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Estado de Minas JAECI CARVALHO

Quando um técnico é o protagonista, é porque há algo de muito errado no nosso futebol

"Quando um técnico é a maior esperança de uma nação, é porque há algo de muito errado com o time"


postado em 09/03/2020 10:13

(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)

Sou de uma época em que a gente comemorava contratação de jogadores. Atualmente, os torcedores comemoram a chegada de treinadores, como se fossem eles os protagonistas. É o novo futebol, onde técnicos viram celebridades, como Jorge Jesus, no meu Flamengo. Confesso que sou fã dele e temo o dia em que ele deixar o comando do rubro-negro. Nos últimos tempos, foi o cara que nos fez reviver os velhos e bons tempos do futebol, com jogadas, dribles, passes, tabelas e gols. Ao contrário da maioria dos técnicos brasileiros – e aqui abro um parêntese para os gaúchos –, que acabaram com o nosso futebol com aquele linguajar que lhes é peculiar: “pega, marca, dá porrada”.

Falo isso para entrar num tema que tem me incomodado bastante: Jorge Sampaoli. De repente ele virou o protagonista e a esperança de 9 milhões de atleticanos, ávidos por títulos, que não acontecem desde 2014, naquela fase de ouro do alvinegro. Quando um técnico é a maior esperança de uma nação, é porque há algo de muito errado com o time. Sampaoli fez um bom trabalho no Chile, em 2015, e no Santos, ano passado. O resto de sua carreira é absolutamente normal. E dizem os que com ele trabalharam que é um cara difícil, dominador e autoritário. Não posso confirmar, pois nunca sequer o vi de perto. Nunca trocamos uma palavra sequer. Porém, não nego que gostei muito do trabalho dele no Santos. Não por ter sido vice-campeão brasileiro, pois isso vários treinadores já foram, inclusive Cuca, no Galo e no Cruzeiro. Gostei da proposta e da filosofia de jogo que ele empregou no Peixe. Futebol pra frente, em busca do gol, meio “porra louca” às vezes, porém, muito eficiente.

Claro que a expectativa do torcedor alvinegro é de que Sampaoli faça o mesmo ou melhor do que fez no Santos. Porém, é preciso ter peças de qualidade à disposição. Sampaoli já disse ao presidente que não gosta dos zagueiros atleticanos, exceto Gabriel. Que prefere o goleiro Campaña do que Victor e Rafael. Que precisa de mais dois volantes e dois atacantes. Se eles chegarem, ótimo, o Galo pode brigar por vaga na Libertadores. Caso contrário, o Atlético vai gastar uma fortuna – segundo consta, Sampaoli ganha R$ 1,2 milhão por mês – sem ter o resultado esperado.

Não gostei de vê-lo nas tribunas, quando poderia ter dirigido o time no sábado. Sim, ele já estava acertado há 10 dias, mas disse que precisava cuidar da mudança da família para BH. Poderia fazer isso com seus assessores. É sabido que técnico e jogadores têm um monte de puxa-sacos fazendo serviços para eles. Mas, a era Sampaoli começa hoje. Ele é o maior ídolo da torcida, ou a maior esperança. Tardelli, Victor e outros menos votados viraram coadjuvantes. O contrato vai até 2021, como se isso valesse no futebol. E vale lembrar que o mandato do atual presidente vai até dezembro, quando o Galo promove novas eleições. Se não ganhar nada até lá, dificilmente será reeleito, se é que ele deseja isso.

Bem, as fichas estão na mesa e as apostas todas convergem para Jorge Sampaoli, argentino, tatuado, inquieto à beira do gramado, mas, sem dúvida nenhuma, um treinador diferente da mesmice que impera de Norte a Sul do Brasil, com exceções chamadas Vanderlei Luxemburgo, Renato Gaúcho e Thiago Nunes, que, por enquanto, no Corinthians, é só fracasso. Chegou como o grande nome da cia, mas, até aqui, tem sido contestado veementemente. Assim caminha o novo futebol brasileiro. Que saudades do passado!

NÃO SOBE

 

Não me canso de prevenir e dizer que com esse time o Cruzeiro não sobe. Entendo que o clube foi assaltado e virou terra arrasada, mas uma instituição dessa grandeza não pode ficar pensando no que passou. O Brasileirão da Série B vai começar em maio e é a principal competição que o clube vai disputar, pois a volta a elite, no ano do centenário, é obrigatória.

 

Quem conhece um pouco de futebol percebe que o meio-campo do Cruzeiro, setor que comanda um time como um cérebro, não existe. Que Marcelo Moreno, guerreiro e lutador, termina a partida exausto, correndo de um lado para o outro, sem ter com quem dialogar. Que Fábio, Paredão Azul, está exposto com uma zaga que não lhe passa confiança, e dois laterais fracos. Essa é a dura realidade do Cruzeiro.

Tem que contratar. Sei que não há dinheiro, mas também não há dinheiro no Vasco, no Botafogo, no Fluminense, e em mais 17 clubes do Brasil. E todos contratam e se viraram. A dívida de R$ 1 bilhão é a mesma de Vasco, Flu e Botafogo. Eleições urgentes, com um mandato de três anos e sete meses, serão fundamentais para um planejamento do clube. O Conselho Gestor, formado por homens dignos e corretos, entende pouco de futebol, e é sabido que o futebol é o carro-chefe de um clube. Sem ele, não existiria a torcida. Tenho recebido muitos questionamentos sobre o trabalho de Adílson Batista. Também acho que ele poderia fazer melhor. Mas, há um atenuante: com esse time, nem Guardiolla, nem Kloop, nem Jesus, fariam melhor. Ou o Cruzeiro contrata cinco jogadores de alto nível e experiência, ou será o único dos grandes a cair e não conseguir subir.

Estou avisando isso há tempos, para depois não dizerem que sou engenheiro de obra pronta. Lembram-se quando eu dizia que os títulos têm preço e esse preço é cobrado lá na frente? Pois é. A conta das Copas do Brasil e dos Brasileiros chegou, e ela é dolorosa. Recebi milhares de e-mails de cruzeirenses, dizendo que não se importavam com dívidas, que queriam títulos. O resultado está aí: terra arrasada e um time em frangalhos. Eu sempre disse que preferia ver meu Flamengo sem ganhar nada, mas com a casa arrumada. Isso aconteceu, e, ano passado, o clube ganhou tudo, com perspectivas excelentes para essa temporada também.

Os torcedores devem ter responsabilidade na hora de torcer. Sei que são passionais, mas é preciso um pouco de racionalidade, para não sofrer no futuro. Os clubes brasileiros têm um exemplo a seguir que é a gestão do Flamengo. Se não quiserem, vão ficar batendo palmas para duas ou três equipes, como acontece na Espanha, Itália e em alguns outros países. Quando um treinador de futebol, que na minha visão é 10% ou 15% de um trabalho, é o protagonista, é preciso mudar radicalmente o nosso futebol!

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