(none) || (none)

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas COLUNA DO JAECI

Um bilhão e meio de votos para um programa lixo

Não vi Ronaldo Fenômeno, Neymar, Gabigol, entre outros futebolistas e ex-jogadores, dando depoimentos sobre o coronavírus ou doando alguma quantia


postado em 02/04/2020 04:00

Atacante Neymar, do Paris Saint-Germain e da Seleção Brasileira(foto: UEFA/GETTY/AFP)
Atacante Neymar, do Paris Saint-Germain e da Seleção Brasileira (foto: UEFA/GETTY/AFP)


Um bilhão e meio em votos para um programa lixo da TV brasileira. Pensei que com a pandemia do novo coronavírus nós nos transformaríamos em seres melhores, mas pelo visto nada mudou. Um programa de intrigas, fofocas e maldades, que atrai a atenção de milhões de pessoas, torcendo por um ou por outro. Tenho o orgulho de nunca ter assistido a nenhum capítulo de nenhuma edição. Sei que a TV copiou da Holanda, mas nem mesmo os holandeses têm esse tipo de programa mais. Se não me engano, no mundo, não existe mais. Porém, os brasileiros se deliciam com essa porcaria, em vez de assistir a um documentário ou ler um livro nesse período de quarentena.

Garanto a vocês que se alguém necessitasse desse número de votações para ter a vida salva, não conseguiria. Pior ainda é ver formadores de opinião, como o tal do Neymar, brigando por candidato A ou B. O cara não se manifestou em nenhum momento sobre o coronavírus, na defesa do povo brasileiro, mas fez questão de dizer em quem votava. Realmente, temos os políticos e os jogadores que merecemos: o lixo.

Alguns justificam que sem futebol o jeito é assistir a esse lixo de programa. Com tanto documentário interessante na TV, com tantos bons livros para nos deliciarmos, ou até mesmo nos aprofundar sobre o coronavírus, a solução é assistir a esse programa de intrigas, maldades e fofocas? Não dá para esperar muito de uma nação que pensa assim.

Somos 200 milhões de brasileiros. A votação chegou à casa de 1,5 bilhão, quase oito vezes mais do que o número de habitantes. Que vergonha! Num país onde a educação está relegada a último plano, não poderia esperar muito. Fico sempre na esperança de ver um governante priorizar a educação e destinar a maior verba para ela, porém, entra governo e sai governo e a prioridade é enriquecer. Vejo um chefe de família abrir mão do leite e do pão para assistir ao seu time jogar, à noite. Outro descalabro. Enquanto não nos educarmos como povo, não seremos uma grande nação.

Vocês me veem bater na tecla dos salários absurdos de técnicos e jogadores há décadas. Está cada dia pior. A maioria dos meus colegas de imprensa não toca na ferida, pois não são jornalistas de verdade. Nunca trabalharam na geral, nunca fizeram outra coisa a não ser cobrir futebol. Se o futebol acabar, vão morrer de fome. É mais cômodo fingir que um salário de R$ 1 milhão a um técnico ou a um jogador, mensalmente, não é nada de mais. Eu não. Amo o futebol, mas, se ele acabar, continuarei trabalhando como jornalista. Ultimamente, neste espaço, na Rádio Tupi, no meu Blog no Superesportes e no meu canal de YouTube, tenho trabalhado informando sobre o coronavírus, prioridade mundial! Temos que informar a população, mostrar o que acontece no Brasil e no mundo.

Ontem, parabenizei meus companheiros do EM, jornalistas com J maiúsculo, arriscando a vida para levar a melhor informação aos nossos leitores. Isso sim, dá orgulho. Se eu disser que não estou sentindo falta do futebol, estarei mentindo, mas neste momento grave pelo qual passa a humanidade seria muito egoísmo da minha parte me preocupar com o esporte bretão. Minha preocupação está no menor número de mortos, se fosse possível nenhuma vida perdida, e em saber se cientistas vão descobrir a cura o mais rápido possível, a vacina.

Realmente, não podemos cobrar mais nada dos governantes. Somos um povo como o gado que vai para o matadouro. Um povo que sofre lavagem cerebral de determinada emissora, que diz o que devemos e o que não devemos fazer. Felizmente, já tem milhões de brasileiros acordando para isso. Chega de ser vaquinhas de presépio. Não vi Ronaldo Fenômeno, Neymar, Gabigol, entre outros futebolistas e ex-jogadores, dando depoimentos sobre o coronavírus ou doando alguma quantia para ajudar a população carente. Mas perder tempo com Big brother e até brigar por candidato A ou B, eles fazem.

Enquanto vivermos nesse mundo da ilusão, das subcelebridades que esse lixo de programa cria, seremos mesmo um país de quinto mundo. Não há solução! Se é de lixo que o povo brasileiro gosta, que continue se deliciando com essa porcaria, gastando tempo e dinheiro em votos que não vão representar nada para o presente ou o futuro da nação. “Que país é esse?”, perguntava o gênio da música, o saudoso Renato Russo, líder da Legião Urbana na década de 1980. De lá pra cá, a coisa só piorou!


*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)