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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

Paulistão Nacional à vista por causa do novo coronavírus?

Se não há condições de se realizar o Campeonato Brasileiro, que se desista dele


postado em 15/04/2020 04:00

No embalo da boa fase nos campos, Flamengo lotou o Maracanã em vários jogos na temporada de 2019(foto: MARCELO DE JESUS/RAW IMAGE/ESTADÃO CONTEÚDO 1/9/19)
No embalo da boa fase nos campos, Flamengo lotou o Maracanã em vários jogos na temporada de 2019 (foto: MARCELO DE JESUS/RAW IMAGE/ESTADÃO CONTEÚDO 1/9/19)


Os clubes brasileiros propõem à CBF fazer o Campeonato Brasileiro somente em uma sede, São Paulo, com jogos na capital e estádios do interior, para evitar viagens em aviões, e sem a presença do torcedor. Caso a competição aconteça nos moldes normais, as viagens aéreas serão inevitáveis. Todos os clubes concordaram, exceto o Flamengo, atual campeão. Tudo isso por causa da pandemia do novo coronavírus e para evitar contágios. Senhoras e senhores, essa ideia é absolutamente absurda. Se não há condições de se realizar a competição, que se desista dela.

Claro, os clubes estão de olho nas cotas de TV – alguns já adiantaram até 2022 –, pois estão quebrados e de pires na mão. Como o rubro-negro é exceção a regra, embora não esteja nadando em dinheiro, está com as finanças em dia, claro que iria se opor. Só em arrecadação, ano passado, o Flamengo faturou R$ 100 milhões no Maracanã, com casa cheia em todos os seus jogos, 60 mil pessoas em média. Somente o Borussia Dortmund, da Alemanha, tem média maior, com 80 mil pagantes por jogo.

Não vou negar que estou com saudades do esporte bretão. Domingo, vivi a nostalgia e vi, pela primeira vez, Brasil 2 x 0 Alemanha. Era minha terceira Copa do Mundo e eu estava no estádio de Yokohama, trabalhando. Eu me emocionei e voltei 18 anos no tempo. Lembro-me que numa entrevista exclusiva, ainda na Coreia, eu e meu companheiro e amigo, o fotógrafo Jorge Gontijo, recebemos Ronaldo Fenômeno entre um andar e outro, nas escadas do hotel, para fazermos a exclusiva.

Eu disse a Ronaldo que desde 1974 os artilheiros de Copas não marcavam mais de seis gols. Ele, então, nos disse: “Fiquem tranquilos que vou quebrar essa marca”. E quebrou mesmo, sendo o artilheiro com oito gols, dois dos quais na final, em cima de Oliver Kahn. Também um time com os quatro "erres" não podia ser diferente: Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e Roberto Carlos. Sabe quando teremos outro time de tanta qualidade? Nunca mais.

O futebol é minha paixão, mas em época de coronavírus, tenho dedicado mais tempo a trabalhar na geral, tanto aqui, quanto na Rádio Tupi, nos meus canais de internet. É mais importante informar o nosso leitor, ouvinte e telespectador sobre a pandemia e uma possível resolução do problema do que falar de futebol. Porém, a saudade do esporte bretão é grande.

Confesso que do Brasil dá saudades apenas de  Flamengo e Grêmio, times que jogam futebol do meu gosto, pra frente, com drible, toques, jogadas geniais, gols. Por isso, vi vários torcedores de outras equipes se deliciando com os jogos desses dois times. O resto no Brasil pratica futebol ruim. O Palmeiras deverá melhorar com Vanderlei Luxemburgo, outro adepto do futebol-arte.

O futebol que me faz falta é esse que citei e o europeu. Sim, a Champions League, por exemplo, me encanta e me mostra que o verdadeiro futebol nunca irá morrer. Lá, desfilam os principais jogadores do planeta, entre eles Neymar, nosso melhor jogador. Porém, ele não tem ciência de sua importância e joga a carreira no lixo, como se fosse qualquer um. Conversando com um ex-jogador, amigo dele, me disse: “Jaeci, as pessoas cobram que Neymar seja um Ronaldo, um Ronaldinho ou um Rivaldo. Talvez ele não queira ser. Queira ser apenas ele mesmo, sem ser campeão do mundo ou sem ser eleito o melhor do mundo. Isso pode não ser relevante para ele”.

É verdade. Romário, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho sempre forma da gandaia e não abriam mão disso. Mas em campo resolviam e ganhavam mundial. Neymar é da gandaia, igualmente, mas, em campo, não resolve e não protagoniza. Aí está a diferença. Ele pode até ser milionário, mais que todos os citados juntos, mas o gostinho de ser eleito pela Fifa o melhor jogador do mundo, ou de levantar a Copa Fifa, acho difícil. Ele parece não querer mesmo.

O que nos interessa se a mãe de Neymar está namorando um garoto mais novo que seu filho, ou que tipo de relação esse jovem tem com homens ou mulheres? Como as pessoas se interessam por isso? É ridículo. A vida pessoal dela e de sua família não nos interessam. Cabe a nós analisarmos Neymar em campo. Quando não corresponder e o prejuízo for por causa de noitadas e comportamentos ruins extracampo, aí sim podemos citar. Mas a vida particular, como o próprio nome diz, cabe somente a ele.

É um sonho da juventude, que nasceu de 1994 para cá, ver o Brasil campeão do mundo outra vez. Acho difícil. Não temos um técnico de verdade, não temos time, nem grupo. Não temos mais Ronaldos, Rivaldo e Roberto Carlos. Temos um bando vestindo a camisa amarela, como se ela nada representasse. Perder ou ganhar, tanto faz para esta geração. Aí eu pergunto: é esse futebol que vocês querem de volta? Se for para continuar a mesmice, que não tenhamos campeonatos nesta temporada.

Talvez a gente precise de um recesso para repensarmos o esporte bretão pelas bandas da América do Sul. Tenho visto muitas frases feitas, muitas teorias da conspiração, durante essa pandemia. Todo mundo é filósofo, todo mundo tem um palpite sobre a criação do vírus. A verdade é uma só: não adianta iates, aviões, helicópteros se não há para onde ir. Ricos e pobres estão no mesmo barco, sem saber a dimensão dessa pandemia. Temos a escolha de mudarmos, para melhor, ou de mantermos a soberba de outrora, a ostentação e outras coisas mais. Se a gente não aprender agora, não aprenderemos jamais.

Tenho minhas dúvidas. Conheço muita gente que acha que o dinheiro é o bem maior. Esses não mudarão. Vão morrer soberbos, talvez ricos, mas com uma pobreza de espírito sem fim. E o futebol continuará a ser “a coisa mais importante entre as menos importantes da vida”.



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