O Atlético tem o jogo do ano, esta noite, no Mineirão, diante do “poderoso” Colón, da Argentina. Se, ano passado, a Copa Sul-Americana era a segunda divisão da Libertadores, esse ano mudou de patamar e virou a principal competição para o time alvinegro. “Navio que está afundando, atraca em qualquer porto”, dizia meu mestre, que me ensinou tudo na TV Globo, o saudoso Fernando Sasso. Na Libertadores, o Galo foi um fiasco, e eu avisei que se o time saísse do Independência não se classificaria às oitavas de final. Não me venham com essa balela de que o Atlético se apequenou no Horto, pois, se não fosse esse caldeirão, não teria as conquistas da Libertadores, Copa do Brasil e Recopa. Ao contrário, ele se agigantou no Horto. Sei que a final foi no Mineirão, mas só para cumprir tabela ou para fazer a farra no estádio que os torcedores chamam de “salão de festas”.
Sábio e revolucionário, o eterno e mais vencedor presidente, Alexandre Kalil, transformou aquilo num inferno para os adversários, num trunfo para seus jogadores e num prazer para os torcedores, tamanha as conquistas que conseguiu.
O técnico Vanderlei Luxemburgo disse aos quatro cantos que “se tivesse aquele estádio quando dirigiu o Galo, com certeza ganharia tudo”. E tem gente que quer contrariar o óbvio. Por azar do Galo, a Conmebol não permite que a partida de hoje seja disputada ali, por não ter capacidade para 30 mil espectadores. Com isso, as chances de classificação à final diminuem, pois o Gigante da Pampulha nunca deu sorte ao Atlético. Ou, por acaso, o Atlético ganhou algum título ali? Nem mesmo o Brasileiro de 1971 foi conquistado no Mineirão, pois o gol de Dario foi no Maracanã, contra o Botafogo.
Eu mantenho a minha coerência: a Copa Sul-Americana é sofrível, com times desconhecidos, estádios ruins. E não me canso de dizer: o Atlético ganhou a competição duas vezes, quando se chamava Copa Conmebol, e jogou no lixo. Nunca valorizou tais conquistas. De repente, virou a melhor competição do mundo. Os fracassos na Libertadores, Copa do Brasil e Brasileiro tornaram o Galo frágil, e não restou alternativa.
Vale lembrar que, com seis derrotas seguidas no Brasileirão, o time estacionou nos 27 pontos e corre o risco de ser alcançado pelas equipes que correm do Z-4. Se não se cuidar, pode se complicar – 45 pontos são necessários para não cair.Isto significa dizer que em 18 jogos restantes, o Galo tem de vencer seis. Não acho difícil, embora ele esteja se complicando contra adversários fracos, como o Avaí, por exemplo. Lembram-se daqueles três pontos perdidos para o Bahia, no Horto? Pois é, estão fazendo falta. Lá no fim da competição, tomara que o torcedor não lamente essa perda. Foi um planejamento errado do técnico Rodrigo Santana pôr o time reserva em campo.
No Brasileiro, cada jogo é uma decisão. Por isso a importância de manter o que há de melhor na competição inteira. Se o Galo perder esta noite e não chegar à final da Sul-Americana perceberá o erro de estratégia que cometeu. Se vencer, ótimo, será uma final internacional, com todos os contras da competição. E se ganhar, é claro que o torcedor irá comemorar.
Cobrança no MP
Torcedores do Cruzeiro fizeram protesto ontem em frente ao prédio do Ministério Público de Minas Gerais, pedindo que o órgão se empenhe em denunciar os dirigentes, acusados de corrupção, expulsando-os do clube e prendendo-os. Em comunicado, o MP diz que o processo corre em segredo de Justiça e que ainda não há um parecer sobre o assunto. As manifestações são mundiais, conforme tem mostrado o Superesportes, com torcedores indignados nos quatro cantos do planeta. Não entendo o motivo de os acusados não se afastarem para se defender fora do cargo. Seria a atitude mais correta e coerente com a situação. O Cruzeiro precisa ter um rumo, um norte, para que seus milhões de apaixonados não corram o risco de ver o time na Segundona. Se os dirigentes se afastarem e puserem alguém com credibilidade para tocar o clube daqui pra frente, seria um ato de grandeza e de preocupação real com o clube do coração.
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