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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

Jogadores só pensam em quanto vão ganhar. Vale é a cor da grana

Os caras só pensam em quanto vão ganhar. Não importa a cor da camisa nem a história do clube. O que vale é a cor da grana, do dinheiro


postado em 15/01/2020 04:00 / atualizado em 15/01/2020 00:33

O atacante Pedro Rocha passou sem brilho pelo Cruzeiro e será jogador do Flamengo nesta temporada(foto: PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS - 5/11/19)
O atacante Pedro Rocha passou sem brilho pelo Cruzeiro e será jogador do Flamengo nesta temporada (foto: PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS - 5/11/19)
 
 
Pedro Rocha chorou ao ser apresentado no Ninho do Urubu e ao vestir a camisa do Flamengo. Disse que torce pelo clube desde criança e que esse era um desejo do seu pai. Interessante! Não o vi chorar quando ajudou a jogar o Cruzeiro para a Série B, na lama. Não o vi triste nem tampouco cabisbaixo. É bem verdade, o jogador não foi criado no time azul e, sim, no Grêmio, mas poderia ter, no mínimo, gratidão, pois o Cruzeiro o buscou lá na gélida Moscou, onde fracassou no Spartak, deu-lhe apoio e, com certeza, muito dinheiro. Como diz o Rei Dadá, “jogador, atualmente, só pensa no bolso e no quanto vai ganhar”. É verdade. Em outras épocas, havia amor à camisa. Hoje, poucos são os que honram e gostam dos clubes nos quais trabalham. O paredão azul, Fábio, e o zagueiro Leo são exemplos raros de atletas compromissados com o clube, com a torcida, com sua gente. Seguirão com o Cruzeiro na Série B, reduzindo até mesmo seus salários. Exigir isso de Pedro Rocha, Thiago Neves ou Fred seria muito. É uma pena que haja tanta ingratidão. Um torcedor me mandou mensagem, via Instagram, jaecicarvalhooficial, sugerindo que fosse criado um dispositivo impedindo um jogador que caiu com o clube de disputar a Primeira Divisão. Infelizmente, não é possível, mas que seria uma boa medida, ah, isso seria!

Lembro-me quando o Brasil, do Felipão, levou de 7 a 1 da Alemanha em pleno Mineirão, na semifinal da Copa do Mundo de 2014. O povo chorou, ficou atordoado pelo maior vexame do esporte mundial, não só do futebol. Porém, no dia seguinte, a maioria dos jogadores já estava nos balneários europeus, curtindo férias nos gigantescos iates, tomando cerveja e champanhe, fazendo farra. Dario me contou que, quando jogava no Galo e perdia o clássico para o Cruzeiro, ficava uma semana sem sair de casa nem para comprar pão. Tinha vergonha. Eram outros tempos. Dirceu Lopes, Piazza, Natal, Evaldo são outros exemplos de grandes craques que honraram a camisa azul e que jamais admitiriam uma queda do time. E, se isso tivesse ocorrido, não hesitariam em disputar a Segundona e levar o clube de volta à elite. Exigir isso dos jogadores atuais seria pedir demais. Os caras só pensam em quanto vão ganhar. Não importa a cor da camisa nem a história do clube. O que vale é a cor da grana.

O futebol já foi romântico, já foi mágico, mas hoje virou isso aí. Certa vez, conversando com Dirceu Lopes, o maior jogador da história do Cruzeiro, na minha visão, eu disse que ele havia jogado na época errada e que se jogasse hoje não teria dinheiro para pagar seu trabalho, tamanha a sua qualidade. Ele, então, respondeu: “Meu amigo Jaeci, eu joguei na época certa, dos craques, dos grandes jogos, do amor ao clube. Eu não trocaria nada pelos dias atuais”. Ele tem razão. É idolatrado por onde passa, reconhecido como o “Príncipe”, pois jogava demais. E pensar que Dirceu Lopes não foi a uma Copa do Mundo. Tantos jogadores medianos tiveram essa oportunidade e ele não. O futebol é injusto e ingrato. É inaceitável isso. Ademir da Guia, o Divino, do Palmeiras, também não foi titular numa Copa do Mundo. Tive o privilégio de vê-los jogar, de acompanhá-los junto com aquela geração fantástica das décadas de 1960, 1970 e 1980. Nossa última grande safra terminou em 2006, com aquele quadrado fantástico de Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, Adriano e Kaká. Incluo aí Romário, Rivaldo e Alex, talento azul, outro injustiçado e que jamais disputou uma Copa do Mundo.

É por isso que não quero amizade com ninguém dessa nova geração. Não merecem meu carinho. Sou amigo dos grandes gênios que vi jogar. Homens de caráter, como Reinaldo, Cerezo, Éder, Zico, Falcão, Júnior, Humberto Ramos, Paulo Isidoro e tantas outras feras. Respeito todos que atuam hoje, mas não os admiro e não torço por eles, com raras exceções. Sei que o futebol é um mundo à parte, da fantasia, onde um perna de pau, desculpem a expressão, fica rico em dois anos. Ganha fortunas, engana em vários clubes e finaliza a carreira, que dizem ser curta, milionário. Esse mundo não é o real, o do trabalhador brasileiro. Os clubes, quebrados, insistem em pagar fortunas, com orçamento estourado, devendo até as cuecas. Os jogadores são mimados. Saem do zero para o 100 mais rapidamente do que uma aceleração numa Ferrari. E, normalmente, não têm estrutura para isso. Fico com os veteranos da minha geração. Zico, Cerezo, Éder, Reinaldo, Júnior não ganharam Copa do Mundo, mas ganharam minha admiração, meu carinho. Não posso dizer o mesmo dessa nova geração, que, aliás, não ganhou nada em termos de Seleção. Quero é distância de “Pedro Rochas” da vida. Esses caras não deveriam ter o apreço e o carinho do torcedor. São jogadores de aluguel e para esse tipo de atleta o que vale é só o $. Amor ao clube? Esqueçam. Isso é coisa do século passado!

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