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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

#BoraReconstruir: Cruzeiro inicia campanha para dar a volta por cima

Diretoria conta com os 9 milhões de cruzeirenses e jogadores comprometidos com o trabalho para superar a crise e recolocar o clube na elite do futebol brasileiro


postado em 19/01/2020 06:00 / atualizado em 19/01/2020 08:38

A diretoria do Cruzeiro lançou a modalidade
A diretoria do Cruzeiro lançou a modalidade "Reconstrução", do programa de sócio-torcedor, na sexta-feira, em frente à sede administrativa, no Barro Preto (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
 

Orlando – Muito bacana essa hashtag criada pela torcida do Cruzeiro, no momento mais difícil da vida do clube. É nessas horas que a gente percebe quem realmente ama o clube e quem o usa. O Cruzeiro virou terra arrasada. Trabalhando em Minas desde 1984, me sinto mineiro e, mesmo sendo flamenguista declarado, jamais deixei de torcer e exaltar Atlético, Cruzeiro e América, principalmente, pois, trabalhando, sempre torci por essas equipes. Quando elas não estão em uma competição, aí eu visto meu manto sagrado e vou torcer pelo Fla, como fiz em Doha. Mesmo assim, na hora do trabalho, isenção total, como fiz na final do Mundial, em que apontei o Liverpool infinitamente superior, mas o Flamengo, caindo de pé, com futebol de time grande, o único, no momento, que diminui a distância abissal do futebol brasileiro para o futebol europeu. Dito isto, realmente chegou a hora de torcida – e quando falo em torcida digo os anônimos –, jogadores e dirigentes sérios se unirem para levantar o gigante. O Cruzeiro foi referência esses anos todos e, para quem não sabe ou não se lembra, é o único clube fora do eixo Rio-São Paulo a ganhar o Brasileiro no formato dos pontos corridos (2003-13-14). Porém, os títulos de 2013 e 2014, por irresponsabilidade do diretor de futebol na época, Alexandre Mattos, custaram caro e a conta chegou, junto com a administração caótica de Wagner Pires de Sá, suspeita de desvios e lavagem de dinheiro. O Ministério Público (MP) e a Polícia Civil vão dar um parecer em breve.


O Cruzeiro tem duas Libertadores, quatro Brasileiros e seis Copas do Brasil. Um clube com essas conquistas – estou citando aqui as mais importantes – não pode sucumbir jamais. Com 9 milhões de torcedores anônimos, é um gigante que foi à lona, mas que vai se levantar e dar o golpe de misericórdia no oponente. Quando a torcida abraça o time com essa campanha, além de jogadores e ex-jogadores, a gente percebe a grandeza do clube. Claro que o Cruzeiro vai se reconstruir, porém, se o Governo Federal não acenar com um novo Refis, será difícil. A não ser que um árabe ou um chinês banque a dívida e invista no clube. Eu sou contra esses financiamentos de dívidas do governo. Se ele não ajuda os pobres cidadãos, endividados, por que vai ajudar clube de futebol? E temos visto vários exemplos de Refis e mais Refis, que os clubes não pagam e vão recebendo perdão. Chega! Futebol é coisa séria. Não se pode pagar R$ 700 mil a um treinador ou a um jogador. Num país com economia quebrada, isso é uma afronta à sociedade. Por ter chegado ao fundo do poço, o Cruzeiro limitou seu teto salarial em R$ 150 mil mensais. Aí eu pergunto: qual o cientista, que descobre curas para doenças, qual o CEO de grandes empresas que ganha isso? E não me venham com essa balela de dizer que a carreira de jogador é curta, pois não cola. Com esses salários, em dois anos o cara tá rico!


O futebol brasileiro precisa viver sua nova realidade e sair do mundo da fantasia. A maioria dos clubes está quebrada, como o Cruzeiro. Só não houve suspeita de roubo por parte dos dirigentes. Muita gente cobra dos jornalistas Rodrigo Capelo e Gabriela Moreira, autores da reportagem do Fantástico que denunciou as irregularidades no Cruzeiro, o motivo de não fazerem o mesmo nos outros clubes. Os jornalistas fizeram o trabalho sério deles e, diga-se de passagem, com muita competência e coerência. Havia documentos e denúncias. Eles foram atrás e fizeram uma bela reportagem, dando nomes aos bois. São dignos de aplausos e não de cobranças. Ajudaram o Cruzeiro a perceber o buraco no qual estava entrando. Eu parabenizo a dupla pela séria e reveladora reportagem. Claro que se houver denúncias de desvio de dinheiro ou conduta venal em outros clubes eles farão outra reportagem. A função da imprensa é levantar os fatos e mostrar à opinião pública o que de errado existe. Cabe à polícia e ao MP investigar e denunciar os acusados, e à Justiça condenar ou absolver. É assim que funciona. Em 2000, quando fiquei dois meses no Leste Europeu em busca dos garotos levados por empresários inescrupulosos para jogar futebol, e que acabavam abandonados por eles, levantei tudo, documentei, registrei, fotografei e escrevi uma série de reportagens, junto com Arnaldo Viana e Daniel Gomes, denominada “Meninos do Brasil”. A série, duplamente premiada, com os troféus Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo e Imprensa Embratel, serviu para que os culpados fossem punidos e o governo criou um dispositivo no qual o garoto só sai do país acompanhado de um responsável da família. Esse é o nosso papel. Denunciar, com provas, o que de errado existe.


O Cruzeiro chegou ao fundo do poço, que parece ser mais fundo do que se imaginava. Mas é um clube do mundo, um gigante, e, assim como outros, vai se recuperar, voltar à elite e se reorganizar financeiramente. Pode demandar tempo, mas, com a força dos nove milhões de cruzeirenses espalhados pelo mundo tudo ficará mais fácil, ou menos difícil. Essa é a verdadeira hora de o torcedor abraçar o time. Os grandes que caíram foram prestigiados com estádios lotados, às terças, sextas e sábados e voltaram ainda mais gigantes, ganhando até título mundial, caso do Corinthians. Portanto, com Fábio e Leo dando exemplos de dignidade, amor ao clube e caráter, as coisas vão fluir. Não esperem esse mesmo sentimento de jogadores de aluguel, que passam pelo clube sem deixar saudades. Esses são “mercenários”, como dizem os torcedores, e quanto mais cedo forem embora, melhor. O Cruzeiro é gigante, clube invejado, e vai se reerguer e voltar a ser campeão. Só que agora com responsabilidade de quem não pode e não deve gastar mais do que o orçamento permite

Estádio

O Galo pode começar a construção do estádio Elias Kalil em fevereiro. Grande notícia para os torcedores atleticanos. Com sua casa, o Galo será ainda mais forte e vingador. O clube, aliás, vive dias de glórias com a queda do Cruzeiro por ser o único time mineiro na Série A. Acho muito saudável essa gozação, pois isso é rivalidade, sem brigas ou matanças. Assim como o Galo foi achincalhado quando caiu, o mesmo acontece com o rival. O futebol só vale se for assim, com rivalidade e sem violência. Que o Galo possa fazer uma grande temporada, e que em 2022, data prevista para a entrega do estádio, possa se orgulhar da nova casa, que, com certeza, ficará lotada em todos os jogos do clube. Sugiro a venda antecipada de carnês, pois a paixão da fantástica e fanática torcida alvinegra é algo sem explicação.

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