(none) || (none)

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas COLUNA DO JAECI

'Estão falando em futebol com corpos em frigoríficos'

'Teremos milhares de dias, do ano que vem para a frente, para ver o esporte bretão. Entre milhares de jogos e milhares de vidas, fico com as vidas. E você?%u2019'


postado em 10/05/2020 04:00

De máscara, o técnico Quique Setién observa treino do Barcelona(foto: Miguel Ruiz/AFP )
De máscara, o técnico Quique Setién observa treino do Barcelona (foto: Miguel Ruiz/AFP )

Peguei a frase do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, para título da coluna porque concordo com ele em gênero, número e grau. Aliás, ele tem sido elogiado, nacionalmente, por sua postura firme, de manter as pessoas em casa e exigir o uso da máscara nas ruas. Está sendo copiado por alguns colegas de outras capitais. Graças a ele, em BH, temos um número menor de casos, e, se Deus quiser, teremos poucas perdas. Mas é preciso a população acatar as decisões e determinações. Em que planeta as pessoas estão vivendo? Será que elas não têm coração e não se sensibilizam com a tragédia chamada coronavírus, que está matando centenas de milhares de pessoas no mundo, sendo enterradas em covas coletivas, com os corpos ocupando caminhões frigoríficos? Há alguns meses, antes de a pandemia chegar ao Brasil, eu já dizia que o futebol tinha que se danar, e só voltar depois que tivermos conseguido eliminar o vírus do planeta Terra. Não é possível esses dirigentes, ávidos por dinheiro, anteciparem a volta do futebol, sob o risco de morte de jogadores, técnicos, dirigentes, jornalistas, e de todos que trabalham em torno do esporte bretão. Gente, eu amo esse esporte, mas amo muito mais a minha vida, da minha família e do próximo. Que mundo cão é esse, onde o dinheiro continua a ditar regras? Se na Europa o futebol está voltando aos poucos, é porque lá o pico da pandemia já passou e alguns países estão fazendo a reabertura da economia, de forma gradativa. Mesmo assim, não são todos os países.
Já tivemos guerras e pestes no mundo que dizimaram populações. A gripe espanhola matou mais de 50 milhões de pessoas no século passado. A nossa geração jamais viveu o que estamos vivendo agora. É uma guerra contra um inimigo invisível e mortal. Ele não escolhe sexo, idade, cor, religião ou qualquer coisa semelhante. Se houver aglomeração, é tudo o que o vírus precisa para ir contaminando pessoas. Por isso, o isolamento social ainda é fundamental, principalmente no Brasil, onde o pico da pandemia, segundo as autoridades médicas e sanitárias, não chegou. Não adianta dizer que o futebol vai voltar com portões fechados. Isso é balela. Concordo com Kalil: futebol sem público não tem sentido. E, como citei acima, mesmo que os jogadores façam o teste e estejam livres do vírus, há uma gama de pessoas que trabalham no entorno do futebol que pode se contaminar ou contaminar alguém. É uma irresponsabilidade gigante reabrir o futebol, ainda que para treinos. Três jogadores do Flamengo e mais 36 funcionários do clube testaram positivo para a COVID-19. Diego Souza, do Grêmio, também. Pelo amor de Deus, esqueçam o futebol! “É a coisa mais importante, entre as menos importantes da vida”, como escrevo há décadas, desde que ouvi isso da boca de Arrigo Sachi, técnico italiano, quando perdeu a final da Copa de 1994 para o Brasil.


Vamos pensar em salvar vidas. No Brasil, as vidas têm sido banalizadas, com 50 mil pessoas morrendo por arma de fogo ou arma branca, por ano. Porém, é preciso nos humanizarmos mais, sermos nós mesmos. Claro que todos precisamos trabalhar para sobreviver, comprar alimentos para a casa, mas, se faltarmos, como nossas famílias vão viver? Não adianta o cara entrar num trem ou num ônibus lotado, contrair o vírus e contaminar sua família. Ele poderá morrer, matar seus familiares. Portanto, vamos aguentar um pouco mais e ficar em casa até que a flexibilização nos permita começar a voltar a vida ao normal. Gente, somos todos seres humanos. Não há preço que pague uma vida. Sei que há pessoas que precisam trabalhar, que estão na linha de frente. Essas têm que ter cuidado redobrado e o uso da máscara é fundamental para a sobrevivência. Enquanto não temos a vacina, vamos buscar os recursos para nos proteger. Só saio de casa para ir ao mercado, usando luvas e máscaras. No mais, é trabalhando em casa, já que minha profissão me permite isso. Todos nós temos que fazer um sacrifício, principalmente para as empresas que não estão demitindo. Agradeço, de público, à direção do Estado de Minas e da Rádio Tupi por manterem nossos empregos. Vamos vencer esse vírus, todos juntos, com saúde, seguros de que não iremos contraí-lo, nem contaminar ninguém. Vai passar.


É muito triste ver corpos jogados em sacos plásticos, num caminhão frigorífico. Nem em filme a gente vê isso. Pelo amor de Deus. Vamos rezar, fazer a nossa parte e preservar a nossa vida e a do outro. Aos 60 anos, estou no grupo de risco, mas, ainda que não estivesse, não daria chance para este maldito vírus. Como escrevi, anteriormente, ele não respeita idade, não respeita nada. É cruel. É mortal! A vacina poderá chegar em 18 meses, ou talvez antes, graças a cientistas, que ganham muito pouco e trabalham para salvar vidas. Assim como médicos, enfermeiros, todo o corpo de atendentes que trabalha nos hospitais, motoristas de ônibus, trens, metrôs, garis, enfim, uma série de trabalhadores que encaram o risco de contrair o vírus, todos os dias, para nos salvar. Pensando neles, e em não sobrecarregá-los. Vamos manter mais um pouco do isolamento social. Assim, vamos vencer esta guerra. E que o futebol volte lá pra frente, com segurança, com qualidade, com respeito à vida. Se não houver futebol este ano, paciência. Teremos milhares de dias, do ano que vem para a frente, para ver o esporte bretão. Entre milhares de jogos e milhares de vidas, fico com as vidas. E você?

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)