empréstimo, sem juros, para o clube pagar o dia que puder e quando quiser. Tornou-se a solução para os torcedores, que são movidos pela paixão cega, só querem ver seu time levantar taças, não importa de onde venha o dinheiro.
 
E o próprio Menin, em entrevista, disse que não quer ser presidente do clube, e que prefere continuar ajudando desse jeito. As eleições serão em dezembro e a briga política já começa a esquentar. Quem não queria mais ser candidato, provavelmente, será. É um direito legítimo de todo atleticano que é conselheiro se candidatar ao cargo. Dizem os atleticanos que ser presidente do clube “é mais importante que ser governador do estado”. Exageros à parte, realmente é um orgulho para quem consegue sentar naquela cadeira, gerir a paixão de milhões de fanáticos torcedores.
 
Sou a favor do diálogo e da paz. A gente vai envelhecendo e percebendo que brigar por causa de clube de futebol é uma bobagem muito grande. Brigar por algo que “é a coisa mais importante entre as menos importantes da vida”, é mesmo uma coisa sem nexo. Aliás, não vale a pena brigar por nada nessa vida. Se você tem uma família estruturada, não precisa de mais nada. Tem gente que não pensa assim. Os traidores de hoje, serão os traídos de amanhã, não tenham dúvida disso. O futebol gera muita ingratidão e decepção. Até mesmo aqueles que você ajudou a chegar no clube, se tornam seus inimigos, por não saberem conviver com as críticas. Quando a pessoa se torna pública, está sujeita a esse tipo de situação. Eu já estou tarimbado e com o couro duro. As decepções já foram muitas e eu já nem me importo mais.
 
O torcedor, você tem que relevar, pois a paixão cega não o faz enxergar a realidade dos fatos. O Atlético é maior do que qualquer nome, qualquer cargo. Porém, é preciso reconhecer quem lá esteve e foi ganhador. Que conseguiu montar time com os próprios recursos do clube e levantar taças. Sou a favor do clube-empresa. O futebol brasileiro tem um modelo arcaico e retrógrado de gestão. Dirigentes que nada ganham, trabalhando no clube, apenas pela paixão, não é correto. Clube tem que ter dono, contratar um CEO, remunerado, é claro, para tocar o futebol, junto com a empresa. Um cara que dê lucro e taças. Esse modelo de conselheiros também não me agrada. Normalmente, eles são vaquinhas de presépio e votam em que lhes deu a condição de conselheiro do clube. O futebol brasileiro precisa evoluir.
 
Com um dono, esse modelo arcaico cairá por terra, e o dono da empresa saberá onde o calo do sapato vai apertar, planejando um orçamento e trabalhando religiosamente em cima dele. Sou um torcedor apaixonado pelo Flamengo, jamais neguei isso. Porém, quando meu clube ficou seis anos, na gestão Bandeira de Melo, e ganhou apenas uma Copa do Brasil, não me incomodei. Sabia que era um período para sanear o clube e transformá-lo na potência que é hoje, superavitário. Com a casa arrumada, vieram as taças e títulos. Tudo no seu tempo certo. O Galo também viveu esse período de ouro, de 2012 a 2014. As taças mais importantes foram conquistadas naquela época.
 
O torcedor sabe quem é quem. Quem é vencedor e quem é perdedor. Numa briga, perdem todos. Por isso, a melhor maneira de aparar arestas é o diálogo. Pelo que percebo, no Atlético, não será possível. A guerra começou e só deverá terminar na eleição de dezembro. Até lá, muita coisa vai acontecer. Aguardem os próximos capítulos, porque muita coisa será jogada no ventilador. Uma pena. União e diálogo, no mundo moderno, são as melhores armas.

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