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Estado de Minas COLUNA DO JAECI

A invasão da Toca foi um absurdo inadmissível

Pessoas que invadem propriedade privada para intimidar jogadores de futebol não podem ser chamadas de torcedores e deviam ser presas


postado em 03/10/2019 04:00 / atualizado em 02/10/2019 22:30

Integrantes da Máfia Azul invadiram a Toca da Raposa e a polícia foi chamada, mas ninguém foi preso(foto: Paulo Galvão/EM/D.A Press)
Integrantes da Máfia Azul invadiram a Toca da Raposa e a polícia foi chamada, mas ninguém foi preso (foto: Paulo Galvão/EM/D.A Press)


Quem arromba portão de centro de treinamento, que invade treino para ameaçar a integridade física de jogadores e comissão técnica não é torcedor de verdade, nem ama o clube. Isso é coisa de bandido, e bandido tem que ser tratado pela polícia. Lugar de torcedor protestar é na arquibancada, mas, no Brasil de hoje, cenas como a que vimos ontem viraram recorrentes. Os caras se sentem donos dos clubes. Algumas torcidas são financiadas pelos próprios clubes, todos sabem disso, com pagamentos de aluguel de salas, telefones e outras coisas mais. São sanguessugas, que vivem do clube e não pelo clube. Amor de verdade têm os 9 milhões de cruzeirenses anônimos e espalhados pelo mundo. Esses, sim, sofrem com a atual situação. O Cruzeiro virou caso de polícia há cinco meses, desde que o Fantástico, da Rede Globo, desencadeou uma série de acusações aos atuais dirigentes, entre elas corrupção e lavagem de dinheiro. Todo mundo é inocente, até que se prove o contrário, diz a lei. Portanto, seria mais prudente e mais coerente que os dirigentes se afastassem para se defender fora do cargo. Eles correm sérios riscos de ser agredidos, pois esses invasores são incontroláveis.

O presidente do Conselho Deliberativo, Zezé Perrella, promete fazer uma eleição pedindo o afastamento dos dirigentes atuais. Mesmo tendo um Conselho dividido, já que boa parte está com a atual diretoria, Zezé vê uma chance de conseguir o objetivo. O momento é gravíssimo. O Cruzeiro, na zona de rebaixamento, além de correr riscos de cair para a Segundona está sem credibilidade no mercado, sem dinheiro, sem horizonte. Uma crise sem precedentes. Uma vergonha para uma instituição quase centenária e campeoníssima. Por que os dirigentes não renunciam ou se afastam? Se são inocentes, que provem isso fora dos cargos e voltem com força total para reerguer o clube. Se não conseguirem provar a inocência, que se afastem de vez. O que não pode é essa indefinição. A Justiça precisa tomar uma providência.

Não sou jurista e sou leigo no direito, mas é sabido que as instituições clubes de futebol são consideradas particulares, daí a dificuldade de a polícia ou a Justiça tomarem uma medida. Nesses casos, somente o Conselho Deliberativo pode agir, de acordo com o estatuto. Será que o Conselho do Cruzeiro é tão omisso a esse ponto, de querer ver o clube destruído? Conselho, como diz o próprio nome, deveria agir para aconselhar pelo melhor para a instituição, e não em causa própria. Conselheiro não é eleito para viajar com o time ou receber agrados, e, sim, para votar pelo bem do clube. O que vemos de norte a sul do país são conselhos omissos, formados por gente que nada entende de futebol, por gente que quer se aproveitar da instituição ou por vaidade. Chega disso! Vamos profissionalizar o nosso futebol. A solução é transformar os clubes em empresas, que dão lucros e ganham taças. CEOs devem ser contratados para tocar o clube, como se toca uma empresa. Uma instituição não pode gastar mais do que arrecada e não pode ficar refém de gente que dela quer se apoderar.

Não entendo a resistência dos clubes em se tornarem empresas. Lá atrás isso foi tentado, mas com gestões equivocadas, que deram em nada. Muito dirigente meteu a mão na grana e saiu preso, caso de Edmundo Santos Silva, do Flamengo, que disse que “não era um bandido comum para sair algemado”. Ele tinha razão. Um bandido comum não rouba R$ 90 milhões de um clube de futebol. É preciso uma nova forma de gestão, copiando o modelo europeu. Os clubes no Velho Mundo são empresas, dão lucro, têm receitas e orçamentos, dos quais não se pode fugir. Só no Brasil existe esse amadorismo. Ou os clubes viram empresas ou, em breve, viraremos uma Espanha, onde somente dois clubes, Real Madrid e Barcelona, têm chances de ganhar canecos. Esporadicamente, tem uma zebra ou outra. Flamengo, com 40 milhões de torcedores e receitas astronômicas, e Palmeiras, com uma patrocinadora que empresta dinheiro a juros, principalmente aos velhinhos, vão dominar o cenário nacional, sem volta.

Quanto aos bandidos travestidos de torcedores, o caso deles é de polícia. Ninguém pode respeitar gente que briga, dá paulada, mata e vai aos estádios para provocar terror. Esses não são e nunca serão os verdadeiros torcedores das instituições. São aproveitadores. E o que mais me espanta é ver a mídia calada, sem forças para reagir. Já disse o que penso há tempos: sou a favor da extinção dessas chamadas torcidas organizadas, que tantas vidas já ceifaram, que tantas ameaças vivem fazendo. Quando elas não existiam, não havia mortes no futebol e os torcedores podiam, sim, usar camisas distintas, cada um de seu clube, e sentar lado a lado nos estádios. Hoje, nem mesmo sair de casa com uma camisa de outra cor é permitido. Os caras são assassinados a caminho dos estádios. Uma situação refletida pela grave crise econômica, social e moral pela qual passa o Brasil. Um país sem rumo, sem direção, onde os valores estão completamente invertidos. A situação do Cruzeiro não é diferente da vivida pela maioria dos clubes brasileiros. Se providências urgentes não forem tomadas, o que hoje chamamos de futebol se transformará numa batalha sangrenta, sem controle e sem solução. Depois não digam que não avisei!

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