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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

Valeram a pena as taças do Cruzeiro se o preço era a queda?

Já se fala até em refundar o clube, com outro nome e outro CNPJ, com o fechamento da instituição Cruzeiro Esporte Clube. Isso seria uma vergonha, um descalabro


postado em 12/01/2020 04:00

Acumuladas, as dívidas do Cruzeiro chegaram a cerca de R$ 800 milhões na gestão de Wagner Pires de Sá(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 11/10/19)
Acumuladas, as dívidas do Cruzeiro chegaram a cerca de R$ 800 milhões na gestão de Wagner Pires de Sá (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 11/10/19)


A situação gravíssima do Cruzeiro Esporte Clube, com mais de 9 milhões de torcedores espalhados pelo mundo, despertou um debate mais profundo com relação ao custo-benefício de um título. O Cruzeiro gastou o que tinha e o que não tinha na gestão do então diretor de futebol Alexandre Mattos e faturou o bicampeonato brasileiro e uma Copa do Brasil. Pagou salários absurdos a técnico e a jogadores, coisa que jamais ocorreu no clube azul, já que a média salarial de um treinador nunca passou de R$ 300 mil mensais. Luxemburgo, campeão da Tríplice Coroa, ganhava R$ 160 mil mensais, ao passo que Marcelo Oliveira, bicampeão em 13-14, recebia cerca de R$ 500 mil mensais. Jogadores como Júlio Baptista e mais alguns ganhavam também fortunas, e o torcedor comemorou com entusiasmo, tripudiando em cima dos outros clubes do Brasil. Veio a gestão de Wagner Pires e o clube continuou com a farra, gastando fortunas, abrindo ainda mais a cratera e pagando salários de R$ 1 milhão mensais a ex-jogadores em atividade, fortunas a jovens que nem sucesso faziam e salários de R$ 700 mil a Mano Menezes. Tudo isso em troca de duas Copas do Brasil. A farra do “boi” estava exposta. Segundo o ex-homem forte do futebol Zezé Perrella, só de comissão a empresários foram pagos R$ 70 milhões, quantia inimaginável para os padrões normais do futebol brasileiro.
 
Porém, a conta chegou para decretar a falência do clube. Na verdade, não existe falência de uma entidade de futebol, já que ela não é empresa, mas, falando a grosso modo, o Cruzeiro Esporte Clube está quebrado, sem luz no fim do túnel, por mais que os homens do conselho gestor, formado às pressas após a renúncia do ex-presidente, queiram ajustar e ajudar a não deixar o clube sucumbir. São dívidas e mais dívidas, pendências e mais pendências, salários com quatro meses de atraso, impostos e outras coisas mais. A ponto de os jogadores, em pré-temporada, não terem carne para o almoço após o treino. O fornecedor não mandou o produto porque não tem recebido o pagamento. Uma vergonha para um clube que sempre foi referência no país, sinal de equilíbrio e contas em dia. O Ministério Público e a Polícia Civil, após as graves denúncias do programa Fantástico, da Rede Globo, veiculadas em maio, investiga Wagner Pires e seus pares. Porém, até agora ninguém foi indiciado ou preso. A torcida exige que aquilo supostamente roubado seja devolvido aos cofres do Cruzeiro e os envolvidos, caso as acusações sejam comprovadas, punidos com os rigores da lei.

 
Dois gestores já pularam do barco. Mas restam alguns, conscientes da triste realidade do clube, que buscam solução aqui e ali. Um nome de consenso poderia ser uma luz no fim do túnel, mas como conseguir isso num clube tão dividido politicamente? Os títulos custam caro, e quando não há responsabilidade, a conta chega e é dolorosa. Aí, eu pergunto aos torcedores cruzeirenses: valeu a pena gritar “é campeão”? Uma queda inédita para a Série B e uma dívida que, segundo alguns economistas, gira em torno de R$ 800 milhões, mas, que para outros, está em cerca de R$ 1 bilhão. Dívida essa impagável sob o ponto de vista de um clube quebrado, na bancarrota. Já se fala até em refundar o clube, com outro nome e outro CNPJ, com o fechamento da instituição Cruzeiro Esporte Clube. Isso seria uma vergonha, um descalabro. A solução tem de ser encontrada no próprio Cruzeiro Esporte Clube, nem que isso custe décadas e décadas sem taças, ou mesmo na Segundona. É o preço da irresponsabilidade e da inconsequência.

 
Já vimos clubes tendo a água cortada, caso do Vasco, recentemente, e com a luz desligada, caso do Botafogo, também recentemente. São dois clubes campeoníssimos, com história no futebol brasileiro, mas que, há tempos, apenas figuram nas competições, sem condições de ganhá-las. Fruto de péssimas gestões, que se refletem até os dias atuais. É exatamente o que ocorre com o Cruzeiro. Perguntem aos torcedores desses dois clubes cariocas se valeram a pena as taças levantadas sob o peso da irresponsabilidade de seus dirigentes.
 
O Flamengo, que durante tantos anos figurou nas competições, se arrumou e hoje é superavitário, referência nacional. Tudo isso graças à administração de Bandeira de Mello, que ganhou apenas uma Copa do Brasil, mas que saneou o clube e arrumou a casa para que seu sucessor, Rodolfo Landim, navegasse em águas claras, ganhando taças como o Brasileirão e a Libertadores, voltando a disputar um Mundial de Clubes depois de 38 anos. O modelo Flamengo é o que tem que ser copiado pelos outros clubes. Não dá mais para o amadorismo imperar de Norte a Sul do país. O governo não se cansa de promover Refis aos clubes brasileiros, mas eles, de forma irresponsável, vão metendo os pés pelas mãos, acumulando dívidas, “esquecendo” de pagar as parcelas do refinanciamento. Ou os clubes viram empresas, com Ceos os comandando e prestando contas todos os dias, ou teremos no Brasil um ou dois clubes como protagonistas e o restante como coadjuvante ou figurante, como nas novelas, sem voz e sem importância. Sinceramente, gostaria que o torcedor cruzeirense me respondesse: valeram a pena os títulos conquistados na última década? Vocês os trocariam pela estabilidade do clube e para não ter que disputar a Série B?
 
 

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