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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

Nunca desista dos seus sonhos. Quero morrer no palco!

Pelo Estado de Minas são 274 coberturas internacionais, 73 países visitados, sete Copas do Mundo, cinco Olimpíadas, 10 Copas América, sete Copas das Confederações e 11 finais de Champions League


postado em 29/03/2020 22:18

(foto: Arquivo pessoal)
(foto: Arquivo pessoal)


Sou apaixonado pelo futebol, esporte que pratico desde criança, e, como meu pai, militar severo, não me deixou continuar jogando, pois o horário dos treinos coincidia com o da escola, é claro que ele mandou eu optar pela educação. Resolvi, então, aos 12 anos de idade, que seria jornalista e trabalharia com futebol. Eu ia para o Maracanã e, além de ver meu ídolo, Zico, e os outros craques – naquela época havia vários nas equipes –, eu ficava observando o trabalho dos repórteres de campo. Meu narrador preferido sempre foi Doalcei Bueno de Camargo, da rádio Tupi, e, por consequência, ouvia os repórteres Kléber Leite e Ronaldo Castro, que davam um show de informação. A Globo tinha os narradores Valdir Amaral e Jorge Coury e os trepidantes Washington Rodrigues e Denis Menezes, dois craques também.

Chegava em casa, e corria para a TV para assistir as mesas redondas da TVE e da Bandeirantes. Na Band, o time era pesado: Paulo Stein, Alberto Léo, João Saldanha, Sandro Moreira e Galvão Bueno. Sim, Galvão, que vinha do rádio, dava seus primeiros passos na TV. Isso era lá pelos idos de 1978. Em 1981, Galvão chegou à Globo para se tornar essa potência que se tornou. A voz do Brasil nas transmissões esportivas. Em 1978 eu fazia meu primeiro ano de jornalismo. Antes, eu fizera um ano de Português-Literatura para me aperfeiçoar na língua pátria.

Formei-me em 1983, na Universidade Gama Filho, que também formava vários atletas que disputaram Olimpíadas. Era uma universidade top. Antes de me formar, sozinho, fui à TV Globo, do Rio, e pedi para fazer um estágio. Fui recebido pelo saudoso Michel Laurence, que me deixou sair com as equipes de reportagem. Eu tinha uma fita separada, e assim que o repórter fazia suas gravações, eu aproveitava e fazia as minhas. Saí muito com Eloir Maciel, Ricardo Menezes e Raul Quadros. Esses caras me ensinaram muito. Assim que me formei, queria e precisava trabalhar, ganhar dinheiro. Aí surgiu uma vaga na TV Globo de Juiz de Fora, para onde fui, sem medo, trabalhar na geral, onde aprendi muito. Não havia TV Sul de Minas, e eu cobria Zona da Mata, Vertentes e Sul do estado. Conheci Minas Gerais como poucos. Eu fazia reportagem de polícia, artes, cidade, enfim, tudo.

Mas meu sonho era ser repórter de esportes. Peguei uma fase boa do Tupi, semifinalista do Campeonato Mineiro. Fui emprestado para a Globo de BH algumas vezes. Em 1986, surgiu a TV Manchete em BH e, indicado pelo repórter cinematográfico Arthur, fui contratado para comandar o Manchete Esportiva em Minas Gerais. Eu fazia reportagem, apresentava o programa e editava. Bons tempos, onde aprendi muito. E, para coroar meu trabalho, tive a honra de dividir, aos domingos, direto de BH, a bancada do programa especial, comandado por Paulo Stein e tendo à mesa João Saldanha, Alberto Léo e Márcio Guedes. Eu, garoto, no meio de tantas feras. Mas eu não tinha medo. Era meu grande momento. Sonhei com aquilo a infância toda. Em 1987, Lauro Diniz, diretor de jornalismo da Globo BH, me convidou para voltar a emissora. Aceitei o desafio e, com o saudoso Fernando Sasso e Acyr Benfica, fiz o Globo Esporte. Quando Sasso não podia apresentar o programa, eu e Acyr revezávamos. Foram tempos de ouro, onde aprendi muito. A exemplo de Raul Quadros e Eloir Maciel, eu gostava de ser amigo dos jogadores, pois os admirava e os respeitava. Eu entrevistava Éder, Reinaldo, Palhinha, Nelinho e outros monstros sagrados. Com eles, aprendi também. Éramos amigos, mas na hora do trabalho, cada um na sua. Foram anos maravilhosos.

Em 1991, convidado por Daniel Gomes, a quem devo muito, fui para o jornal Estado de Minas, outra grande potência, contratado como repórter especial para cobrir a Seleção Brasileira, onde estou até hoje. Uma casa maravilhosa, que meu deu tudo o que tenho. Por isso, sou eternamente grato. Não posso deixar de agradecer ao doutor Camilo, doutor Zenóbio, doutor Álvaro, que avalizaram minha contratação. Aos companheiros do esporte, e ao Zeca Teixeira da Costa, que era meu fã desde o Globo Esporte, e que me recebeu de braços abertos. Fizemos algumas Copas do Mundo juntos. Depois, entrou na empresa o diretor de redação Josemar Gimezes, que tornou-se um grande irmão, a quem devo muito também. É muito legal poder reviver minha trajetória e poder agradecer a tanta gente. Tive o privilégio de ajudar muitos também. Alguns se tornaram gratos. Outros, nem tanto, mas faz parte da vida. No Estado de Minas tenho 274 coberturas internacionais, 73 países visitados, sete Copas do Mundo, cinco Olimpíadas, 10 Copas América, sete Copas das Confederações e 11 finais de Champions League, além da cobertura do tenista Gustavo Kurten, em 1997 e 2000, em Roland Garros. O tricampeonato dele, em 2001 eu não cobri. E foi no EM que fiz a principal matéria da minha vida: “Meninos do Brasil”, pauta de Arnaldo Viana e Daniel Gomes, e uma estrutura fantástica bancada pela empresa, sob o comando do doutor Álvaro Teixeira da Costa, nosso presidente. Através da nossa matéria, o governo criou um dispositivo no qual o jovem só pode sair do Brasil para jogar futebol no exterior acompanhado do pai ou responsável da família, a maior vitória da reportagem. Com ela, ganhamos o Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo e Imprensa Embratel, duas premiações com a mesma matéria, no mesmo ano, algo inédito do jornalismo. E, naquela época, não se dividia por veículos. Concorri com todos os veículos, TVs, jornais, rádios e outros. Uma grande vitória que fez minha carreira decolar.

Esse é um resumo da minha vida profissional, da qual me orgulho muito e sou grato a Deus, minha família e a todos os que me ajudaram a chegar até aqui. Ainda me sinto jovem, aos 60 anos, com muita lenha para queimar. Gostaria muito que esse depoimento servisse para incentivar os garotos, que sonham com o jornalismo, uma profissão deslumbrante, apaixonante, onde transmitimos sentimentos, emoções e relatamos o que acontece no dia a dia. Nunca desista dos seus sonhos, por mais difíceis que eles pareçam. Vá em frente, busque seu espaço. Seja grato e leal a quem te ajudou e nunca deixe de olhar onde tudo começou. Ser jornalista é a melhor coisa do mundo. Estou no esporte e, mais especificamente, no futebol, por opção, mas me orgulho em dizer que sou jornalista raiz, como são Ivan Drumond, grande companheiro, como foram os saudosos Benjamim Abaliack e Carlos Eduardo, como são vários companheiros, que não há espaço aqui para citar, mas que estão na minha mente e no meu coração. Obrigado, TV Globo, TV Manchete, TV Record, TV Bandeirantes, TV Alterosa. Trabalhei em todas. Porém, o meu muito obrigado maior, é ao Estado de Minas, o Grande Jornal dos Mineiros. Uma bandeira, um símbolo para o nosso estado. Sou feliz aqui. É aqui que eu quero morrer. Como diria o saudoso Chacrinha, morrer no palco, trabalhando com aquilo que mais amo fazer!

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