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Clubes têm obrigação de pagar salários em dia. É lei!

Os torcedores me perguntam se jogador faz %u201Ccorpo mole%u201D por não receber em dia. Sinceramente, não acredito nisso, mas pode acontecer


postado em 13/10/2019 04:00

Atacante Donizete (à direita na foto), que atuou por Botafogo, Corinthians, Cruzeiro e Vasco, entre outros clubes (foto: Eduardo Viana/Lancepress %u2013 25/7/03)
Atacante Donizete (à direita na foto), que atuou por Botafogo, Corinthians, Cruzeiro e Vasco, entre outros clubes (foto: Eduardo Viana/Lancepress %u2013 25/7/03)

A maioria dos clubes brasileiros está de pires nas mãos, devendo salários, encargos e outras coisas afins. Recentemente, os jogadores do Figueirense se recusaram a entrar em campo, e perderam por W.O., porque não recebem salários há meses. O Botafogo não paga há dois meses. O Fluminense e o Vasco vivem o mesmo dilema. Cruzeiro e Atlético também. Não importa se um jogador ganha R$ 20 mil ou R$ 1 milhão por mês. O que foi acordado e que está em contrato deve ser cumprido à risca, como determina a lei.

Tem gente que acha que neste país não há Justiça, mas há sim. Conheço vários jogadores, e vou citar aqui o Donizete Pantera, que entraram na Justiça contra os clubes e receberam, com juros e correção, tudo o que lhes era devido. Cruzeiro e Atlético vivem momentos delicados. Sem dinheiro, com cotas de TV antecipadas, os salários não são pagos em dia e, curiosamente, as duas equipes estão mal no Brasileirão, sendo que o Cruzeiro corre sérios riscos de ser rebaixado. O Galo tem chance remota, mas também ainda não está salvo. Os torcedores me perguntam se jogador faz “corpo mole” por não receber em dia. Sinceramente, não acredito nisso, mas pode acontecer.

Acredito que um trabalhador, seja de que área for, fica com mil problemas na cabeça, pois precisa pagar aluguel, comprar comida, pagar escola dos filhos e tudo mais. Sem receber, as contas vão chegando e a cabeça das pessoas fica a mil. Todos que são assalariados dependem do pagamento no quinto dia útil, para pagar suas despesas, e com os atletas não é diferente. Por mais que eles ganhem, devem ter compromissos de acordo com sua realidade e cabe ao empregador pagar-lhes religiosamente. Se não tinha dinheiro para contratar o jogador, por que o fez? Tem gente que acha que não pagar salário é normal. Mas vale lembrar que o tempo da escravidão acabou em 13 de maio de 1888, com a Lei Áurea. O que foi acordado e assinado não é caro. Tem que cumprir. Não entendo o motivo de alguns clubes não terem essa noção. Não se pode gastar mais do que o orçamento permite. Porém, com a pressão da torcida por resultados, os clubes cometem irresponsabilidades e gastam o que têm e o que não têm. Normalmente, o resultado é falta de grana e colocações ruins na tabela.

Já passou da hora de os clubes virarem empresas, ter um orçamento e um CEO contratado para dar lucros e taças. Na Europa é assim há anos. Estive com o goleiro Gomes, no Watford, em Londres. Almocei com ele no clube, e lá estava o presidente e dono, um jovem italiano, dono de outro time na Itália, se não me engano da Udinese. O Watford tem jogadores dentro da sua realidade e de seu nível orçamentário. O dono não comete loucuras contratando astros, porque sabe que a conta vai chegar e não vai fechar. Lá não existe esse negócio de atraso de salários. É crime. Ele trabalha rigorosamente em cima do orçamento, e sabe que sua equipe vai brigar sempre na zona intermediária da tabela – salvo algumas exceções, como o Leicester, campeão da Premier League, há alguns anos. Foi uma zebra, pois a equipe era modesta e superou os gigantes do futebol inglês.

Portanto, que o governo crie um dispositivo obrigando todos os clubes a virarem empresas. Não dá mais para o futebol brasileiro viver este amadorismo, esta indecência de a conta não fechar. Os trabalhadores, jogando bem ou mal, têm que receber no fim do mês. Por isso, os clubes brasileiros têm que aprender a trabalhar em cima de uma planilha e cumprir à risca o orçamento. Não dá para contratar no meio da temporada, mandar técnicos embora e pagar a três deles ao mesmo tempo. Tudo isso gera desconforto, inflaciona os cofres do clube e se transforma numa bola de neve. O mundo mudou, mas o futebol brasileiro continua arcaico, vivendo na época do amadorismo. Muito dinheiro gira em torno do futebol.

É inadmissível os clubes terem estruturas modestas e não evoluir. Não há outro caminho: ou viram empresas, ou Flamengo e Corinthians vão transformar o Brasileirão em Campeonato Espanhol. São os dois times da maior torcida do Brasil, têm receitas bem maiores que os demais e, quando estão em grande fase, caso do Flamengo, a torcida enche o estádio. A média de arrecadação do Flamengo, no Maracanã, é de R$ 4 milhões. Não adianta remar contra a maré. Clube-empresa é a palavra de ordem.

Jesus dá banho

O técnico português Jorge Jesus está dando um banho e uma aula tática nos colegas. Mesmo quando o Flamengo já está com a vitória assegurada, ele grita e xinga os jogadores por uma bola perdida ou falta de empenho. Quer ver a equipe mordendo o adversário até o último segundo do jogo. Por isso, virou ídolo da torcida e é odiado por seus pares, alguns invejosos, porque não conseguem dar o padrão de jogo que o português dá ao Flamengo. Acho que em vez de invejar, os técnicos brasileiros, com algumas exceções, deveriam aprender com Jesus como se arma uma equipe e como se consegue tirar o máximo dela. Claro que sem um grupo qualificado nada disso é possível. Guardiola, por exemplo, só treina time de ponta e milionário. Mesmo assim, só ganhou Champions League no Barcelona, com Messi sendo o maestro.


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