Jornal Estado de Minas

COLUNA DO JAECI

Dedé: gratidão e lealdade são palavras em desuso

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis


Dedé é um dos melhores zagueiros do país. Ganhou dois Brasileiros e duas Copas do Brasil pelo Cruzeiro, formando zaga com Leo. Porém, passou quase três anos no estaleiro, entre idas e vindas, por conta de cirurgias no joelho e o Cruzeiro o manteve sob contrato por reconhecer nele um grande jogador, identificado com o clube. Porém, a recíproca não me parece ser verdadeira. Assim que o Cruzeiro caiu para a Segundona e o clube propôs a redução salarial, Dedé foi o primeiro a dizer que não aceitaria tal medida e que procuraria outro clube. O Vasco, onde foi formado, não topou pagar um salário alto e a negociação esfriou. Outro caminho era a China, mas o coronavírus inviabilizou o negócio. Sem proposta e sem reduzir o salário, Dedé é uma incógnita, mas o Cruzeiro o mandou se reapresentar. 



O futebol é cheio de ingratidão. Reconheço que Dedé tem o direito de não reduzir seu salário, pois deve ter compromissos que inviabilizam tal negócio, mas não custava nada reconhecer o que o clube fez por ele, nos piores momentos de sua carreira, e negociar. Tenho notícias de que essa redução na verdade é para “inglês ver”. O que os jogadores fizeram foi deixar o recebimento da diferença para a frente. Exemplo: se um jogador ganha R$ 600 mil mensais, ele passará a ganhar R$ 150 mil mensais, e, lá na frente, a diferença, os R$ 450 mil, vão se acumulando para um pagamento futuro. Não sei se dará certo, mas é uma tentativa.

Acho que Dedé deveria repensar e ajudar o Cruzeiro a subir. É um baita zagueiro e o clube precisa dele na Série B. É o momento de ele olhar para trás e perceber tudo o que o clube e os torcedores fizeram quando viveu seus piores dias. Gratidão e lealdade são palavras fora de moda no mundo atual, o que é uma pena.

Outro jogador que parece não aceitar a “redução salarial” é o argentino Ariel Cabral. Sinceramente, nunca, em minha vida toda no futebol, e já se vão 53 anos, pois aos 6 anos de idade meu pai me levou ao Maracanã para ver Bangu 3 x 0 Flamengo, com o time de Moça Bonita sagrando-se campeão Carioca, vi um argentino tão sem sangue, sem vibração e com futebol bem burocrático.


Toma aqui, entrega ali. Esse, se for embora, não fará a menor falta ao Cruzeiro, e, confesso, a time nenhum. É o chamado “já vai tarde, sem deixar saudades”. Não era jogador para a Série A e não será para a Série B, na qual, muitas das vezes, a garra se opõe à técnica. Claro que o talento é quem decide, mas, nos campos apertados, que mais parecem várzeas, não é fácil jogar.

Que o Cruzeiro libere Cabral e agradeça pelos serviços mal prestados. Quem teve Sorín, um dos maiores jogadores que vi atuar, pois aparecia em todos os lugares do campo, e hoje tem Ariel Cabral, é mesmo uma pena. Sorín, sim, honrou a camisa azul, a vestiu como sua segunda pele e sentiu na carne o rebaixamento. Fosse eu o presidente do clube e o chamaria para ser o diretor de futebol. Sorín sabe tudo e mais um pouco.

Galo

O Atlético vai se ajustando gradativamente, montando um time com condições de disputar taças. Por enquanto, não dá, mas se os reforços que estão sendo negociados chegarem, a coisa pode melhorar. Só acho que o técnico Dudamel e os dirigentes deveriam chamar Cazares para uma conversa de pé de ouvido. Ele joga muita bola, é um 10 eficiente, mas precisa querer.


Tecnicamente, o acho diferenciado. Mas ele parece não acreditar no próprio potencial. Se o problema dele é gandaia – eu não entro em vida particular de jogador nenhum –, que os homens ponham seguranças tomando conta dele para evitar problemas. Mas que ele é titular desse time do Galo com os pés nas costas, não tenho a menor dúvida. Se o Atlético o vender, com o dinheiro que vai entrar não conseguirá contratar outro jogador com a mesma qualidade.

Cazares sobra na turma e deveria se enquadrar melhor. Não me parece um mau sujeito, mas sim um cara mal orientado. Dudamel e ele falam o mesmo idioma, o castelhano, e não custa nada uma boa conversa entre ambos para mostrar ao jogador que ele pode ser o maestro de um time que mescla experiência com juventude e que está em busca de uma identidade. Depende mais do Cazares do que do Atlético.

“Estava indo tão bem”

Outro dia escrevi aqui neste espaço elogiando Neymar, dentro e fora de campo. Sua mudança, sua maturidade, seu desejo de focar somente no futebol. Porém, me enganei mais uma vez. Ele me lembra aquele personagem da Escolinha do Professor Raimundo, interpretado pelo saudoso Brandão Filho, que respondia às duas primeiras perguntas de forma magistral, mas, na terceira, chutava o balde e ganhava nota zero.


Neymar não levou o cartão amarelo por ter dado uma lambreta no adversário, e sim por ter reclamado, acintosamente, do árbitro, que chamou sua atenção de forma comedida. Neymar tem que driblar do jeito que quiser, desde que faça isso com o objetivo do gol. Para humilhar os adversários, acho um erro, pois ele fez tanta firula no jogo de domingo que foi caçado em campo. Apanhou muito. Neymar fez uma festa de aniversário pelos seus 28 anos de forma mais comedida. Chamou alguns artistas, colegas do PSG e amigos mais chegados. Não foi nada mirabolante, como nos anos anteriores.

Dentro de campo, tem feito sua melhor temporada, com chances de seu time avançar na Champions League, competição que é o objetivo maior. Vale lembrar que Barcelona, Real Madrid e Bayern estão mal. Sobra o Liverpool. O PSG vai encarar o Borussia Dortmound nas oitavas de final e tem todas as chances de avançar. Para isso, precisa de Neymar mais focado do que nunca. Ele e Mbappé são os jogadores diferenciados, capazes de decidir uma partida. Portanto, Neymar, dê caneta, lambreta, lençóis e todos os dribles que você quiser. Desde que sejam em direção ao gol, que é o grande objetivo. Driblar para humilhar companheiros de profissão pode lhe custar uma contusão grave, e o PSG e a Seleção Brasileira precisam de você inteiro.

Tite pé-frio

Bastou Tite ir para a Colômbia assistir à Seleção Brasileira no Pré-Olímpico para o time brasileiro perder os 100% na competição. Na fase de grupos, o Brasil atropelou os adversários, vencendo os cinco jogos. No quadrangular que só classifica dois para a Olimpíada, empatou com os donos da casa por 1 a 1, saindo atrás no placar. A Argentina venceu o Uruguai e lidera com três pontos. Amanhã tem Brasil x Uruguai e Argentina x Colômbia. A vitória sobre o fraco time uruguaio é obrigação, se a equipe comandada pelo técnico Jardine quiser chegar a Tóquio, na Olimpíada. Tite tem estragado a Seleção Principal e agora vai dar pitaco no time olímpico. Sai pra lá pé-frio, voa logo para a Europa para observar jogadores. As Eliminatórias começam em março e o Brasil terá dificuldades, já que Tite não tem mais o comando do grupo. Os jogadores não conseguem realizar aquilo que ele deseja. É visível isso!